Há algum tempo atrás, não íamos aos supermercados comprar comida e colocarmos nos microondas, éramos caçadores-coletores, isto é, se queríamkos comer, tínhamos que correr atrás do prato do dia. O problema que algumas vezes eles estavam lá, bem à nossa frente, nas árvores, enquanto que outros petiscos tinham a péssima mania de fugir da gente. Se bem que ver um monte de humanos peludos correndo atrás de você com um pedaço de pau ou osso não deveria ser uma visão das mais felizes: pernas pra que te quero!
Tirando o fato que muitas vezes o “petisco” decidia que VOCÊ era o almoço (e isso bem antes de terem inventado a reversal russa), fazia necessário correr atrás da comida. Literalmente. E isso propiciou que aprendêssemos a correr direito, de forma a não gastarmos tanta energia, pois ainda tínhamos que passar o cerol no rango ANTES (já que comer o bicho vivo não era agradável para nenhum dos dois lados).
Algum de vocês possui um gato ou cachorro? Observem como eles andam. A parte da pata que eles tocam o chão efetivamente são as pontas dos dedos. Isso não é exclusividade só deles, muitos mamíferos são assim. Por quê? Muitas vezes, nossos primos do passado tinham que andar grandes distâncias, e andar nas pontas dos pés pode ser legal pra bailarinas ou para explosão de velocidade, mas não para uma maratona. Em contrapartida de se usar as pontas dos pés, garantindo velocidade, andar usando o calcanhar como apoio oferece um gasto de energia muito menor (cerca de 50%).
O professor David Carrier, da Universidade de Utah e seus colaboradores testou em uma equipe de voluntários saudáveis a quantidade de oxigênio consumido durante a caminhada normal, com calcanhar como principal ponto de apoio. Em seguida, refizeram os testes com os voluntários usando as pontas de seus dedos.
Os pesquisadores concluíram que os voluntários que andavam usando o calcanhar como ponto de apoio gastavam cerca de 53% menos energia do que andar com o calcanhar ligeiramente levantado do chão, isto é, usando os dedos como pontos de apoio. O estudo que foi publicado no Journal of Experimental Biology.
Segundo o professor Carrier, “não houve diferença entre a eficiência dos corredores quando eles corriam com pés planos ou com seus dedos”. Isto significa dizer que para correr, não fazia muita diferença entre usar o calcanhar como apoio ou as pontas dos de=dos, a diferença do gasto energético situa-se apenas durante o caminhar. Ainda segundo ele, “ambas as posturas, calcanhar primeiro ou primeiro dedo do pé, são igualmente eficientes para os corredores. Mas os caminhantes humanos queimam cerca de 70% menos energia do que os corredores humanos ao cobrir a mesma distância”.
Foi essa diminuição no gasto energético e otimização na cobertura de longas distâncias que nos facilitou espalharms pelos continentes, em busca de víveres, até que aprendêssemos de vez em usar a agricultura de forma a termos nosso alimento sempre à disposição (ou quase). Tal coisa não é importante para os demais animais, pois eles caçam e coletam. Dessa forma, para as outras espécies de animais, é importante ter membros adaptados para correr, já que isso faria a diferença entre a vida e a morte e os guepardos e antílopes não me deixam mentir.
Já nós, seres humanos, acabamos desenvolvendo membros mais adaptados a ganhar terreno e cobrir grandes distâncias, onde nossa postura foi a principal responsável. Enquanto isso, nos dias de hoje, nossos contemporâneos usam carros até pra ir comprar pão na esquina. Incrível, não é mesmo?
