O mundo é doido, sabemos disso. Hades tem hora que deixa as pessoas de rédea curta e Samhain esqueceu de pegar sus filhotes no dia 1º. O último exemplo de coisas doidas que acontecem por aí é o caso da sueca que está indo a julgamento. Sua relação com corpos não é bem no mesmo nível que os filmes do James Cagney fazem supor (pronto entreguei a idade). No caso, ela tem um caso com as ossadas e o pessoal quer a cabeça dela ("dela/dela" e não "dela/do esqueleto") por "perturbação dos mortos".
Mas até que ponto pode-se condená-la?
Tudo começa com uma sueca da cidade de Gotemburgo que foi investigada pela polícia por manter alguns ossos. E quando eu falo "alguns" são vários ossos, praticamente um esqueleto completo e algo mais. A polícia encontrou seis crânios, uma espinha e vários outros ossos no apartamento da mulher. O mais surpreendente é saber que a tal mulher usa os esqueletos para fins sexuais, ou pelo menos é isso que algumas fotos insinuam. Os ossos foram comprados pela Internet, em diversos lugares. Agora ela está sendo indiciada por "perturbar a paz dos mortos", o que soa estranho.
Aqui no Brasil, temos o Título V (Dos Crimes Contra o Sentimento Religioso e Contra o Respeito aos Mortos), Capítulo II (Dos Crimes Contra o Respeito aos Mortos), do Código Penal (LINK). Mas o que é cadáver? A Wikipédia diz que é o nome dado a um corpo, após a sua morte, enquanto este ainda conserva parte de seus tecidos. Após a decomposição de todos os órgãos, músculos e tecidos, o mesmo passa a ser denominado como ossada. O termo carcaça é aplicado para se referir ao corpo de animais vertebrados e insetos mortos. O Houaiss diz que é o corpo morto, inteiro (ou quase inteiro), e não decomposto, de um animal e especial de um ser humano. Então, uma ossada não é um cadáver, e tal coisa não poderia ser aplicada no Brasil, mas estamos falando da Suécia.
O ponto que quero abordar é: qual o problema envolvido? Sim, por que a dona quer transar com um esqueleto. Isso é muito diferente dos inúmeros apetrechos eróticos à solta por aí? E eu não acho que esqueleto de verdade seja item de sex-shop, onde ninguém está fazendo tráfico sexual de mortos. Nem mesmo a Suécia seria capaz disso. O Brasil eu já não tenho certeza.
O conceito é puramente religioso e mais ofende os familiares do que o morto em si. Paz dos mortos? Vocês conhecem algum defunto que voltou e disse "Sacanagem, pô! Usaram minha coxa para fazer virar os olhinhos". Imaginem num culto evangélico, onde uma santa senhora volta do além para protestar que andaram se divertindo com seu cotovelo.
Sejamos honestos: não existe esta besteira de "paz dos mortos". E mais idiota é alguém de fora reclamar. É como se alguém no Acre fizesse uma queixa onde eu, morando no Rio, estou muito irritado. Faz sentido? Então, partimos para a questão do sentimento religioso. Daí alguém diz que sua religião honra os mortos fazendo sexo com eles. E aí, filhão? Qual religião está certa? Qual religião está errada?
A mulher está presa desde setembro, sem poder trabalhar, vivendo de assistência social. E por quê? Porque alguém reclamou da ossada. E quem reclamou da ossada? Não foi um parente, pois não se sabe de quem são os ossos. Quem está ofendido, então? Este cara aqui?
Ele parece até contente Vejam o sorrisão dele.
Antes que perguntem, eu acho completamente doido se casar com um esqueleto, mas não vejo, entretanto, nenhum crime ali. Imagino que se fosse um esqueleto de uma mulher, um monte de femininazis clamaria contra a dominação machista mundial. Simplesmente, é uma questão religiosa, onde freios sociais estão sendo impostos, da mesma maneira como querem impor que sair de mini-saia fará Jesus chorar e beber uma cervejinha deixa Alá puto da vida. Se você for pra Jerusalém de mini-saia, tomar uma cerveja e comer um torresminho, pronto! Será amaldiçoado para sempre (ou então recebe um míssil do Hamas no quengo, mesmo).
Nisso, o pessoalzinho acha que o fim-do-mundo taí, como se coisas bizarras assim fossem novidade. Se crucificar e martirizar em honra a um outro defunto faz sentido, dormir com outro, não.
Sexo, drogas, guerras e gente doida são coisas que sempre existiram. Eu não serei hipócrita a ponto de dizer que se roubassem a ossada da minha avó para fins libidinosos não seria nada demais. Mas daqui a alguns anos, quem se importará? Ela? Seria a única, mas pelo visto não é algo que vai acontecer.
A mulher negou nesta terça-feira todas as acusações e ressaltou que seu interesse pelos esqueletos é por motivos históricos e que não os tratou de forma humilhante. Acredito na segunda parte. Na primeira, nem tanto, mas não faz diferença. De qualquer forma, no exame psiquiátrico preliminar, a acusada não apresenta nenhum transtorno mental grave, e eu não sei porque deveria. Ah, sim, ela faz algo que a moral religiosa não acha legal, então deve ser louca, maníaca, psicopata e come criancinhas. Ah, desculpem, esses são os padres.
Assim, temos um exemplo do fator religioso ainda moldando sociedades e algum insano acha que pode-se acabar com a religião de uma hora pra outra. Boa sorte, pessoal. Mais fácil se casarem com um esqueletão.
Fonte: G1

Não creio que as eventuais fantasias da sueca, sejam diferentes do uso de cadáveres humanos para estudos médicos, aliás essa idéia de respeito por restos mortais é absurda. Acho crime destruir bibliotecas, patrimonio histórico e cultural.
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https://ceticismo.net/2012/07/20/livros-em-excesso-leva-fundacao-para-o-desenvolvimento-da-educacao-de-sp-a-destrui-los/
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crime de lesa-pátria, sua definição é perfeita
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