Mimetismo é a arte e a técnica de simplesmente imitar os outros no mundo natural. Nosso querido bicho-pau. A vantagem de se parecer com um graveto ajuda a se esconder de predadores, que o confunde com o ambiente. Diferente da camuflagem, onde as padronagens de cor faz com que o ser vivo se confunda com o padrão de cores, mas não o formato, do que está ao seu redor.
Existem outros tipos de mimetismo, como o mimetismo comportamental, em que grupos coletivos acabam imitando uns aos outros, e isso foi evidenciado até mesmo em ovelhas.
O dr. Francesco Ginelli é pesquisador do Departamento de Física e do Instituto de Sistemas Complexos e Matemática Biológica da Universidade de Aberdeen, Reino Unido. Junto com pesquisadores das universidades de Nice Sophia Antipolis e Toulouse, Ginelli estudou o comportamento de imitação de ovinos e como eles agem sob certas condições. Para tanto, eles observaram como grupos coletivos de ovelhas se comportam durante o pastoreio e reagrupamento deles. Nas fases de dispersão, as queridas ovelhinhas BÉÉÉÉÉ alternavam movimentos lentos e rápidos. Por quê?
Porque as ovelhas imitam o comportamento uma das outras, ora indo devagarinho, mas quando veem outra mais serelepe, tratam de andar mais rápido também. Comportamentos assim podem ser vistos em cardumes. Um imenso grupo de peixinhos se movimentam como um grande animal.
Para estudar estes fenômenos, os pesquisadores analisaram o movimento coletivo de rebanhos de ovelhas pastando uma centena de Merino sob condições controladas no Domaine du Merle, um lugar muito legal pelo seu vinho. As ovelhinhas apresentaram movimentos com dinâmicas intermitentes, isto é, fases de dispersão lenta alternando com fases de consolidação e movimento muito rápido durante o qual ovelhas imitam o grupo já em movimento.
Agora, vem a parte legal. Para que saber isso? Bem, se você analisa o comportamento do rebanho, tabula dados e matematiza-o, você pode fazer previsão, você pode fazer a Ciência trabalhar pra você e diminuir a aleatoriedade desse comportamento, otimizando a área de pastagem e minimizando o tempo necessário para reagrupar.
A pesquisa, publicada na PNAS, demonstra que a dinâmica intermitente observada faz com que cada indivíduo acabe se comportando de maneira que termina por equilibrar suas motivações conflitantes: explorar o suficiente da nova área de pasto, mas ao mesmo tempo ficar em contato com outros membros do rebanho, de modo a beneficiar da proteção oferecida por um grupo compacto.
E você achando que era apenas mais ciência idiota ver ovelha correndo de um lado pro outro.
Quatro patas bom, duas patas ruim.
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