Como a extinção de morcegos está aumentando a mortalidade infantil

Os morcegos são criaturas fascinantes que frequentemente são mal compreendidas. Muitas pessoas os associam a vampiros ou portadores de doenças. Não que eles não sejam (no caso, portadores de doenças, já que too mamífero pode transmitir raiva; se bem digo, melhor me explico). No entanto, esses animais desempenham um papel vital na natureza, ajudando a manter o equilíbrio dos ecossistemas e contribuindo para a saúde humana de maneiras surpreendentes.

Recentemente, uma pesquisa revelou que a presença de morcegos não apenas beneficia o meio ambiente por ser um grande agente polinizador, mas também está diretamente ligada à saúde e ao bem-estar das populações humanas, de uma forma que você jamais poderia imaginar.

O dr. Eyal Frank é economista ambiental e professor-assistente na Harris School of Public Policy da Universidade de Chicago. Em sua recente pesquisa, Frank Einstein tabulou informações alarmantes sobre a relação entre a diminuição das populações de morcegos e o aumento da mortalidade infantil em algumas regiões dos Estados Unidos. Frank analisou dados de condados onde a síndrome do nariz branco afetou seriamente a população de morcegos e traçou um paralelo, o que fez um monte de gente mandar o UEPA!!

Por exemplo, entre 2006 e 2017, Frank descobriu que a mortalidade infantil aumentou em cerca de 8% nessas áreas, resultando em 1.334 mortes. E isso não é um passeio no parque. Mas o que diabos é essa tal de síndrome de nariz branco?

A síndrome do nariz branco é uma doença fúngica que afeta gravemente os morcegos na América do Norte. Causada pelo fungo Pseudogymnoascus destructans, a doença recebeu esse nome devido às manchas brancas características que aparecem no focinho e nas asas dos morcegos infectados. O fungo infecta os morcegos durante a hibernação, fazendo com que acordem frequentemente, esgotando suas reservas de energia. Isso leva à morte por fome e desidratação, pois, não há insetos disponíveis para se alimentarem durante o inverno.

Desde sua detecção inicial em 2006, a síndrome se espalhou rapidamente por pelo menos 40 estados americanos, dizimando populações de morcegos e representando uma séria ameaça à conservação dessas espécies.

Frank utilizou essa situação como uma oportunidade para investigar os impactos da perda de morcegos. Ele correlacionou a disseminação da síndrome com dados de mortalidade infantil, revelando uma conexão significativa: a ausência de morcegos levou os agricultores a usarem 31% a mais de inseticidas, o que, por sua vez, parece ter contribuído para o aumento das mortes infantis. Essa descoberta é alarmante, pois mostra que a saúde dos ecossistemas está diretamente ligada à saúde humana.

Os morcegos são predadores naturais de insetos, e sua presença nas áreas agrícolas ajuda a controlar as populações de pragas. Quando os morcegos desaparecem, os agricultores frequentemente recorrem ao uso de pesticidas para proteger suas colheitas. No entanto, o uso excessivo de produtos químicos pode ter efeitos adversos na saúde humana, especialmente em crianças pequenas, que são mais vulneráveis a toxinas. A pesquisa de Frank destaca a importância de manter as populações de morcegos para evitar um ciclo prejudicial que pode impactar a saúde pública.

Então temos, que excesso de inseticidas são venenosos (d’Oh) e matam muitas espécies, incluindo abelhas. Com a redução de morcegos, aumenta-se o uso de inseticidas, abelhas também morrem, a polinização também é afetada, mais veneno largado no ambiente e menos comida é produzida, com muitas crianças morrendo no meio disso tudo. Praticamente, um filme de terror apocalíptico.

A pesquisa pode ser lida na Science, ainda mais que está com conteúdo aberto.

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