
Algumas notícias são bem óbvias e todo mundo que tenha 3 neurônios não só sabe, como compreende o motivo. Obviamente, restam os 99,99999999% da população que apenas reagem, mas não entendem; e a notícia dessa semana é a afirmação do óbvio: tem mais templos religiosos do que hospitais e escolas. Aí todo mundo OHHHHH.
De acordo com o G1, novos dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE mostram que país tem 580 mil estabelecimentos religiosos (de todos os tipos). Já o número de instituições de ensino é de 264 mil e de unidades de saúde, 248 mil.
Primeiro de tudo, já um sem-número de religiões. Há muitas pessoas. Nem todas estão doentes ou na escola> O que adianta ter acesso à escola e hospitais? Primeiro de tudo, boa quantidade de pessoas que precisam de hospitais é por doenças causadas por péssimas condições de vida, sedentarismo, trabalho excessivo e falta de saneamento básico. Só o hábito de higiene faria com que muitas pessoas não precisassem de serviços médicos.
O problema da religião é outro. Ela promete algo que o político não faz. O político faz por onde ferrar a população. A religião te promete três tipos de prêmio.
1) Imediato. Resolve seu problema em três dias. Você vai ter seu emprego de volta, seu amor vem em 3 dias, seu filho vai melhorar de saúde.
2) Médio prazo. Você vai ficar rico, vai alavancar seu negócio, vai conseguir seu carro para colocar o adesivo “foi Deus quem me deu”
3) Longo prazo (ou nem sempre longo). Você vai morrer, escapar de vez desta vida de penúria e vai pro Céu.
O poder público promete qualquer dia um posto de saúde. Seu filho está doente hoje, os postos estão lotados. Algumas prefeituras investem em ambulâncias e não hospitais. Mete seu filho na ambulância e manda pra outra cidade. Lá não será atendido, mas o pastor/padre/pai de santo promete que com a ajuda de Jesus/Santos/Guias vai melhorar.
A pessoa está no sertãozaço do Nordeste. Não chega poder público. A única esperança é morrer e ir pro Céu.
A religiosidade é uma coisa boa. Dá esperança para as pessoas. O problema é a religião organizada e confessional, que usa seu poder para manipular pessoas e controlar econômica e politicamente o governo. Como os governantes sabem do poder da religião em movimentar massas, investem em líderes religiosos, não em algo para a população.
Não que eu ame a religião, pelo contrário., Mas se tirar das pessoas em estado de miséria, vão dar o que no lugar? Sim, eu sei que elas continuam fodidas, mas elas ainda tem alguma esperança. Como faz então? Não faz. Ademais, pensem num detalhe: um pastor/padre/pai de santo durante um culto atende dezenas de pessoas. Médicos atendem um de cada vez. Simplesmente não dá pra comparar.
Quanto às escolas, bem, muitos largam a escola porque precisam trabalhar. As necessidades básicas como comer e morar são prioridade, e Educação é uma promessa futura. Não há remédio ou solução mágica. Talvez investimentos verdadeiros em fazer a pessoa sair da pobreza e ter uma vida digna. Bolsa-família é muito necessária, mas deveria ser uma ajuda temporária. Acaba que vira eterna porque a pessoa não consegue nenhuma chance de trabalhar por conta própria. Ainda querem criticá-la a dar parte do salário pro líder religioso ladrão? O que se faz na situação de quem precisa?
São muitos questionamentos. Não há resposta definitiva. Ainda este ano haverá greve de médicos e professores. Mas o líder religião estará lá, de braços abertos, pronto para receber todo mundo. Ele usará seu poder e influência em seu benefício, claro, mas não é diferente do que os políticos fazem. Não há moral última, não há final feliz, não há mudança.

Existe um outro motivo que é fazer parte de uma comunidade e bem ou mal elas dão algum tipo de assistência que o Estado não dá.
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A religião é muito necessária: para a elite, ao frear os impulsos por mudança da parte mais pobre do povo, afinal, rico não vai pro céu e para a própria população ao fazê-la acreditar que toda a merda que ela passa é só um estágio, que no final ela será feliz no céu. Mas o pior é ver religiosos enriquecerem cada vez mais e pregarem humildade aos seguidores.
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