
Você já se perguntou como algumas pessoas conseguem se divertir em montanhas-russas enquanto outras tremem só de pensar nelas? O Chiun ensinou que você sente fome, sente sede e sente medo, mas o medo não pode feri-lo, o que fica bom como filosofia de boteco, mas na hora do vâmu vê, aí que são elas. Ok, beleza, mas por que sentimos medo? Como nosso cérebro aprendeu o que é o medo? Bem, uma pesquisa parece que desvendou como aprendemos a superar nossos medos instintivos.
A drª Sara Mederos é pesquisadora do Centro Sainsbury Wellcome, em Londres. Ela foi pioneira no uso de novas abordagens optogenéticas para manipular a sinalização de cálcio dos astrócitos e avaliar seu impacto in vivo. Em outras palavras, é como se tivessem desenvolvido um controle remoto que usa luz para dizer aos astrócitos exatamente quando e como devem processar o cálcio. Isso é revolucionário porque nos permite entender melhor como essas células funcionam no cérebro vivo e em tempo real.
Ok, você não entendeu nada. O trabalho dela revela os mecanismos cerebrais que nos permitem domar nossos medos mais primitivos por causa justamente do processamento de cálcio no cérebro. E acredite: essa descoberta pode mudar a vida de milhões de pessoas que sofrem com fobias, ansiedade e estresse pós-traumático.
Imagine nossos ancestrais primitivos: para sobreviver, precisavam ter medo instintivo de sombras que pudessem ser predadores voando sobre suas cabeças. Esse medo está literalmente programado em nossos cérebros! Mas como conseguimos superar esses medos quando percebemos que não há perigo real?
Para desvendar esse mistério, Sara e seu pessoal criaram um experimento fascinante com camundongos. Projetaram sombras que simulavam predadores voando sobre eles – algo que naturalmente os faria correr em pânico para se esconder. Com o tempo, os pequenos roedores aprenderam que aquelas sombras não representavam perigo real e imediato, e paravam de fugir.
Mas o mais interessante estava por vir.
A equipe descobriu algo surpreendente: uma estrutura cerebral chamada núcleo geniculado ventrolateral (vLGN) funciona como um “centro de controle do medo”. É como se fosse um DJ do cérebro, controlando quando devemos ou não sentir medo. E mais fascinante ainda: essa região usa substâncias chamadas endocanabinoides para regular nossas respostas ao medo.
O mais revolucionário? Bela Sara descobriu que, ao contrário do que se pensava, não é o córtex cerebral (a parte “pensante” do cérebro) que guarda essas memórias de segurança. É como se nosso cérebro tivesse um sistema de backup especializado só para guardar essas informações importantes sobre o que devemos ou não temer. A mágica acontece no córtex visual, ou seja, enxergar o perigo lhe dá maior propensão a ter medo, até que você aprenda a lidar com ele.
Agora, os pesquisadores já estão planejando estudar como esses circuitos funcionam em pessoas, com a esperança de desenvolver tratamentos revolucionários para transtornos relacionados ao medo. Isso aumenta a chance de virarmos o Demolidor, o Homem sem Medo, mas não necessariamente ficando cego com superpoderes de sonar.
A pesquisa foi publicada no periódico Science

Um comentário em “Como nosso cérebro está virando o do Demolidor”