
E no maravilhoso e performático insano mundo de Hades, ser agente de Alfândega acaba se vendo de tudo. O problema é a notícia que veio hoje sobre o que os caras encontraram. Não, péra! Eu juro que tentei começar este texto com alguma dignidade e tentando manter seriedade (mentira, mas sustentarei esta versão assim mesmo), mas é impossível. Simplesmente impossível manter a compostura quando você lê que alguém foi pego tentando passar ossos humanos na alfândega de aeroporto, e ao ser questionado manda que era “pra ritual, dotô!”.
Olha, eu respeito todas as religiões, tradições ancestrais, misticismo, sei lá o quaisquer outras mitologias que as pessoas adorem. Mas existe uma diferença gigantesca entre acender uma vela pra São Francisco, comer Jesus com vinho e arriar um prato mágico com pipoca mística, e embarcar num voo internacional carregando um crânio humano como se fosse lembrancinha do duty free.
O melhor de tudo é que começou pequeno, né? O cara declarou 10 charutos; era como se fosse aquela mentirinha inocente do “ah, é só isso mesmo”. Aí os meganhas da CBP resolveram dar uma olhadinha mais de perto e BAM: plantas proibidas (clássico), cigarros não declarados (previsível) e uma bolsa envolvida em papel alumínio. Péra. Como assim?
Quando os canas abriram essa embalagem digna de MasterChef Macabro, encontraram não só ossos humanos, mas parte de um crânio humano e vértebras. O cara não foi só pelo crânio, não, levou o combo completo. Imagina a conversa na hora de fazer as malas: “Ó, não precisa levar o esqueleto todo não, só uma partezinha já dá pro ritual, vai por mim”.
O que realmente mata nessa história (vai ficar sem saber se o trocadilho foi intencional) é a postura oficial sobre o caso. Os ossos foram imediatamente confiscados e destruídos por representarem “sérios riscos à saúde”. E o diretor da CBP, Carlos Martel, ainda teve a pachorra de postar no Twitter: “At CBP, we never know what baggage may hold, but smugglers should know we’ll always have a bone to pick”.
🚬 FROM CIGARS TO BONES?! 💀
What started as a passenger declaring just 10 cigars at @FlyTPA turned bizarre. CBP Agriculture Specialists uncovered prohibited plants, undeclared cigars, and a foil-wrapped duffel bag containing what looked like human remains, including part of a… pic.twitter.com/yxFKtU5EQP— Director of Field Operations Carlos C. Martel (@DFOFlorida) September 18, 2025
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Caso você não tenha entendido a piadinha, “To have a bone to pick with someone” significa “ter contas a resolver com alguém”. O cara fez o trocadilho dos sonhos: em vez de só dizer que a CBP sempre tem uma rixa com contrabandistas, ele disse que literalmente sempre têm “um osso pra ajustar contas”. É uma piadinha digna do Uncle of Barbecue, e ele deve estar rindo até agora com a sua genialidade. Não o censuro; o Diretor Federal da Alfândega deve estar há anos parta fazer esta piada e nunca teve oportunidade. Parabéns, tio!
Para adicionar o insulto à injúria, o CDC teve que explicar (!!) as regras para transportar restos mortais. Aparentemente, restos cremados, corpos embalsamados e ossos limpos e secos até que podem ser importados sem permissão, mas ossos aleatórios embrulhados em papel alumínio como quentinha de boteco não contam como “clean and dry”.
O mais surreal é que ninguém sabe se o cara vai ser processado. Por quê? Porque o Zé tentou contrabandear pedaços de ser humano alegando que era pra “rito religioso” e estão na base “assim pode, né? Pode não? Manda pros chefes lá de cima e eles que se resolvam”.
A única coisa que me consola nessa história toda é imaginar o agente da SBP, digo, CBP chegar em casa e a esposa perguntar “como foi o seu dia?” e ele responder “encontramos umas plantas esquisitas, cigarros estranhos e uma caveira tosca e meia dúzia de ossos para fazer algum unga bunga”, para ela virar puta da vida e resmunga “não quer responder, não fique falando estas merdas”.

Um comentário em “Contrabandista quis levar o Cranicola para dar um rolê, foi pego e sacou a carta do ritual mágico”