Você está no Brasil que nem eu. Sabe que aqui é um lugar que não pode dar mole, ou passam o cerol. Para a ONU, taxas de homicídio acima de 10 unidades para cada 100 mil habitantes são consideradas violência epidêmica. O município de Queimados no Rio de Janeiro (não confunda com o município do Rio) teve uma taxa de 134 homicídios por 100 mil habitantes, ou seja, pessoal meteu o louco lá (e Queimados nem é a cidade mais violenta, sendo o município do Rio lá pra baixo. Sim, eu sei que isso contraria sua percepção, mas dados são dados. Rio de Janeiro (cidade) tem quase 7 milhões de habitantes, e quando se calcula homicídios por 100 mil habitantes, claro que cai. Dados do IPEA (PDF) Em 2017, Maracanaú, no Ceará, apresentou a taxa de 145,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. Tá alto, né? Tá absurdo, né? Você acha que ir para o Primeiro Mundo tá safo, né?
Achou errado, otário! A Inglaterra tem um sério problema de violência urbana, em que Londres está com altíssimos casos de homicídios, marcando uma terrível taxa de 167 homicídios para cada 100 mil habitantes entre março de 2017 e março de 2018. Armas de fogo? Não, facadas, mesmo.
Mas calma que o governo está agindo: vão colocar avisos sérios, botando moral e educando a não meter a faca no bucho dos outros em embalagens de frango frito. Toma tento aí, seu cabra!
O Ministério do Interior da Grã-Bretanha é responsável pela segurança interna, não só da Scotland Yard como o Serviço de Segurança, nome atual do MI5 (não, MI6 não é nem nunca foi nome oficial do Serviço Secreto). Alarmados com a alta taxa de homicídios, temos que arrumar alguma maneira de resolver isso, conscientizando as pessoas.
Antes, um adendo: em vias normais, nem mesmo a polícia tem permissão para usar armas. A população não tem permissão de usar armas e os assassinatos são na base da facada mesmo. Se você é contra o Estatuto do Desarmamento e cita a Suíça como tendo armas até na privada, pois bem, Inglaterra e Japão não têm assassinatos com arma de fogo. Seu argumento é inválido, lamento. O problema, então, não parece ser as armas. Armas também parecem não resolver o problema. Os lados opostos estão errados pelo mesmo motivo.
Voltando à notícia, os Tommies acharam que tá demais esse negócio de passar o cerol geral. Medidas drásticas precisam ser tomadas (depois do chá das 5)! Algum JÊNEO do marketing teve a brilhante ideia de colocar mensagens anti-esfaqueamento em caixas de frango frito.
We are rolling out our #KnifeFree chicken boxes in over 210 chicken shops in England and Wales, including Morley’s, Dixy Chicken and Chicken Cottage. They use real life stories to show people how they can go #KnifeFree. pic.twitter.com/vrG4WWa56v
— Home Office (@ukhomeoffice) August 14, 2019
https://platform.twitter.com/widgets.js
Ah, sim. Resolveu muito. Tenho certeza que os psicopatas ingleses já pararam de meter a faca nos amiguinhos depois desta iniciativa. O cara vai na seca para matar alguém, vê as caixas com avisos sobre os perigos de carregar uma faca, bem como historinhas edificantes de jovens que largaram mão disso e preferiram praticar um esporte ou ser músicos ou algo do tipo.
A campanha é direcionada aos fãs de frango frito entre 10 e 21 anos de idade. Não consigo imaginar qual cenário isso não daria totalmente certo, entre as 14 milhões e 65 linhas temporais que o Dr. Estranho viu.
Acho que tem que atualizar a tabela:
Fonte: RT