Caos no Rio de Janeiro: Chuva e incompetência matam mais de 70 pessoas

alagamento.jpgBem-vindos ao Inferno encharcado, conhecido como Rio de Janeiro (ou Hell de Janeiro, como diz um amigo meu). Por causa de uma chuvarada que começou ontem (05/04), em 14h choveu mais que o esperado pr0o mês inteiro. A cidade está um caos (como acontece cada vez que chove muito), o Governador Sérgio Cabral implorou para as pessoas não saírem de casa e o prefeito Eduardo Paes deu a excelente notícia que não adianta ligar para a Defesa Civil.

CHAMEM O CHAPOLIM COLORADO!

Segundo a meteorologia, a média pluviométrica histórica para este mês é de 90 milímetros na cidade, só que em 14h de chuva somou-se cerca 180 milímetros. Em 24h, foram 288 milímetros! Imaginem que a água não encontrasse escoadouros e toda a cidade estivesse cercada por um muro, e desconsidere a água dos rios e nascentes. A água subiria (somente pelo que caiu em formato de chuva) até quase 29cm! Conseguem entender agora o imenso volume de água? Multipliquem este valor pela área da cidade e vocês entenderão. Depois falam que está acabando a água no planeta…

Eu mesmo saí pro trabalho hoje de manhã e demorei quase 3h de percurso, sendo que nem tinha chegado à metade do caminho, que eu faço em 20 minutos em dias normais (se é que algo é normal nesta cidade). O prefeitosco Eduardo Paes confessa a incompetência geral na cidade ao afirmar que a Defesa Civil está sobrecarregada e que não adianta ligar para avisar que a água está subindo, pois a equipe da Defesa Civil está dando prioridade para casos graves.

A incompetência não é com relação aos técnicos e equipes de resgate, mas com a absurda falta de preparo da cidade para eventos assim. E ainda querem Olimpíadas e Copa do Mundo aqui. Do alto de meu ceticismo eu digo: puta merda, eu não acredito! Como, em nome de Hades, Saturno, Qetzalcoatl, Ísis e Ranginui, esperam sediar eventos assim? Se cair um meteoro, como fica? Hummm, se bem que poderia cair no Piranhão, que não seria de todo mal…

A verdade é que a incompetência em âmbito municipal, estadual e federal são extremos. PACs não resolvem nada (só para fins de apoio de candidaturas). Se há um buraco na rua, há uma discussão sobre se o buraco é molhado ou seco (se for “molhado”, é culpa da Companhia Estadual de Água e Esgotos, ou seja, do Estado. Se for “seco”, é culpa da Secretaria Municipal de Obras). Assim, ficam discutinho quem tampa o buraco, enquanto as pessoas, carros etc. caem no buraco. Então, a cidade – que por si só deixou de ser maravilhosa por causa de eleitores estúpidos que elegem qualquer vagabundo, em troca de uma promessa de emprego na Assembleia, para ganhar sem trabalhar – já vive em eterno abandono. Quando acontece algo imprevisível (ou nem tanto, mas quem dá ouvidos a meteorologistas?), a incompetência vira tragédia. Não, é sério! O nível de absurdo é tão grande que encontraram até mesmo peixes num escritório no bairro da Tijuca!

De resto, só sobra acompanhar o número de mortos subindo a cada hora (quando eu comecei a redigir este texto, estavam em 60 mortos, e agora está chegando nos 80!). Com isso, deixo um recadinho de forma simples e pouco chamativa:

AGORA CHAMEM A DROGA DA FUNDAÇÃO CACIQUE COBRA CORAL PARA DAR UM JEITO NISSO, BANDO DE RETARDADOS!

Com amor, André

[EDIT] Na falta do que fazer (e antes que falte luz), o volume de água está estimado – de acordo com minhas contas – em 12.584.463.552.000 litros de água.

PS. O InMet prevê que a chuva vai continuar. Preparem o caiaque.
PS2. Quero ver a Adelaide fazer o tempo mudar e aparecer o Sol.
PS3. Eu quero um!


Fonte: O Globo

16 comentários em “Caos no Rio de Janeiro: Chuva e incompetência matam mais de 70 pessoas

  1. Esse eu faço questão de comentar.

    Trabalho no centro de SP e só com a “garoa” de hoje pela manhã isso aqui virou um caos e a frente do prédio encheu de água.

    Mas aqui o problema é bem nítido, tem até gente (indigente) dormindo dentro dos boeiros.

    E PAC é Programa de Aceleração de Candidatura…

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  2. Na verdade já chamaram!

    RIO – Quatro dias após o violento temporal que atingiu a cidade, o prefeito Eduardo Paes renovou na tarde desta terça-feira o convênio com a Fundação Cacique Cobra Coral, que presta assistência técnico-científica (grifop meu) gratuita para o município em questões climáticas.

    E até já negaram no mesmo dia:

    RIO – Depois de a assessoria de imprensa da Fundação Cacique Cobra Coral – que presta assistência técnico-científica gratuita para o município em questões climáticas – ter divulgado um encontro da médium Adelaide Scritori com Eduardo Paes, a assessoria de imprensa do prefeito negou que Paes a tenha recebido nesta terça-feira para renovar o convênio que ambos mantêm.

    Nem sei o que comentar.

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    1. @Rodrigo Souza a.k.a. Sargento,

      Eu vi esta notícia no jornal O Globo.

      A assistência técnica da Fundação Cacique cobra Coral pode até ser gratuita, coisa que dúvido muito, mas a mordomia é boa, a tal da Adelaide ( a que baixa o índio), passou uma noite de carnaval num camarote da Apoteose. Foi convidada pra essa delicada mordomia.
      Olha, ficar em certos camarotes é bom pra cachorro, rola champanhe francesa, camarões e caviar. Coisa de alto nível.
      Tô pensando em fazer previsões do tempo, baixar cabocla Jurema.

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  3. Em janeiro,fez cem anos da maior inundação de Paris.Mais de 20 mil casas foram levadas pelas águas subterrâneas.As fotos são incríveis.
    Aqui em SC sabemos bem o que é disputar com a natureza quem é mais forte.Às vezes ela vence,às vezes damos um drible.Mas foi sempre desse embates que o homem saiu mais forte,mais curioso sobre como acontece,mas obstinado a aprender para sobreviver,se não chega a domesticar todos os eventos,já aprendeu a conviver com menores danos do que em outros tempos.
    Minha solidariedade ao atingidos.Meu profundo desprezo a tanta malversação de bilhões de reais e dólares que os políticos e adminstradores públicos,de todas as cores partidárias,deixam ir pelos ralos da incompetência ou da sanha bandida de só se darem bem.
    E o Lula já se manisfestou pedindo a Deus que pare de chover.
    Não sei se,agora, gostaria que parasse a chuva.Sabe cumé: ele vai dizer que um pedido dele, de um Deus pra outro,sempre funciona.De tráfico de influência ele entende…

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  4. Entre 1989-1993 vivi com minha família em um bairro que alagava todos os anos; sim, eu disse TODOS os anos. Havia um morador antigo que marcava no muro dele as datas em que as enchentes haviam ocorrido. O desespero de perder tudo numa enchente só entende quem sofre na pele.

    Aqui em Sampa, o Jardim Romão ficou quase 60 dias alagado e, tendo vivido numa situação de alagamento qdo muito jovem, sei o que é isso: quando a água vai embora, você segue em frente, toca a vida; se ela não vai embora, o desespero vira um novo integrante da família.

    Hoje eu e minha família vivemos em lugares bem longe desses pobre-coitados, mas nossos corações continuam sentindo, continuam com eles, e quando podemos (como ocorreu eu dezembro passado), ajudamos; quando não podemos ajudar, ficamos quietos. Só que, no lugar de solidariedade, algumas pessoas ainda criticam quem mora em tais situações, como se aquela família, tendo outra opção, tivesse ESCOLHIDO morar num local assim.

    Não quer ou não pode ajudar? Poupe as pessoas que estão sofrendo de suas críticas inúteis.

    Quanto aos governos, eles refletem a ignorância e incapacidade da sociedade em eleger seus representantes; se a população expurgasse essa gentalha do governo, votando de forma mais consciente, talvez as coisas pudessem mudar, mas não vejo luz no fim do túnel.

    Gilberto Kassab, o mauricinho cuja bunda ocupa o trono da municipalidade de sampa, colocou a culpa na imensa quantidade de água, como se ainda vivêssemos nos tempos das cavernas e não fosse possível prever que o céu ia cair.

    Investimentos em saneamento e em prevenção de enchentes não dá ibope, não aparece na foto, não traz voto. O negócio é inaugurar obra inacabada, com um grande palanque para que os políticos vomitem suas mentiras sórdidas.

    No Rio, a moda agora é falar em jogos, olimpíadas e copa; só que esquecem que o carioca tem de usar uns trens imundos e ineficazes para ir ao trabalho, que as ruas estão cheias de lixo que não são recolhidos pelos agentes municipais; que as praias estão impróprias para banho pq não existem emissários submarinos e o esgoto é despejado direto nelas; que o povo, por falta de políticas de moradias populares, estão se pendurando em barracos em encostas de morros…

    Mas o político tá bonito na foto; morando com sua família em palácios medievais longe dos problemas da plebe.

    Sem mais palavras….

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  5. Exatamente, só quem passou dificuldades em tempos de chuvas é que sabe o que é, hoje moro num apartamento equivalente ao 7º andar, mas não esqueci das várias madrugadas em que acordavamos, eu e minha avó pra estender os plásticos para os móveis não estragar e colocar baldes em direção as goteiras, depois trocamos os telhados o problema melhorou, mas tinha outro.

    As ruas cheias de lama, toda eleição era aquela promessa de um político pra calçar a rua, mas só foi feito isso com iniciativa dos moradores, cada morador ainda teve que soltar uma graninha.

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  6. Se alguém quiser ver Paris afundada, eis um link.
    Sem dúvida aprenderam muito.Curioso que só uma pessoa morreu por mera imprudência.
    Foi um grande teste de como atender e socorrer as pessoas numa situação de calamidade.Estamos cem anos atrás.

    Não mando pro Cabral porque não sei como.

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  7. E foram somente 3 dias de chuvas intensas contra 43 dias de SP.Se em 3 dias já são 70 mortes,em 43 não quero nem pensar.
    Como é que aquele governador tem corragem de dizer a jornalistas que as mortes se deram porque as pessoas vão/foram morar em área de risco?
    Será que o Torben Grael é um deles?A casa foi seriamente atingida,uma garagem destruída,outra comprometida,fora o entorno…Perdeu até a Caravan antiga, seu xodó de estimação.

    Eventos da natureza não escolhem ricos ou pobres.Estes são mais numerosos,daí serem mais atingidos.O que causa espécie,além da incompetência dos administradores,é essa falta de reação da população,essa anomia social,esse aceitar bovinamente sem reagir.Não sou dada a teorias conspiratórias,mas que até parece água batizada com prozac,parece mesmo.
    E ainda ter de aguentar gente dizendo que foi desencarne coletivo,castigo de Deus pelo modo de vida e mimimi.

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  8. Hoje uma amiga me disse que chorou muito pelas vítimas e que somos ABENÇOADOS.
    Pensei: Abençoados em que? Em assistir ilesos a desgraça dos pobres que moram em morros?
    Geralmente quem tá bem só sabe falar “graças a Deus estou bem” e “vou rezar pra chuva parar”.

    É a falta de noção, deixa todo mundo lelé.

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  9. As palavras de uma grande autoridade em gestão de risco, Moacyr Duarte, sobre as ações no Rio de Janeiro: “…a irresponsabilidade antes, o desespero durante e o cinismo depois.”

    :wink: ;)

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