15 de outubro: Feliz dia do Professor

Hoje é dia do professor. Aquela figura que todos dizem que é importante, mas que é vilipendiado, exorcizado, desprestigiado, ridicularizado, odiado, pisado, xingado, ofendido, mas que um simples “puxa, professor, agora eu entendi” compensa tudo.

Esta é uma homenagem àqueles que tentaram (e ainda tentam) colocar algo dentro (ops) da cabeça de vocês. Uma homenagem aos que realmente fazem algo de útil num país governado por alguém que precisou de um professor, e que precisa até hoje, nem que seja pra aprender a usar plurais corretamente. Professor, hoje é seu dia. Parabéns!

No início era o analfabetismo. Se bem que ele ainda está presente até hoje. E chegou aquele que disse: “As pessoas precisam aprender. As pessoas necessitam saber mais”. Nem que seja para diminuir o gás quando a panela de pressão está cozinhando, ou para coisas triviais e sem muita importância, como salvar pessoas de um tsunami.

Junto com distintas senhoritas que prestam favores especializados, a profissão de professor existe desde tempos imemoriais. Cínicos iletrados, que nem sabem o que significa a palavra “cinismo” alegam que um é filho da outra. Um perfeito exemplo que não sabe o que é uma profissão e acabará seguindo a outra.

Passando pelo Egito, Assíria, Babiblônia, Hititas, professores sempre estiveram presentes, sempre contriuíram para com o engrandecimento. Alexandre da Macedônia ordenou a criação de uma imensa Biblioteca, onde estariam guardados os maiores tesouros da Antiguidade: Livros. E com eles, haviam seus guardiães. Professores e cientistas. Isso perdurou por séculos, até que uma horda de analfabetos iletrados resolveu gazetear, sendo severamente repreendidos e tendo que ficar sem recreio e fazendo dever até depois da aula. Isso fez com que se rebelassem, assassinassem a professora Hipátia e começando uma linda era chamada Idade das Trevas, onde Cirilo – o líder da Turma do Fundão – fosse tido como herói. Como podem ver, nada de muito diferente do que acontece hoje em dia nos colégios públicos da vida.

Na China, os imperadores colocavam sua melhor roupa de cerimonial para receber mesmo o mais humilde dos professores e, ainda hoje, o Japão reverencia os mestres. Mas no Brasil, devemos entender que não é uma boa abordagem, pois isso indica autoritarismo, e devemos impedir que as pobres crianças sejam massacradas por uma figura horrível camada professor, aquele ser pérfido e malévolo.

É ridícula a visão de hoje, onde professores são vistos como vilões, onde circula o vídeo do Pink Floyd “Another Brick on The Wall”, mostrando como somos maus e massacramos as crianças. Bem, sempre achei o Pink Floyd um lixo de qualquer forma.

Eu poderia continuar falando sobre a importância e a necessidade dos profissionais de Ensino (educação é dada em casa; professor existe para ENSINAR e não educar aborrecentes). Isso seria chover no molhado e totalmente ignorado, exceto em época de eleição, onde somos carregados, beijados e admirados (junto com criancinhas e presidiários psicóticos). Na Nova Zelândia, a professora de Abby foi reconhecida pelos seus serviços, aqui professor tem seu carro arranhado e dizem que é culpa dele mesmo, pois criou animosidade com pobres crianças revoltadas, por causa de um sistema malvado e uma sociedade que odeia as pobres marginais criancinhas.

O futuro não é bonito, mas professores são persistentes. Fazemos nosso trabalho, mesmo debaixo de xingamentos e provocações. É engraçado saber que fazemos parte de uma classe odiada por todos.

Colégios nos veem como simples gasto. Professor e papel higiênico fazem parte da mesma planilha (e atuamos da mesma forma, limpando cantos que ninguém gosta de colocar a mão). Coordenadores nos veem como um entrave, pois eles querem puxar o saco dos diretores. Os alunos nos odeiam, o que é a melhor parte. Pais de alunos não gostam de nós, principalmente porque seus pimpolhos não estudam, ficam de recuperação e isso impede que saiam de férias mais cedo. Sem falar quando os escrotinhos pobres meninos fazem besteira e ficam de suspensão, onde os pais é que tem que aturar o dia todo. A família nos olha com condescendência, pois somos professores e o filho da prima da vizinha da lavadeira é adevogádu (desempregado, mas é adevogádu). Nossos filhos preferem dizer que somos presidiários, para não serem rechaçados no colégio, pois filho de professor é inimigo, é alemão! Eu, por exemplo, já escutei muitas pérolas educacionais. Abaixo, vão alguns exemplos:

Professor não ganha pouco, pois trabalha em vários colégios.

Ah, sim, claro. Imagino que as pessoas que trabalham em mais de um emprego são pessoas ricas, trabalhando apenas por hobby. AMO ler as besteiras que escrevem nas provas.

Dar aula é fácil, basta chegar lá na frente e dar.

Ahan, perfeito. Isso com 65 alunos que querem te pegar de porrada. Ótimo!

É verdade que professor ganha pouco?

Meu amigo, se você trabalha num banco, às 5 da tarde da sexta-feira acabou seu expediente. Você vai pra casa e só se preocupa com seu trabalho na segunda-feira e nem estou levando em conta o fator feriadão. Meu expediente aqui acabou às 11h e, são exatamente meio-dia e meia. Tá vendo esta pilha de trabalhos pra corrigir? Preciso dizer mais alguma coisa?

A despeito de tudo isso, é bom ensinar, é bom passar novos conhecimentos. E quem já deu aula pro Fundamental, onde crianças são que nem esponja (não confundir com os cérebros-de-esponja, como o Sabino), que absorvem tudo o que você tem a ensinar de maneira bem rápida, questionando, descobrindo, aprendendo… Não te veem como inimigo, mas isso só dura até o oitavo ano (antiga 7ª série). Não importa, sempre estaremos lá.

Não importa o quão negro seja o mundo atual, nem as péssimas condições de Ensino. Ainda haverá aquele que se disporá a ensinar algo a alguém. Alguém que mesmo em frente as dificuldades de acesso, clima, condição sócio-econômica etc fará de tudo para oferecer um pouco do que aprendeu para outra pessoa, fazendo-se algo presente pelo resto da vida, independente de como o vejam.

A vocês, professores, minhas congratulações. Que seus dias sejam coroados, mesmo que essas coroas sejam feitas de cactus, pois até mesmo cactus florescem.

FELIZ DIA DOS PROFESSORES A TODOS!

18 comentários em “15 de outubro: Feliz dia do Professor

  1. Eu finalmente criei um usuário pra comentar aqui. Que delícia de texto. =)

    Pois então, eu me lembrei daquela nova propaganda do governo tentando incentivar mais pessoas a se tornarem professores(que o governo precise incentivar alguém pra isso via propaganda, é um sinal um tanto óbvio…). Tantas pessoas entrevistadas em vários países admitindo que a pessoa mais importante é o professor… mas nenhum brasileiro. Porque obviamente este não é um país como os outros…

    Espero que essa situação mude, mas tá foda…

    No mais, eu gosto de Pink Floyd(rock progressivo é show). Levar “The Wall” a sério não é um exercício saudável, entretanto. =P

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  2. Feliz dia dos professores, mas só para os bons, alguns merecem mesmo apanhar, e eu conheço alguns tão ruins, mas tão ruins que se eu fosse um cara violento eu ajudaria a espancar (não é serio, como eles colocam uma semi analfabeta que não sabe nada de quimica, para ensinar quimica, eu nunca vou entender, e isso aconteceu no meu antigo colégio).

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    1. Num colégio onde lecionei, a professora de matemática era formada em Ciências Contábeis. Obviamente, ela só sabia dar aula de uma coisa. Culpa de um sistema tão mesquinho que espanta professores (não confundir professor com biscateiro de ensino). Assim, o Estado pega quem aparecer.

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  3. A pior catástrofe ocorrida no planeta, foi a destruição da biblioteca de Alexandria (nem preciso dizer que eram fanáticos religiosos não é mesmo?)

    Minha esposa é professora. Ainda bem que de primário, pois atualmente não a deixaria trabalhar em classes de 5° a 8°.

    Mesmo assim, ainda ficamos espantados com o quê tais criancianhas fazem, falo sério.

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  4. Simplesmente assistir ao clipe de “Another brink in the wall” e não procurar entender o contexto sobre o qual o video foi feito, denota, de certa forma, uma grande ignorância, pois o Senhor Roger Waters é um dos maiores músicos/compositores/diretores/produtores que já existiu, procurando sempre incutir em suas músicas, clipes e artes de álbuns, críticas político-sociais fortíssimas.
    Com relação ao tema do texto, continuo sem entender os argumentos utilizados pelas pessoas para se auto-afirmarem dentro de suas profissões. Minha profissão é a melhor, por isso deveria ganhar mais? Um gari, por ter menos conhecimento, deve ganhar pouco? Um médico, por ter muito conhecimento, deve trabalhar menos? Um agente de trânsito, por multar as pessoas e ao mesmo tempo auxiliá-las em acidentes de trânsito, dever ganhar quanto? Deve ser querido ou odiado?
    Acho que acima de tudo, levamos para nossas profissões a nossa personalidade. Isso determina se vamos ser ou não queridos pelas pessoas afetadas(positiva ou negativamente) pelo nosso trabalho.
    Com relação ao salário, somos escravos da política da não valorização da cultura, isso inclui mau pagamento de professores, que gera necessidade de ter muitos empregos, que gera estresse, que gera má qualidade do ensino, que faz com que os políticos sejam reeleitos!
    Ser professor é uma profissão louvável, mas o ser humano, acima de tudo, tem que ser levado a sério, independente da sua profissão.
    Abraços a todos!

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  5. André, é o seguinte: Eu sou MUITO fã de Pink Floyd, também adoro seus artigos e gostei muito desse também. Após ler um pouco da matéria, cheguei num trecho onde você critica e xinga Pink Floyd por causa da icônica música : “Another Brick in The Wall pt 2″. Entendo que você como professor obviamente se sentiu ofendido com a música ( ou devo dizer o vídeo ) assim como vários outros professores, porém , devo alertar a você ( e aos demais professores ) que o ” hit ” (assim como o álbum) em nenhum momento critica os professores da maneira como você colocou no texto. Esta polêmica se formou devido ao fato da música ter se destacado muito em relação ao próprio disco, estimulando a venda do disco apenas por causa do ” Hey teacher ” e desestimulando as pessoas a interpretar o álbum COMO UM TODO.
    “The Wall ” é um reflexo de NOSSAS vidas e a educação é algo que faz parte delas e define elas. O disco inteiro narra esta trajetória do nascimento à derrubada do muro. E o vídeo que você viu, representa o desejo de Pink ( ainda criança ) em manifestar externamente a sua indignação perante às “leis” das escolas, o que é EXTREMAMENTE NORMAL na idade dele.
    Espero ter esclarecido um pouco
    Um Abraço !

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    1. Por favor, leia de novo:

      É ridícula a visão de hoje, onde professores são vistos como vilões, ONDE CIRCULA O VÍDEO do Pink Floyd “Another Brick on The Wall”, mostrando como somos maus e massacramos as crianças. Bem, sempre achei o Pink Floyd um lixo de qualquer forma.

      Disso, depreende-se que:

      1) O Vídeo que circula na internet mostra os professores como vilóes.

      2) EU acho o Pink Floyd uma bosta. Minha opinião. Não me desculparei por preferir música clássica.

      3) Em nenhum momento eu falei que o álbum COMO UM TODO alude a isso. Mesmo achando a obra do Pink Floyd uma bosta.

      4) Qualquer dúvida, leia os 3 pontos anteriores até entender.

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  6. Foi-se o tempo em que esse indivíduo maravilhoso era valorizado. Eram nossos ídolos!!! Verdadeiros ícones, a quem amávamos ou odiávamos rsrs… Mas eram respeitados!!! Hoje lembro com muito carinhos dos meus mestres e com alguns ainda tenho o prazer de interagir. Hoje em dia, ser professor é, antes de tudo, um ato de coragem!!!!

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  7. Falar de sala de aula e rock’n roll, eu tambem não gosto de “another brick in the wall”…prefiro “hot for teacher”!

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  8. Sei que o artigo é antigo, mas hoje estava procurando algo sobre o tema e acabei por ler seu artigo que por sinal é bom, somente a parte do Pink Floyd que me deixa revoltado.

    Eu como fã de PF, tenho que comentar isso…

    É normal você não gostar de Pink Floyd, afinal não somos obrigados a gostar de tudo. Mas é estranho ver uma pessoa como você, que parece ter bom discernimento, confundir as coisas.

    O album do Pink Floyd, demonstra os traumas vividos pelo próprio compositor Roger Waters, não devemos vincular os acontecimentos do album ao que vivemos hoje, pois são ÉPOCAS totalmente diferentes. Na decada de 70, muito dos professores (Principalmente na Inglaterra) reprimiam e maltratavam os alunos, como demonstrado na música e clipe (Parte do Filme The Wall), condição que hoje quase não existe mais.

    O album simplesmente critica as ações dos professores da Inglaterra da ÉPOCA (Principalmente o trauma vivido por Roger), é preciso ter uma boa cabeça e saber não confundir as coisas para acabar não gostando de Pink Floyd igual você.

    Parabéns pelo site, e te convido a assistir o filme The Wall, quem sabe poderá entender melhor o que se passa na história de um dos melhores albuns de Rock da HISTÓRIA (Fato comprovado tanto nas paradas das rádios da epoca e pela quantidade de discos vendidos).

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