Amarrei uma toalha vermelha nas minhas costas

Eu tinha cinco ou seis anos. Estava na escola. Toda terça-feira (ou quinta ou sexta ou sei lá que dia da semana), tinha aula de desenho livre. A professora entregava uma folha de papel e você podia desenhar o que quisesse. As outras crianças desenharam flores, casinhas, carros. Eu desenhei ele, ele estava em ato de abnegação. Ele não demonstrava medo. Ele ia em frente ao seu destino para salvar a Humanidade, mesmo sabendo que isso poderia lhe custar a vida.
Eu desenhei o Super-Homem enfrentando um monstro.
Todo mundo ganhou parabéns. Eu recebi uma bronca. Aquilo era inadmissível. Eu fiquei sem saber. Ali estava alguém que era pura bondade fazendo o bem. A professora rasgou o meu desenho e reclamou com meus pais. Meus pais nada falaram comigo, mas eu fiquei sentido. Meu pai lia histórias para mim. Mostrava os quadrinhos. Eu aprendi a ler com eles. Em português, eu aprendi a ler com super-heróis e Turma da Mônica.
Eu cresci. Alguns anos depois meu pai me levou no cinema, aquele lugar mágico. A sala escura. As cenas se passam e aparece…
E ali eu passei a acreditar que um homem podia voar.
O tempo passou e veio Superman 2, e daí começou a degringolar. Veio o Homem de Aço do Isnáider (me recuso a escrever o nome certo). Filme… bom… quase… mas tem algo faltando. Este Super-Homem via pessoas no meio de uma enchente e ficava parado no ar como um deus indiferente. Este não é o Super-Homem que salva gatinhos. Entretanto, graças a uns tweets perdidos, teremos um novo Super-Homem.
James Gunn tinha umas zoeiras e postagens sem noção de tempos d’antanho. A jovenzada fez chilique e a Disney o demitiu. Warner o contratou correndo e ele, com a força do ódio, escreveu Esquadrão Suicida. Agora, com a força do amor, ele escreveu o Super-Homem. Saiu o teaser hoje.
Eu vi! EU VI!!! Eu vi o meu desenho!

James Gunn transformou o meu desenho em filme!!!
Tem tudo no teaser. Tem o Krypto vindo salvar o seu dono, tem o Super-Homem salvando uma garotinha, tem John Williams, tem um menino no meio dos horrores da guerra apelando para o único que poderia ajudá-lo:

O Homem do Amanhã, o Último Filho de Krypton, aquele que todos sabem o seu nome.
Eu tenho cinco anos de novo. Eu olho pro céu com os olhos marejados. Amarrei uma toalha vermelha nas costas e vou voar. Nada pode me deter. Ninguém pode me impedir. Ninguém poderá fazer o mal às pessoas quando eu estiver perto, porque o Super-Homem não é um personagem. É uma inspiração. A inspiração que qualquer um de nós pode fazer a coisa certa. Cada um de nós pode fazer a sua parte.
Obrigado, James Gunn.


O Alan me perguntou se eu reconheci a música enquanto a gente assistia o trailer. Eu tava olhando pra tudo, mas não tava prestando atenção na música. Eu não fazia IDEIA que o Super Homem tinha um doguinho, mas faz todo o sentido do mundo, é ÓBVIO que ele tem um doguinho.
Quase no fim do trailer eu reconheci John Williams ali. Eu não sou fã de quadrinhos, nem da DC, mas esse eu vou no cinema assistir.
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Esse é o tipo de filme pra se assistir com um bando de nerds tão ou mais fãs que vc e depois ficar horas discutindo depois da sessão.
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