Quando recusar amizade virtual resulta em sequestro e espancamento

Vivemos numa época muito social; tem rede social pra tudo e praticamente somos obrigados a termos conta em alguma plataforma, ou fica difícil até de você entrar em contato com empresas. Chegamos a um ponto inclusive em que rejeitar um pedido de amizade no Instagram pode resultar em sequestro com direito a espancamento e tudo mais.

Bem-vindos ao século XXI, onde as redes sociais viraram campo de batalha e a palavra “não” virou declaração de guerra, porque esse papo “Meu Instagram Minhas Regras” não funciona como gostaríamos, como o Kumar descobriu.

Dhruv Kumar é um estudante de Engenharia que mora em Faridabad, uma cidadeca no estado de Harianá, na Índia. Kumar cometeu o crime hediondo de não aceitar um pedido de amizade de uma cremosa desconhecida no Instagram. O resultado? Bem, digamos que ela não parece ter gostado muito da rejeição, já que mandou que o coitado fosse sequestrado por três pessoas – Harsh Bhadana, Lucky e Asma (não farei piadinha sobre os nomes… sim, farei!) – que decidiram que a melhor forma de resolver essa terrível ofensa à dignidade digital da moça era através de violência física tradicional.

Isso chega a ser deliciosa e estupidamente divertido (ainda mais que não foi comigo, porque sequer tenho Instagram, e agora mesmo que não terei). É como se a humanidade tivesse evoluído tecnologicamente mas regredido emocionalmente para a era das cavernas. O caso é tão absurdamente moderno que dói na alma. A cremosa manda pedido de amizade para um Zé Ruela aleatório. Ele não aceita, provavelmente achando que ela é alguma criminosa mandante de um grupo de malfeitores. Ela se ofende e manda três malfeitores para sequestrar o cara. Bandana, Sortudo e Bronquite sequestram o rapaz numa operação digna de filme de ação B, padrão Índia, lógico: com direito a duas motos e perseguição. Espancam o coitado. Largam ele numa esquina qualquer. Mission accomplished, pessoal! A honra digital foi restaurada! <hora da dancinha>

É o que eu chamo de “networking agressivo”.

O mais genial é que Larry Moe e Curly versão Golimar usaram tecnologia de ponta – redes sociais, mensagens instantâneas, GPS para encontrar a vítima – para cometer um crime que nossos ancestrais das cavernas aplaudiriam de pé. É como usar um iPhone para bater em alguém com um osso de dinossauro.

Kumar aprendeu mais sobre natureza humana nesse dia do que em todos os seus anos de faculdade.

“Professor, na aula de hoje descobri que existe gente que considera violência física uma resposta apropriada para rejeição digital”.

“Sim, Kuzinho, acontece. Agora faça estas 385 integrais”

O pai do garoto, Manoj Kumar, teve que ir até a polícia explicar que seu filho foi sequestrado porque não quis fazer amizade virtual com uma desconhecida. Imaginem a cara do Singham Wannabe: “Desculpa, senhor, pode repetir? Seu filho foi o quê? Por causa do quê? Instagram? Pedido de amizade? Ah, tá… Aê, Ranbir! Mais um caso de rede social virando antissocial”.

A polícia inicialmente não registrou o caso, provavelmente porque até eles ficaram sem palavras diante do absurdo da situação.  O inspetor Shri Bhagwan disse que “a vítima inicialmente queria resolver a questão entre eles mesmos”. Claro, porque quando você é sequestrado e espancado por não aceitar pedido de amizade, a primeira reação é sempre: “Deixa pra lá, foi só um mal-entendido digital”. Não posso culpá-lo.

Bem, as redes sociais, que prometiam conectar o mundo e aproximar as pessoas, conseguiram criar uma geração que considera sequestro uma resposta válida para não ser aceito numa lista de amigos virtuais. Dhruv Kumar agora sabe que viver offline às vezes é questão de sobrevivência física, não apenas mental.

E o pior de tudo? Aposto que em algum lugar do mundo, alguém está lendo isso e pensando: “Hummmm, interessante estratégia de networking”. Mas o que eu queria saber mesmo é: o Kumar aceitou a cremosa no Instagram?


Fonte: Deccan Herald

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