Suprema Corte Indiana determina que astrologia é ciência

A Índia é um país exótico. Exótico no significado de “completamente maluco”. É estranho pensar como um país cujo rei Parvataraja (também conhecido como Porus), que enfrentou Alexandre da Macedônia, tenha dado tão errado. É esquisito saber que a nação onde os Homens do Ganges construíram um grande e rico império tinha virado um imenso favelão (e favela no pior dos sentidos). Ok, que a colonização inglesa não ajudou em nada, mas a Índia já estava em decadência. Um país que, juntamente com os árabes, ajudaram a construir a nossa matemático, sendo co-inventores dos nossos atuais algarismos e seu maior representante é, sem dúvida, Bháskara, o Sábio.

Hoje a Índia é apenas uma sombra do que foi, uma memória esquecida, onde a pseudociência reina em absoluto, onde chazinhos e ervas medicinais coexistem com práticas estranhas e a astrologia acompanha a tudo e a todos, determinando desde o dia de fechamento de negócios até o casamento, passando  inclusive por decisões governamentais. Agora, a astrologia não precisa se esconder nos cantos, que é o seu lugar, pois foi declarada como sendo ciência genuína. E vocês ainda falam do Brasil.

Fico imaginando a expressão de incredulidade de alguns cientistas ao saberem que o Supremo Tribunal de Bombaim declarou, baseado no depoimento de um mané chamado R. Ramakrishna, representante do departamento de controle de drogas de lá, similar à nossa ANVISA, que alegou que a lei que proíbe a ação de praticantes de tântrico negro ou alguma bobagem nesse sentido não pode ser relacionado com a Astrologia, pois ela está em uso há 4000 anos.

Ok, então temos um a Argumentum ad Antiquitaten. Há alguns anos também se sacrificava pessoas para ajudar a fazer chover. Se bem que algumas “culturas” ainda façam isso. Pouco importa que sempre tenha sido feito, a questão é: realmente funciona? Ah, bem, o pessoal vai continuar achando que sim, pois eles não se baseiam em fatos e sim numa vontade de querer acreditar, como dizia Carl Sagan.

Janhit Manch é o representante legal da NGO (Non Governmental Organisations ou ONG, como se diz no Brasil) e entrou com uma questão no tribunal para que isso fosse revisto, só que o depoimento de Ramakrishna foi mais forte pros juízes, que já deviam ter suas ideias pré-concebidas. Enquanto isso, Lakshman Das Madan, um dos principais astrólogos e embusteiros da Índia, continua com sua popularidade em alta, apesar do monte de erros de suas previsões, como dizer que a oposição nacionalista hindu BJP e seus aliados iriam ganhar a eleição. Na verdade o partido perdeu de forma vexatória para seus rivais do Congresso, mas pouco importa. Pela Lei das Probabilidades, um dia o sujeitinho acerta e só irão lembrar disso, mas não do monte de besteiras e erros que o manézão proferiu, pois povo burro é algo que abunda por aí, ainda mais num país populoso como a Índia.

Isso até me lembrou do caso do Grande Desafio Tântrico, onde um sujeito enrolado numa toalha de mesa disse que matava qualquer um com os seus unga-bunga. O problema é que Sanal Edamaruku, presidente da Rationalist International topou a peleja e o resultado foi: bem, o tântrico se ferrou, Sanal tá muito bem de vida, a emissora faturou rios de dinheiro com a publicidade e você, que fica consultando horóscopo de jornal continua sendo um babaca.

Para finalizar, um pensamento de alto valor filosófico: Vodu é pra jacu!


Fonte: The Telegraph

15 comentários em “Suprema Corte Indiana determina que astrologia é ciência

  1. Na verdade, Horóscopo é algo MUITO útil. Só descobrir o Horóscopo da gatinha que você vai sair, ver o que ela fala sobre amor e agir conforme. Se ela ler horóscopo, vai achar que você é no mínimo sua alma gêmea.

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    1. @Juninho, Raymond Domenech, técnico da França na última copa, escalava os jogadores de acordo com o horóscopo (ele nunca convocou ninguém do signo de escorpião). Daí vemos como funciona.

      Mas talvez funcione para enganar guria retardada mesmo.

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  2. Agora vão começar a dizer que “a Índia reconhece astrologia como ciência, então, quem é você para dizer que é falsa?”. Mais ou menos o que fazem com a homeopatia.

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  3. Não vai demorar e eles vão decretar que a Terra está sobre uma tartaruga.

    De fato a Índia é um caldeirão de crenças bizarras e esse tipo de coisa não chega a surpreender. Os governos dos países do Sudeste Asiático, por exemplo, consultam astrólogos para tomarem decisões.

    Acho lamentável um país que há alguns séculos tinha uma avançadíssima ciência mergulhar na obscuridade da pseudociência.

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  4. Então daqui a quatro milênios Sauron vai existir? Ou Gandalph? Talvez Harry .. quem sabe dar uma varinha pra hermione? kkkk! O Apelo á antiguidade é uma forma dos próprios adeptos a esta falácia , cairem de cara no chão….!

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  5. Que triste :/ Bháskara só pode se expressar com um imenso facepalm depois dessa. Acho que é o futuro de todas as grandes nações, não? Árabes, chineses, agora os indianos… Todos chegam ao fundo do poço depois de terem alcançado a supremacia na inteligência. Pelo menos né, os chineses estão crescendo de novo ‘-‘ quem sabe.

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  6. Maioria medíocre sempre vai existir, mas não se esqueçam que a Índia é berço de vários Prêmios Nobel, sem falar no brilhante matemático Ramanujan. Agora, e o Brasil?

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  7. Eu não entendo como uma pessoa pode acreditar em astrologia. Pior ainda, acreditar em horóscopo de jornal, onde as previsões servem para todas as pessoas daquele signo. Além disso, a astrologia foi criada numa época em que ainda não se sabia que os astros não ficam na mesma posição do céu, pois com o tempo, eles mudam de lugar. Eu por exemplo, não sou mais de câncer, mas de gêmeos (como se eu acreditasse em horóscopo ou astrologia ahahaha).

    Antigamente até podíamos dar um desconto, mas hoje, em pleno sec 21 e com tanto acesso à informação, é por puro comodismo que as pessoas acreditam em divindades e em previsões de astrologia ou borra de café (borra de café é mais hilário ainda..rs.)

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  8. Deu tão errado que eles tem lá uma sonda girando em torno e pesquisando Marte, enquanto nós brasileiros mendigamos espaço nos observatórios de outros países.

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