A Índia é um país exótico. Uso a palavra “exótico” no mesmo sentido que nossas mães empregavam para se referir às belas moças esquisitas com as quais saíamos. Ao menos, para as amigas, enquanto que para nós elas diziam esquisitas, estranhas e, “pelamordedeus o que essa garota tem pendurado no nariz?”. Enfim, a Índia é um país esquisitão, cheio de coisas para lá de bizarras, como o Golimar, Tônico com Guaraná e o Rivaldo Sai desse Lago (YouTube está à sua disposição, filhos). Agora, eles resolveram radicalizar, pois o trânsito está cada dia mais caótico, com aquele bando de motoristas ensandecidos e seus cacarecos que não anda com mais de uma marcha. Me disseram que os governadores de São Paulo se inspiraram no modelo automotivo indiano. Depois de ter ficado parado na Av. Brasil hoje de manhã, imagino que o Rio está copiando o modelo paulistano, que copiou o modelo indiano, que foi proposto por Satã.

Agora, os indianos resolveram dar um basta naquela desgraceira e empregaram algo definitivo… definitivamente idiota: usar pirâmides nas estradas para fluir energias cármicas ou alguma bobagem do Feng Shui. Estou aguardando nossos perclaros políticos adotarem isso aqui.

O trânsito da Índia para ser absurdamente caótico precisa melhorar muito. Calcutá chegou a proibir a circulação de veículos com mais de 15 anos, como coisa que as pessoas ligam para leis. Os motoristas conseguem ser mais loucos que os daqui, chegando ao ponto em que as estradas indianas batem recordes mundiais de acidentes com mortes! Em 2006, a Índia assumiu o lugar da China com maior número de mortes nas estradas. Para maior dos pecados, aquele lindo e maravilhoso lugar, onde consegue ter mais mendigos por metro quadrado que a Praça da Sé ou na Central do Brasil, possui o carro mais barato do mundo. Se bem que para quem está acostumado a viver com centavos de dólar por dia, não deve fazer grande diferença.

Assim, o trânsito vai piorando cada vez mais; entretanto, os distintos dirigentes do país resolveram que não ficariam de braços cruzados e importaram uma solução chinesa, com tecnologia egípcia: o uso de pirâmides ao longo das estradas.

Os incríveis visionários do sistema de transporte indiano instalaram pequenas pirâmides em dez locais considerados propensos à acidentes, de forma que as energias cármicas ou fengshuianas ou sei lá como chamam aquela palhaçada para conter os acidentes. Reduzir o número de veículos, punir os maus motoristas e melhorar as estradas é algo que não passou pela cabecinha de curry deles. Shiva usou todos os seus braços para dar um homérico facepalm, Vishnu disse que ia se vestir de azul e sair de fininho para não ver a merda que vai dar e Brahma continua dormindo no ponto.

O Vice-Comissário da Polícia Rodoviária, Sahebrao Patil explicou que a ideia de usar as pirâmides como parte da estratégia da segurança nas estradas foi adotada depois de uma reunião dos engenheiros de trânsito com um especialista em Vastu, um enganador da laia de gente como Adelaide, a Anã Paraguaia do Tempo. Muito provavelmente, o “raciocínio” se baseou no seguinte: Vejam só o planalto de Gizé. O trânsito de camelos em volta das grandes pirâmides nunca foi problema pros faraós (êêê, Faraóóóóó!!!). Aliás, por causa DE QUÊ vocês acham que os faraós e as faroínas (as esposas dos faraós, ignorantes) mandaram construí-las? Marcos para balizamento de espaçonaves? Túmulo de mortos? Claro que não! Era para organizar as cáfilas que vinham até Gizé.

Resumindo, meus amigos. Se vocês querem segurança no trânsito, joguem fora a imagenzinha de São Cristóvão fora, mesmo porque ele nem conta mais como time de futebol no Campeonato Carioca. prefiram uma pirâmide, ou então uma estátua de Nossa Senhora dos Imbecis. Desafivele o cinto, ande muito acima do limite de velocidade e não faça manutenção no seu carro (air bag é pra fracos!). São Darwin os receberá de braços abertos.