A botânica é uma ciência surpreendente. Vemos no mundo natural plantas que nem imaginávamos existir, cada vez nos surpreendendo mais. Zoologia também é legal, mas as plantas guardam uma afinidade conosco, desde os tempos que vivíamos no topo delas, para depois descermos e ficarmos embaixo delas. Depois, as cultivamos, nos alimentamos, nos enfeitamos com elas. Fazemos remédios, produzimos vestimentas, tempêros, utensílios etc. Plantas são independentes de nós, torpes animais. Algumas plantas são muito, muito interessantes, como a clitoria (não, não escrevi errado), que nos desperta interessantes relações anatômicas.

Clitoria é um gênero de plantas tropicais, muito usadas como corantes ou ornamento, além de servir como ansiolíticos e antidepressivos, como é o caso da Clitoria ternatea. Afinal, quem poderia se sentir depressivo frente a uma flor tão bonita? Alguns afirmam que as raízes da C. ternatea fornecem extratos capazes de curar a tosse convulsa, por via oral. Mas não é o caso de, bem… chupar a flor. O remédio é extraído das raízes, apenas. Este tratamento é muito usado na medicina indiana ayurvédica. Além disso, costuma-se usar o “Feno de Cunhã” na complementação da forragem animal a ser dado a cordeiros.

Atribui-se o nome das flores do gênero Clitoria ao seu formato. Originalmente, a primeira espécie descrita do gênero foi dado o nome Flos clitoridis ternatensibus em 1678 por Georg Eberhard Rumphius, um botânico alemão, que percebeu o formato não muito comum da flor. Obviamente, naquela época certas coisas eram tabus (como ainda hoje o são, muitas vezes). Daí que alguns botânicos como o inglês James Edward Smith se opuseram ferozmente. Eu ainda fico pensando como os ingleses se reproduzem. Acho que é por cissiparidade

Se eu estivesse de volta aos meus tempos de colégio e a professora perguntasse, austera, qual a flor que eu mais gosto, eu falaria sem pensar: Clitoria, professora.