O mundo da informática moderna não seria o que é sem os transístores. Sua invenção foi tão importante que deu de presente aos seus inventores — John Bardeen, Walter Houser Brattain e o egocêntrico William Bradford Shockley – o prêmio Nobel de 1956. Ele é uma das poucas coisas que consegue ser melhor que a Natureza, ainda mais que ter um não ter um transístor não faz nenhuma diferença no mundo biológico.
Entretanto, não seria legal se tecidos biológicos pudessem emular as funções de um transístor? O que você chama de ficção´, eu chamo de Ciência!
O dr. Drew Endy é professor assistente no Departamento de Bioengenharia da Universidade de Stanford. Apesar de ter uma foto na sua página como se alguém tivesse acabado de passar a mão na bunda dele, Endy e seus colaboradores pesquisam como usar tecidos vivos para recriar transístores e, assim, começar com a ideia de organismos cibernéticos.
| Coloque aqui a sua piadinha favorita sobre Skynet, Battlestar Galactica ou qualquer coisa sobre apocalipse robótico |
A ideia é usar nossa já muito conhecida bactéria E. coli – bactéria preferida entre 11 de 10 cientistas –, de forma que possa emular cálculos matemáticos, como esta tranqueira que você tem em cima da sua mesa e chama de computador.
O trabalho marca um dos mais recentes avanços no florescente ramo da biologia sintética, usando organismos vivos em prol de engenheiros que querem consertar tudo.
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Nota: Para um engenheiro existem 2 tipos de coisas no Universo: As que não existem e as que precisam ser consertadas. Nota 2: Sim, eu surrupiei a piadinha do Scott Adams. Nota 3: Não, não tenho como usar a piadinha do Playstation. |
Endy é um desses que acha que a Natureza é uma grande gambiarra, mas não tanta gambiarra a ponto de não se fazer uma outra. Assim, sua equipe mostrou diferentes arranjos de transistores biológicos trabalhando como portas lógicas, que levam os sinais de entrada e processá-los em saídas diferentes. De acordo com sua herança, Endy chama esses arranjos de Portas Booleanas Lógicas à base de Integrase. Nome legal, mas mais legal é o nome em inglês: Boolean Integrase Logic Gates ou BIL Gates. Eu adoraria assistir uma aula desse cara!
Basicamente, um transístor normal (se é que algo é normal em eletrônica) controlam o fluxo de elétrons ao longo do circuito. No dispositivo biológico, o troço (uma legião de engenheiros começará a me xingar de tudo que é jeito, ajudados por biólogos) foi apelidado de "transcriptor", e o fio é um fio de DNA. Enzimas fazem o papel dos elétrons e eu quero ver se se eu deixar cair um raio nele essa COISA irá se mexer.
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Nota 4: Das profundezas, a voz gutural de Arthur Clarke rosna a sua 3ª Lei. |
Um processador i3, i5, i7 ou iDiota que vem num Positivão nada mais é que uma miríade de transístores, que no caso de um i3 da Intel chega ao número de 624 milhões. Muita coisa? Nah, merreca se comparado aos TRILHÕES de células que você tem no seu corpo. Ainda assim, a Natureza demorou quase 4 bilhões de anos para sair algo como nós (e se ela tivesse consciência, estaria ressentida disso). Nós produzirmos um dispositivo com milhões de peças que sequer existiam no começo da década de 1950, onde nem mesmo sabíamos o que era DNA nesta mesma época, até que fizemos muito.
São estes processadores que permitem que você poste besteira na Internet ou que a NASA mande a Curiosity pra Marte. A fronteira agora é o uso em nível bioquímico com as mesmas potencialidades. Ou mais. Esses computadores biológicos poderão ser a chave para corrigir as mancadas que o processo evolutivo criou, ajudando em terapias genéticas, bem como regenerar e substituir tecidos mortos, e até mesmo regenerando órgãos. A pesquisa foi publicada na Science.
Em 2012, o governo de Sua Majestade investiu mais de 100 milhões de libras esterlinas (cerca de 307 milhões de reais pela cotação de hoje) em biotecnologia nas universidades. Enquanto isso, no Ministério de Ciência e Tecnologia do Brasil (não ria, isso realmente existe aqui) até faxineira estava desviando verba. Se isso já era ruim, o pior é saber que (de novo) houve um corte de verbas do MCT da ordem de 22%, acarretando queda no ranking de inovação, como diz o próprio site do MCT.
É, acho que não veremos uma pesquisa desse tipo saindo de nossas universidades tão cedo….

E como seria um vírus num computador de bactérias? Há há há…
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E como seria um vírus num computador de bactérias? Há há há…
Para eliminar o vírus teríamos que dar zovirax ou chamar a Norton?
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