A Ciência prevista por Esopo e seus corvos

Não há lugar como nosso lar e não há fabulista como Esopo. Suas obras lindas e histórias sagazes de fundo moral ajudaram a moldar a infância de muita gente, antes da chegada das pedagogas e seus mundinhos politicamente corretos.

Todos sabemos que corvos são criaturas extremamente inteligentes, e se comparados com crianças entre 4 e 10 anos de idade, corvos só foram igualados com crianças a partir dos 10 anos. Agora, pesquisadores criam variações do problema da água-guloseima-corvos.

Para entendermos, vamos à fábula:

Era uma vez um corvo que estava sucumbindo de sede. Ele viu lá do alto um jarro, e na esperança de achar água dentro, voou até ele com muita alegria. Quando lá chegou, descobriu para sua tristeza, que o jarro tinha tão pouca água em seu interior, que era impossível alcançá-la com seu curto bico. Ainda assim, o corvo tentou de tudo para beber a água que estava dentro do jarro, mas com um bico tão curto, todo seu esforço foi em vão.

Por último, ele pegou tantas pedras quanto podia carregar, e uma a uma, colocou-as dentro da Jarra. Ao fazer isso, logo o nível da água ficou ao alcance do seu bico, e desse modo ele salvou sua vida.

Eu não sei a quantas andavam o pensamento de Esopo para escrever uma história assim. Não parece ser algo que alguém inventaria, quando realmente corvos fazem isso.

Eu já tinha divulgado um trabalho que comparava corvos com crianças durante a solução de problemas, como este da água citado pelo próprio Esôpo. Agora, uma pesquisa da doutoranda Sarah Jelbert da faculdade de Psicologia da Universidade de Auckland examina até onde vai a capacidade de resolução de problemas dos corvos, usando variações do Paradigma de Esôpo.

No vídeo a seguir, vemos os nossos amiguinhos emplumados resolvendo o problema: pegar a comida que fica boiando na água, fazendo o nível subir. Para tanto, os corvos jogam materiais na água que deslocarão o volume. Mas não é só isso. Colocados entre dois tubos de diâmetros diferentes, o corvo precisa escolher em qual tubo ele coloca o peso, se no maior ou no de menor diâmetro. Você é esperto e sacou que colocando no tubo de menor volume, a água se deslocará verticalmente mais do que no de diâmetro maior. Se você não sacou isso, tenho más notícias para você, seu cérebro de passarinho!

Os diferentes testes, o penoso tem que colocar o peso no lugar certo, só que ele precisa decidir se este lugar é um tubo com água ou um tubo com areia. Em outro teste, o corvo precisa colocar os pesos e, para isso, precisa escolher quais os materiais que ele utilizará: um leve ou um pesado? A seguir, ele tem 3 tubos.Entre os dois primeiros, apenas um fará o nível da água subir e em outro teste, ele precisa escolher entre um material sólido e um oco. Qual o bichão preto preferiu?

A pesquisa foi publicada na Plos One, e mostra como é interessante que no tubo em "U", o corvo testa os dois tubos. No tubo vermelho ele vê que o volume do tubo do meio sobe. No tubo azul, ele coloca dois pesos e percebe que a água não se alterou., daí ele volta pro tubo vermelho. É um experimentar, o que não significa nosso nível de teorização, claro, mas o corvo demonstra que observa e interage com o mundo, e meio que analisa os resultados mediante suas ações.

E você? Em quantos passos teria deduzido?

2 comentários em “A Ciência prevista por Esopo e seus corvos

  1. Passei grande parte de minha infância e adolescência em uma chácara, lembro-me muito bem que um dos irmãos mais velhos era fascinado por pássaros(até hoje) pois ele capturava Coleirinho (Sporophila caerulescens) já adultos, fazia um baldinho com tampa de baton, e colocava agua num copo americano dificultando o bichinho beber agua, pois não é que o malandro aprendia a puxar a agua até o poleiro, depois de aprendido o “truque” podia-se até colocar uma tigelinha de agua para banho que ele não bebia agua de outro modo, somente puxando o baldinho. :shock: :mrgreen:

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