De acordo com novos estudos, nossos antepassadas saíram da África mais cedo do que se pensava. Bem mais cedo ou, do ponto de vista geológico, foi praticamente ontem. A bem da verdade, a história do homem na Terra é algo absurdamente recente. Por causa de uma Era Glacial, o nível dos oceanos baixaram, acarretando seca em alguns lugares. Isso fez com que antigos africanos começassem a procurar terras férteis em outros lugares. Agora, uma nova pesquisa nos diz que estas migrações começaram mais cedo do que se pensava.

De acordo com a pesquisa liderada pelo dr. Hans-Peter Uerpmann, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, evidências encontradas num sítio arqueológico no deserto dos Emirados Árabes Unidos sugerem que as migrações começaram bem antes do que se pensava. A presença das ferramentas com um desenho exclusivamente de origem africana mostra que os primeiros humanos marcharam para fora da África para a Península Arábica diretamente pelo Chifre de África (ou Corno de África, se tu falas português lusitano). Dessa forma, o local que hoje seria a Somália já não era lá essas coisas e o pessoal teve o brilhantismo (sem sarcasmo) de ralar peito dali o mais rápido possível. Naquela época ainda não havia ONU pra abastecer de alimentos, então, aqueles que ficassem estariam em péssimos lençóis, enquanto Darwin estava com um bloquinho e um lápis, pronto pra fazer uma marcação em suas anotações. O estudo foi publicado no periódico Science, e não, não faz nenhuma menção a Darwin. Foi uma piada, caso não tenham percebido, mas não descarto algum idiota vir falar besteira.

De acordo com  herr doktor Uerpmann, até agora se pensava que a evolução cultural que conduz à oportunidade das pessoas se mover para fora da África, e que agora "vamos ver, penso eu, que era o ambiente que foi a chave para isso". Ok, parece ser mais do mesmo. Obviamente, ninguém descartava a possibilidade de um evento climático ter "estimulado" nossos avós a saírem daquele local e procurarem outras terras. Também, isso não é certeza, já que faltam dados para corroborar o porquê.  Só um idiota tem plena certeza de tudo, e nem mesmo disso eu tenho certeza.

Entre 2003 e 2010, uma série de ferramentas foram descobertas no local Faya Jebel nos Emirados Árabes Unidos, alguns dos quais, como machados de mão, tinham uma aparência de dois lados antes vistos apenas em  sítios arqueológicos africanos. Algumas das ferramentas são ilustradas na foto que abre o artigo, tirada pela equipe de herr doktor. Para datar o material, os pesquisadores usaram datação por luminescência, determinando a idade de grãos de areia incrustados nas ferramentas de pedra. Esta técnica mede a radiação natural da areia (não, filhos, não se usa carbono-14 em minerais).

Apesar de não se saber ao certo o que provocou a grande migração humana da África para a Península Arábica, sabe-se que dados climáticos históricos apontam para um período em que os níveis dos oceanos baixaram. Durante Eras Glaciais (que ao contrário do que se pensa, não deixa o planeta totalmente coberto de gelo), aumenta-se o tamanho e volume das geleiras, acarretando uma redução na quantidade de água em estado líquido nos oceanos. Isso faz com o níveis do mar Vermelho tenha estado até cerca de 100 metros abaixo do nível do mar que conhecemos hoje.

Neste ponto, algum débil mental ficará pulando que nem o Gollum, dizendo que aí está provada a história do Êxodo, pois Moisés e companhia atravessaram durante a estiagem. Eu só queria saber como eles fizeram isso mais de 190 mil anos antes das pirâmides sequer existirem.

Voltando ao que interessa, enquanto na África estava uma seca das arábias (desculpem, não resisti), a Península Arábica estava gozando de fortes chuvas, deixando o terreno fértil e ideal para um bando de toscos e irrelevantes seres humanos poderem se assentar.

Como na Ciência não existe esta bobagem corporativista, com um bando de gente concordando entre si incondicionalmente, alguns cientistas discordam da tese levantada pelo dr. Uerpmann. Segundo o dr. Richard Klein, da Universidade de Stanford, EUA, as ferramentas poderiam apontar para a possibilidade de indicar que a península arábica foi, ecológica, uma extensão da África, às vezes. Enquanto isso, o dr. John Shea, arqueólogo da Universidade Stony Brook, em Nova York, diz que ainda não está convencido de que os seres humanos modernos de África fizeram as ferramentas, e diz que um número de grupos humanos arcaicos presentes na Eurásia na época eram capazes de produzi-los.

É muito difícil reconstruir um passado tão incerto, sem nenhum relato de primeira ordem preservado. O máximo que temos são os misteriosos artefatos, testemunhas mudas de um passado incerto. Ainda assim, qualquer fragmento de história que se preserve é um grande capítulo escrito na nossa curta história de vida, quando éramos tão inofensivos que cooperávamos conosco, cuja população era medida em milhares, onde praticamente toda a humanidade da época caberia num condomínio de classe média-alta de hoje.

O que me faz pensar é se realmente evoluímos neste meio tempo, e não estou falando de evolução biológica. Porque se depender desta, estamos ferrados, pois Evolução nunca significou melhoria.

Fontes:
National Geographic (aproveitem e vejam um atlas com a história das migrações humanas)
Nature News