Qual a semelhança entre você e a lesma do mar?

A resposta seria os neurônios, mas você se ofenderia em ser chamado de cabeça-de-lesma, apesar de eu achar que a lesma do mar teria muito mais motivos para reclamar. Mas não fique triste, isso é muito importante, como mostra uma pesquisa do pessoal da Universidade de Illinois, que visa entender nossa cognição, memória e aprendizagem, com o auxílio daquelas coisinhas fofas que vivem no mar.

O dr. Jonathan Sweedler é uma excelente pessoa. Alguém de elevada reputação, honesto, cioso dos seus deveres e um exemplo para a sociedade. Ah, sim, ele é químico, mas nem todo químico é uma pessoa honesta ou que fica enrolando pessoas com pesquisas fraudulentas, trabalhando numa espelunca imunda. Certo, Gilberto? Bem, no caso de Sweedler, ele é Diretor da Faculdade de Química e professor do Centro para Estudos Avançados na Universidade de Illinois. E quem melhor do que ninguém para desvendar grandes segredos do Universo, a Vida e tudo o mais senão um químico?

Sweedler e seus colaboradores têm sorte de não morar num país que odeia Ciência, ou para conseguir verba ele teria que ir em banheirões asquerosos ver gente se chupando (para ter mais verba, ele até participaria da ação). Como Sweedler não mora no Brasil, ele contou com verba da Fundação Nacional de Ciência dos EUA; dessa forma, eles puderam se debruçar sobre aquelas minúsculas criaturinhas.

Lesmas-do-mar não é um animal, mas um grupo de moluscos gastrópodes. Muito lindinhos por sinal. Alguns chamam assim também os pepinos-do-mar, mas estes não são moluscos, mas sim equinodermos. Maiores informações no seu livro de 7º ano do Fundamental 2.

Com os poderes sagrados da Química Analítica (com ela a oração e a paz), Sweedler resolveu estudar o que as lesminhas têm na cabeça. Sendo criaturas simples, mas não tanto como o que anda infestando a área de comentários de meus vídeos (por falar nisso, você já assinou o meu canal?), as lesmas do mar usam seus cérebros basicamente para ficarem vivas, isto é, localizar comida, manter os órgãos vitais funcionando e se preocuparem em gerar filhotinhos de lesma. Se soubessem usar joguinho de celular, seriam como o seu sobrinho vagabundo de 20 anos que não trabalha. A diferença é que seu sobrinho tem vários bilhões de neurônios, mas a lesma do mar só tem algumas dezenas de milhares, ou seja, não basta ter, é preciso usar, e a lesma do mar usa muito bem seus neurônios.

Sweedler e seu pessoal estudam a espécie Aplysia californica, uma lesma do mar que ocorre nas costas da Califórnia, como você deve ter imaginado, mas que chega até a 75 cm de comprimento, o que é uma criaturinha considerável. Como toda lesma do mar, seu cérebro é bem simples, e ótimo para entender as minúcias de como ele funciona, como aprende e como exerce suas mínimas funções. Com o auxílio de espectrômetros de massa, Sweedler busca identificar quase unitariamente saber o que cada neurônio faz. Como aquela ridícula quantidade de celulinhas nervosas mantém um bicho vivo. E sim, temos videozinho, sim.

A pesquisa visa ter uma compreensão melhor não só sobre os processos que atuam sobre sobre o aprendizado e memória, mas até como cada célula faz o seu trabalho individualmente, pois até mesmo câncer começa com um grupo muito pequeno de células, até se tornar essa mostruosidade.

Para você, a Aplysia californica é só um troço feio gigante que nem pra ir pra brasa serve. Nas mãos da Ciência é a chave de um universo de possibilidades. Através dos poderes da Química, é a chave para a nossa própria inteligência, para a feitura de remédios, tratamentos médicos e uma melhor qualidade de vida, fazendo você viver mais para poder dizer que odeia Química, já que acha que ela se resume aos níveis e subníveis.


Fonte: NSF

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