Médicos costumam não ter paciência com pacientes obesos

Vida de gordo não é fácil. No ônibus é aquele aperta-aperta. Vida pior só de quem está no ônibus cheio junto com um chupetão de baleia, rolha de poço, pudim de banha, pneu de trator, free willy e outros nomes não muito elogiosos que destinam a pessoas obesas. Para piorar a situação, ua pesquisa feita com médicos revelou que os facultativos insistem em duas coisas: não estabelecer bons relacionamentos emocionais com pacientes com sobrepeso e ir procurar no dicionário que diabo de facultativo é esse.

A pesquisa não o que pode-se se chamar de gigantesca. Apenas 39 médicos, prestando cuidados primários a 208 pacientes, foram entrevistados. Ainda assim, é algo a se prestar atenção. NO estudo, ficou evidenciado que quando os médicos cuidavam de pacientes um pouquinho mais cheinhos, o tratamento não era igual. Apesar da sessão médico-paciente, os médicos não mudaram em média a quantidade de perguntas aos seus pacientes, independente do peso (não seja chato. Vamos chamar "massa" de "peso" no presente artigo). Entretanto, o modo como eram feitas as perguntas variava, demonstrando que os médicos eram mais atenciosos com pacientes que não estavam com sobrepeso, e isso dá o que pensar.

A questão é: um médico deveria ter este comportamento? Dever, não deveria. Mas se médicos possuem muitas vezes o chamado Complexo de Deus [1] [2], é unicamente por um detalhe: médicos são seres humanos e seus estados psicológicos são tão complexos quanto o de qualquer pessoa. O fato de um médico se achar perfeito e não errar já mostra que ele está errado e isso também mostra que ele está em perfeito estado, enquanto ser humano, POIS TODO MUNDO ERRA!

Isso, contudo, não é resposta. Não é "é assim porque é assim". É apenas para entendermos com o que estamos lidando e estamos lidando com pessoas falíveis, pois nem todo mundo teve a graça e a glória de ser eu. Ainda assim, isso é perigoso, porque estudos mostram que a melhora do paciente se dá mais facilmente se ele e seu médico têm uma boa relação interpessoal. É ISSO que faz pseudociências como acupuntura e homeopatia funcionarem. O paciente tem total confiança no terapeuta e este se mostra muito mais solícito, demorando mais tempo nas consultas, e cá pra nós: todos nós gostamos de ser bajulados (kneel before me!)

A pesquisa conduzida pela drª Kimberly A. Gudzune, professora assistente da faculdade de medicina da Universidade Johns Hopkins, publicou um artigo no peiródico Obesity, onde discute essa relação entre médico-paciente gordinho.

De acordo com a doutora, os pacientes querem informação e tratamento, mas eles também precisam do apoio emocional e atenção que pode ajudá-los através dos desafios que acompanham a perda de peso e o estabelecimento de um estilo de vida saudável. Sem o incentivo e apoio do médico (cujos examinados provavelmente não eram do corpo clínico do SUS, já que eles mal têm tempo pra isso), o paciente terá sua melhora mais demorada, o que não é bom para ninguém, mas se for no caso de médico do SUS, ele já está mais que ferrado. Pena que isso acontece muitas vezes em consultas pagas.

Me lembro que na última vez que fui no médico, com garganta inflamada, rouca etc, o zé ruela nem tocou em mim. Eu pedi para examinar a garganta e ele dizendo "nah, isso é do tempo seca. Vai passar". Colocou aquele afastador de língua meio como obrigação, jogou fora e disse que estava tudo OK. No dia seguinte minha tosse piorou. Thank you, doc!

Os pacientes querem informação e um tratamento digno e fica difícil quando um médico olha ara você com reprovação por alguma coisa. Eu sei que eu disse que um médico é um ser humano sujeito a falhas, mas isso não é problema meu, entretanto. Eu não vou a médico porque gosto. Vou em casos de necessidade e o mínimo que eu quero é que o miserável preste atenção a mais de duas frases que eu disser. Isso, claro, não é extensivo a todos os médicos e a pesquisa mesmo deixa claro que foram poucas pessoas. Entretanto, o modo como lidamos com as outras pessoas está lá, junto com nossas idiossincrasias e preconceitos.

9 comentários em “Médicos costumam não ter paciência com pacientes obesos

  1. Já desconfiava. Nem gosto muito de ir ao médico porque não importa o que eu tenha, ele vai falar que é porque sou gordo. Dor nas coisas? Gordo. Dor no estômago? Gordo. Pedra nos rins? Gordo. Até uma mancha na pele que me apareceu do nada disseram que é porque eu sou gordo…

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    1. A fundação reconhece que houve a consulta e afirma que iniciará uma investigação. O Conselho Regional de Medicina da Bahia recebeu ontem a queixa da dona de casa e prometeu abrir uma sindicância para apurar se houve infração ao código de ética da profissão.

      Aquela receita lá PRECISA de investigação?

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  2. …mas vejam só, 91,327% das pessoas (conforme a National Research of Peaple Gordation) concordam que doenças são, geralmente, emocionais e é por isso, como diz no texto, que a acupuntura e a porcaria da homeopatia funcionam – os terapeutas, que podem ser um padeiro ou mesmo uma cabelereira – ficam algum tempo ouvindo o paciente, aí o dito cujo, mesmo que acima do peso, já sai da cadeira quase que curado e apaixonado pela atenção dispensada.
    Realmente falta um pouco de tato nesses profissionais da medicina.

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    1. 91,327% das pessoas (conforme a National Research of Peaple Gordation) concordam que doenças são, geralmente, emocionais

      Como o quê? Câncer, dengue, influenza etc?

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  3. Essa falta de paciência dos médicos para com obesos tem a ver com o dogma na medicina de que a causa da obesidade é comida demais e exercícios de menos, e que portanto, se você é gordo, é porque tem falha de caráter, que no caso seria ser guloso e preguiçoso. Mas o que os médicos não param para pensar é: e as pessoas que seguem essas recomendações e não obtêm resultados? Qual seria a explicação para a obesidade dessas pessoas?
    Felizmente há bom senso em parte da comunidade médica, como por exemplo, na bela lipidologista(?) Tara Dall:

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