Neurônios, como toda criança problemática, às vezes surta e pensa que pode fazer o que quer, como coisa que células conseguem pensar. Eu sei que você pode achar que isso é algum tipo de piadinha, mas não é. Neurônio NÃO PENSA. O "pensamento" nosso de cada momento é formado por um fluxo de elétrons que fica saracoteando de lá pra cá, graças às propriedades físicas e químicas das células em questão. A estrutura do neurônio dependerá muito dos seus vizinhos, pois ele precisará estabelecer ligações sinápticas. Entenderam onde eu quero chegar? Não? Então continuem lendo.

Os neurônios são formados, basicamente, pelo corpo celular (a célula em si), axônios e dendritos. Como um neurônio precisa (se você quiser continuar vivo) estabelecer ligações sinápticas com outros neurônios, eles devem estar próximos. Caso não estejam (muito) próximo, o axônio meio que funciona como aquele braço robótico dos ônibus espaciais, levando os elétrons aonde audaciosamente ele tem que ir. Assim, essa "cauda" do neurônio crescerá mediante a proximidade de outro neurônio. Deixando um neurônio crescer sem a presença de mais nenhum outro, seu axônio crescerá em linha reta.

Obrigado, André, pela vossa magnânima boa vontade de explicar isso. Que diabo de tráfego você quis dizer no título?

Deveras feliz eu fico por lhe proporcionar este mimo emoldurado pelo meu conhecimento, ó petiz! Regozijar-me-ei em provê-lo de mais um pouco de meus conhecimentos, com o fim de proporcionar ao ilustre mais uma pequena…

DIZ LOGO, PÔ!

Apressados… Humpf!

A natureza de nosso aprendizado é que quanto mais aprendemos, mais estamos aptos a aprender. Quando aprendemos algo, são formadas mais ligações sinápticas. Estas facilitarão a passagem de elétrons e estabelecerão outras interações neuroquímicas. Isso facilitará você aprender mais. Se você viu uma criança aprender a falar, ela diz monossílabos, depois dissílabos, depois palavras mais complexas até começar com frases e chegar até você com algo pela mão e chamando de "namorado". O bebê explora o ambiente com seus sistemas sensoriais e isso tudo começa a ir pro cérebro, onde começa a ser processado, os pais estimulam a relação das coisas mediante a linguagem e esta linguagem será assimilada e repetida ("linguagem" no sentido de qualquer meio de expressão, seja verbal, por gestos, tato, aroma ou paladar). A estrutura especializada para o crescimento do axônio tem o formato de cone e é chamado de TCHA-RAAAAAAAN: Cone de crescimento.

O dr. Michael W. Berns, professor de Engenharia Biomédica da Universidade da Califórnia, e sua equipe pesquisam métodos para orientar o crescimento dos axônios. Eles usaram feixes de laser para polarizar as extremidades do axônio, de forma que ele (o axônio) fosse estimulado da mesma maneira que se tivesse um outro neurônio ali perto. Assim, os cones de crescimento mudavam de orientação, fazendo com que o crescimento ocorresse da maneira que desejassem. A pesquisa foi publicada na Nature Photonics.

Os autores criaram um modelo com forças de cisalhamento e viscosidade para explicar o comportamento observado, e eles especulam sobre a utilidade futuro possível para fazer as coisas como reparação da coluna vertebral entre outras coisas. Indo pro lado da ficção científica (mais científica que realmente ficção), pode-se imaginar a construção de redes neurais com neurônios de verdade, mas de princípio o foco será realmente a cura de lesões nervosas.