Ministério Público descobre que juiz não é inglês de verdade, quanto mais escocês

O mundo de Hades tem sempre coisas a nos oferecer numa amostra da insanidade humana. São coisas que uma mente sã não consegue racionalizar, mesmo porque o Brasil não é o que se pode esperar de um reduto de pessoas sãs e racionais. Um exemplo é o excelentíssimo meretríssimo exclusivíssimo justo veríssimo juiz doutor Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, que mediante uma investigação do Ministério Público, foi descoberto como não sendo inglês e nem tem esse nome de milk-shake de obras literárias.

Na verdade ele se chama Zé ‘Duardo.

Como estou com preguiça de ficar chamando Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, que parece nome de personagem de  personagem de Jane Austen ou mesmo daqueles romancinhos de banca de jornal escritos por brasileiros, passarei a chamar de Zé Duda (o nome da figura é José Eduardo Franco dos Reis). Aparentemente, nosso querido juiz achou que “José Eduardo” não tinha glamour suficiente para a magistratura paulista. Vai ver ele achou que isso soaria como personagem caipira de filme do Mazaropi.

Durante 40 anos, Zé Duda conduziu uma vida dupla que super-herói mantendo identidade secreta ou mesmo bandidos se escondendo do longo braço da lei. Não julgarei este tipo e coisa. O cara tinha de tudo: certidão de nascimento falsa, RG, título de eleitor, carteira de trabalho, e provavelmente até cartão fidelidade do supermercado – tudo em nome do seu alter ego britânico.

Zé Duda formou-se em Direito na USP, passou em concurso público e proferiu MILHARES de sentenças como “Edward Wickfield” (leiam em voz alta e como se estivessem com um ovo na boca). Imaginem a ironia: um homem que jurou fazer cumprir a lei enquanto vivia uma mentira magistral. É como descobrir que seu nutricionista é secretamente o dono da maior fábrica de chocolate do país.

As razões para esta elaborada farsa são “até agora desconhecidas”, segundo a Promotoria. Muito provavelmente, Zé Duda andou vendo muita série e desenvolvido um complexo de aristocrata inglês. Ou estava com nome mais sujo que escola de magistratura.

Por increça que parível, sua carreira só desmoronou quando, aos 67 anos, ele tentou renovar seu RG falso num Poupatempo. Aparentemente, em 40 anos de fraude, ninguém achou estranho um juiz com um nome que parece saído diretamente de Downton Abbey, ou alguma merda de série britânica empolada.

E como foi descoberto? Através das impressões digitais! Ironicamente, a mesma tecnologia que tantos criminosos tentaram driblar em processos julgados por “sua excelência Edward Wickfield” acabou sendo seu próprio algoz.

Agora o Ministério Público pede o cancelamento de todos os seus documentos falsos.mas ainda resta um pequeno probleminha: Como ficam as milhares de sentenças que proferiu, já que se foram julgadas por uma pessoa que não existe, elas perdem o valor, certo? Ou será que, como num passe de mágica digno do seu feito, também desaparecerão no ar?

O G1 informou que não conseguiu contato com o juiz. Talvez estivessem ligando para o Zé Duda quando deveriam estar procurando pelo Lorde Wickfield de Canterbury na hora do chá.

Peasants!

Um comentário em “Ministério Público descobre que juiz não é inglês de verdade, quanto mais escocês

Deixe um comentário, mas lembre-se que ele precisa ser aprovado para aparecer.