Até mesmo o cérebro dos normais é meio louco (ou será que o cérebro dos loucos é que são normais?). Uma coisa das mais interessantes são as chamadas "Ilusões de Óptica". Eu, volta e meia, sempre posto algumas aqui. Nossos olhos se desenvolveram meio que de qualquer jeito, onde temos, inclusive, um ponto cego, fruto de ser onde o nervo óptico se conecta com a retina. Como neste lugar não há células fotorreceptoras, não há como ser identificada nenhuma imagem lá. Cientistas agora estudam as ilusões como as que vemos uma imagem por algum tempo e, quando olhamos para uma folha em branco, vemos outras cores. E isso não acontece apenas com cores, mas com formatos também. Afinal, o que estamos vendo?
É tudo uma questão de tráfego de informações ("tráfego" e não "tráfico"). O olho capta a imagem, o cérebro processa a informação, principalmente a informação relativa às cores. Entretanto, fica uma imagem residual e quando olhamos para uma folha em branco logo em seguida, o que vemos é a mesma imagem, mas com cores diferentes. Estas cores são as cores complementares àquelas que estávamos vendo segundos antes. Observe:
Olhem para esta imagem e depois olhem para um fundo branco.
De acordo com o dr. Hiroyuki Ito da Universidade Kyushu (e que não é personagem do Final Fantasy) uma pós-imagem não é formada apenas pelas cores complementares, mas as formas TAMBÉM são diferentes. Dessa forma, ao observarmos um círculo, por um tempo, a pós-imagem aparecerá como sendo um hexágono, e vice-versa. Loucura suficiente para você? Pois, é. Isso tem muito, muito pouco (ou nada mesmo) a ver com nossos olhos. Toda essa doideira acontece dentro do cérebro, a maior gambiarra evolutiva que se tem notícia.
Tio Ito e seus colaboradores realizaram três experimentos com 82, 92, e 44 participantes, respectivamente. Nos dois primeiros, ele mostrou aos participantes círculos amarelos ou hexágonos – vazados ou preenchidos, estáticos ou em movimento, sobre um fundo cinza entre outras coisas que uma mente pode criar num domingo chuvoso. Os porquinhos-da-Índia superdesenvolvidos tiveram que ficar olhando para estas imagens para, em seguida, olhar para um fundo branco e eu fico imaginando se eles pagam bem aos voluntário para fazer estes testes. bem capaz de pagarem com uma tigela de miojo (como sou um dos mantenedores do site, posso interromper o assunto para dizer que odeio miojo)
Após ficarem olhando a imagem e olhando para um papel em branco, as cobaias foram instruídas a olhar numa outra folha de papel com algumas formas bem definidas e tinham que dizer qual daquelas formas era a forma que eles ficaram "vendo" na figura pós-imagem.
No terceiro experimento, Tio Ito dividiu o campo visual entre os dois olhos. No olho esquerdo, os participantes viram círculos e hexágonos girando, bem como um asterisco rodando sem parar, como uma forma de controle, pois não é o que se pode chamar de polígono regular. O olho direito via os círculos estáticos em todas as condições. Quando os círculos, hexágonos, e as estrelas desapareceram, o campo esquerdo era negro, que suprimiu a formação de imagens residuais, bem como o direito era branco, que o acentuou. Só pela descrição isso já me deu dor de cabeça.
Nos experimentos 1 e 2, os participantes tenderam a ver os círculos após hexágonos e hexágonos após círculos. No terceiro, o olho direito produziu pós-imagens mais angulares, quando os círculos girando haviam sido projetados no olho esquerdo; as mais arredondadas após a hexágonos rotação, e após as "estrelas", imagens que não eram nem circular nem com cantos.
A conclusão do trabalho é que a imagem residual e as pós-imagens não são um fenômeno dentro do olho nem tem nada a ver com a retina. Tudo isso ocorre em nível neurológico, onde o cérebro monta e desmonta tudo, que nem criança quando ganha brinquedo novo. O problema não é nem o desmontar a imagem para entende-la, mas a remontagem, onde aí aparecem as cacas e nossa gambiarra master mostra o poder do que bilhões de anos de evolução biológica pode fazer: algo tosco e sem o menor sentido às vezes. Mas é o nosso único cérebro e temos que não só entendê-lo, mas amá-lo do jeito que ele é, mesmo em toda a sua tosqueira.
Fonte: Psychological Science

“Mas é o nosso único cérebro e temos que não só entendê-lo, mas amá-lo do jeito que ele é, mesmo em toda a sua tosqueira.”
Fazer o quê, pior sem ele. :roll:
“O problema não é nem o demonstrar a imagem para entende-la, mas a remontagem”
Você estava querendo dizer desmontar ou é isso mesmo?
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Maldito corretor ortográfico.
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Bem, tirando o anglicismo desnecessário (BIG decepção! :mrgreen: ) eu adorei o texto! Sempre gosto de conhecer mais evidências sobre o miojo… DIGO, o planejamento inteligente, que óbviamente resulta em trade-offs mínimos, desperdícios reduzidos e seres otimizados à perfeição como nós humanos… :cool:
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Bem, eu não escrevo “case” ao invés de “caso” nem escrevo nomes de meses com inicial em maiúscula, como muitos por aí. Posso me dar certos luxos de vez em quando. ;)
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@André, Ouch… Nome de meses com inicial maiúscula é dose… Se bem que, quando eu preencho um cheque sempre escrevo o mês com a inicial maiúscula… shame on me :roll:
Pior ainda quando vejo aquelas divinas aberrações “d’Ele”. Aparecem as ovelinhas do senhor querendo ensinar que “deus” se escreve com D maiúsculo. Se fosse pra escrever o nome próprio da criatura eu até poderia concordar…
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Eu entendo o nome Deus com letra maiúscula, pois em alguns casos é nome próprio. “Deus fez os céus e a Terra”. Minúsculo qdo é substantivo comum: “Meu povo cultua um deus”. Até aí, nada demais. Mas o “d’Ele” é babaquice.
Sobre os meses em maiúsculas (coisa que vc pode ver em muitos blogs de informática) tem uma explicação simples: o corretor ortográfico do Word.
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@André, Verdade, o corretor ortográfico faz isso mesmo… Mas quando se trata de nome próprio não há porque corrigir, apesar de eu achar insensato definir um nome próprio como um substantivo comum.
É o mesmo que, por exemplo, se em minha certidão de nascimento meu nome constasse como ‘Pessoa’ ou ‘Homem’ ou ‘Escocês’. Seria muita inocência da parte de meus pais pensarem que esse nome foi uma boa escolha… A não ser que meus pais fossem os portadores da verdade inquestionável que eu sou o único Escocês de verdade.
Tudo bem que se for pra levar a bíblia ao pé da letra, o deus deles é “Aquele-Cujo-Nome-Não-Deve-Ser-Pronunciado” (tipo Voldemort). O que mais me espanta é que muitos dos crentes não sabem que estão falando de YHWH (Javé) quando falam ‘Deus’ ou do ‘Senhor’. Há controvérsias porém… Alguns dizem que a bíblia é um conjunto de vários livros que foram escritos por vários autores em variadas épocas e sobre influência de diversas lendas e deuses.
Se isso FOSSE verdade nós poderíamos encontrar referências a outros deuses na literatura bíblica, mas todos nós sabemos que isso é apenas mais uma das distrações do coisa-ruim, assim como aquele apóstata do Ken Miller e seus cromossomos do capeta http://www.youtube.com/watch?v=otBNVZBmDaA.
Divaguei um pouco agora né?
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O que mais me espanta é que muitos dos crentes não sabem que estão falando de YHWH (Javé) quando falam ‘Deus’ ou do ‘Senhor’.
Tem coisa muito pior. Eles falam tão mal de Ba’al, só que Ba’al significa “senhor”. Claro que em casos como o de Jeremias, os idiotas traduziram KH-‘aMUr YHVH (Assim diz Javé) como “Assim diz o Senhor”. Isto é, eles entregaram os crentes na mão do Baal. :D
Aguarde que teremos um artigo sobre o politeísmo hebreu.
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E lá vem o comentário sobre miojo. Está virando inquisição já.
Mas caramba, quantos artigos mais você, André, irá utilizar para demonstrar a gambiarra que temos? Ainda me apavoram as imagens que o cérebro monta quando nossos olhos não focam o ambiente. Agora saber que as formas também mudam… Pelo menos cada vez mais fico contente de saber que é tudo obra da gambiarra e não mindfreaks da minha parte.
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