A população de Áquila, na zona central da Itália, conheceu o medo, o terror e a destruição no fatídico dia de 6 de abril de 2009. Júpiter, o Senhor dos Deuses, ordenou que Vulcano punisse os que lá viviam. 309 pessoas perderam a vida e cerca de 1000 saíram feridas. Se isso não é uma catástrofe, eu não sei o que é… Sim, eu sei! Ter os malditos políticos italianos, pois começou a caça às bruxas (o tipo de coisa que a Itália sempre foi boa) e vários cientistas foram condenados, na falta de bode expiatório melhor.

Passados 6 meses, algo curioso aconteceu: não só os moradores da região  de L’Áquila ficaram paranoicos, como quase toda a população da Itália, um país que tem histórico de erupções vulcânicas desde antes do Vesúvio.

De acordo com a BBC, depois que os cientistas foram punidos por não terem consultado o Juscelino da Luz antes do terremoto, houve uma onda de histeria, com funcionários do governo quase tirando os moradores à base do tapa, só que nem precisa, pois os próprios moradores ficaram com medo e ralam peito no menor dos sinais.

Lugares desconhecidos como Barga e Garfagnana estão sempre em alerta, já que terremotos lá são corriqueiros, mas a paranoia da população levou-os a ficarem de sobreaviso sobre qualquer tremorzinho que sintam, nem que seja algo que acontece apenas em suas mentes. Deixou-se cair um copo e todo mundo sai correndo. A mudança de comportamento veio quando os sapientíssimos juízes da côrte italiana mandou pro xilindró 7 funcionários do governo, incluindo 6 cientistas. Napoleão podia ser um ditador, mas sabia dar valor a cientistas (não, Napoleão nunca foi francês, já que ele nasceu na Córsega), e duvido muito que ele mandasse trancar a ferros algum cientista porque ele não tinha bola de cristal.

Agora, os moradores estão acompanhando informações de terremotos via smartphones. Aplicativos (app my ass) como o Quakefeed, Earthquake Notifications e Earthquake News (para a plataforma iOS), bem como o Earthquake Alert!, Detector EarthQuake e EarthQuakes! (para a plataforma Android) são usados para alertar a população, e todos ficam ávidos com o menor tremorzinho. Paranoia? Olha, é o mesmo que viver no Rio de Janeiro e ouvir barulho de tiro.

Como no Brasil, depois de casa arrombada, tranca de ferro. A diferença é que o Brasil é um pouquinho mais tosco, pois todo ano tem chuvarada, com deslizamentos, enchentes e mortes e ninguém toma uma atitude. A diferença é que com um terremoto tem pouca coisa a se fazer, mas quando você SABE que choverá determinada época do ano e ninguém se prepara para isso, o mínimo a se fazer é tomar precauções. Entretanto, conhecendo o Brasil, uma espécie de "Itália da América do Sul" (ou é a Itália que é o "Brasil da Europa"?), bem capaz de nossos juízes processarem os pesquisadores do INPE.

Qual a moral da história? A população italiana está com uma patológica falta de segurança, cientistas presos e políticos refestelados pensando "pronto, já fiz a minha parte. Que horas é a festa do Berlusconi?"

Para finalizar, não custa relembrar um magnífico documentário que resume muito bem a Itália (qualquer semelhança que você perceber é mera coincidência):