Médicos do Recife conseguem curar raiva em paciente pela primeira vez no Brasil

A raiva é uma doença que, para todos os efeitos estatísticos, ainda não tem cura. O agente causador da raiva (um vírus) pode infectar qualquer animal de sangue quente, porém só irá desencadear a doença em mamíferos, como por exemplo cachorros, gatos, ruminantes e primatas (sim, isso inclui você também!). Entretanto, uma técnica desenvolvida nos Estados Unidos, que salvou um paciente em 2004, conseguiu ser aplicada com sucesso pela primeira vez no Brasil. Ela resultou na sobrevivência do garoto Marciano Menezes da Silva, de 16 anos, que havia sido contaminado após ser mordido por um morcego. A informação foi divulgada originalmente pelo jornal “O Globo”.

O sucesso aconteceu no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, ligado à Universidade de Pernambuco, no Recife. O adolescente estava internado desde outubro do ano passado e nesta quarta-feira (04/02) deve deixar a UTI e passar à enfermaria, onde poderá ter a companhia da família 24 horas por dia. “Achamos que isso será muito bom para ele”, disse o Dr. Gustavo Trindade Filho, coordenador médico da UTI de Doenças Infecciosas do hospital. Palmas pro cara.

Obviamente, alguém vai falar “Graças a Deus”, mas esquecem que este foi o PRIMEIRO caso de cura no Brasil. E os outros, hein? Javé devia estar de férias no Caribe, ou enchendo a bunda de alguém com hemorróidas de ouro. Dessa forma, a equipe de médicos do qual Trindade faz parte seguiu os passos do americano Rodney Willoughby, dos CDC (Centros de Controle de Doenças, localizado em Atlanta, EUA) – que, em 2004, conseguiu tratar uma paciente com sucesso.

Normalmente, os acometidos por raiva – a doença, pombas, a doença! – podem ser protegidos profilaticamente, quando tomam vacina e soro logo após o incidente que teria ocasionado a transmissão do vírus, que por sinal dói pra diabo, mas considerando que ninguém quer morrer – mesmo se for pra ficar sem sentir dor – as pessoas tomam as injeções agradecidamente. No entanto, quando esse sistema não é bem aplicado (como foi o caso de Marciano Menezes), a doença se desenvolve, causando inflamações no cérebro e na medula. Quando isso acontece, a regra geral é que o paciente não sobrevive.

Com base em casos documentados em humanos e experimentos em animais, Willoughby desenvolveu um protocolo para tentar salvar os pacientes. Num primeiro momento, ele dava um sedativo forte e um medicamento antiviral. “O sedativo tinha por objetivo, reduzir ao máximo a atividade do cérebro”, conta Trindade. “Já o antiviral servia para ajudar o corpo a combater o vírus no organismo.”

Na paciente tratada por Willoughby (sim, eu também me lembrei do filme “Willow na terra da magia”) em 2004, a estratégia funcionou. O vírus foi eliminado do organismo, mas os testes revelaram que uma substância importante no sistema nervoso, a biopterina, aparecia em baixa quantidade no organismo. O americano então concluiu o tratamento injetando o composto, para que ela tivesse maior chance de recuperação.

Os médicos brasileiros não estavam acompanhados do Dr. House e nem tinham 50 minutos para resolver o problema, logo meteram a mão na massa e fizeram basicamente a mesma coisa que Willoughby: deram antivirais e sedativos. Após o fim da infecção, despacharam uma amostra do líquido que envolve a medula e o cérebro de Menezes para os EUA, a fim de que se fizesse a medição da presença de biopterina e se decidisse pela dosagem ideal para o adolescente.

Feito isso, o tratamento de Menezes foi concluído. A combinação de medicamentos permitiu que o corpo de Menezes vivesse mais e ganhasse mais tempo para eliminar completamente o vírus da raiva do organismo.

Os testes confirmam o sumiço de qualquer traço do patógeno. Resta saber agora as sequelas que serão enfrentadas pelo menino. Como a doença afeta o sistema nervoso, é possível que ele tenha sofrido severos danos.

“No lado cognitivo, ele já está dando sinais de recuperação”, diz o Trindade, ao contar que ele já responde perguntas simples, que exijam “sim” ou “não”. Trindade não é santo, não precisou de milagre, só de seu preparo profissional e de uma equipe competente, com medicamentos adequados. Science Rulez!

A preocupação maior agora é a de recuperação dos movimentos. O paciente precisará fazer fisioterapia para recuperar o controle dos braços e das pernas. De toda forma, ele agora está livre da doença e fora de perigo.

O caso do menino Marciano é apenas o terceiro a superar a raiva, e o segundo a sobreviver. “Uma das que se livrou do vírus, uma paciente na Colômbia, acabou morrendo por complicações clínicas posteriores”, indica Trindade. Em todos os casos, o protocolo de tratamento criado por Willoughby foi utilizado. Mas isso não quer dizer que ele seja a solução definitiva contra a raiva. Mas, antes também não tinhamos cura para pneumonia, o diagnóstico de tuberculose era atestado de óbito e hanseníase era resolvida com banimento. O tempo passa, a Ciência evolui, mas alguns aspectos da sociedade ainda são toscos. Um dia a gente resolve isso também (espero).

Segundo Trindade, foram feitas ao menos 16 tentativas ao redor do mundo, após o sucesso inicial do americano em 2004. Apenas 3 se livraram do vírus, e 2 sobreviveram. A estatística ainda não permite concluir muita coisa, salvo que há algo que efetivamente dá certo, pelo menos em alguns casos, no protocolo utilizado.

“É o melhor que a gente tem hoje”, afirma Trindade. “O que vai vir daqui para a frente, a gente vai aprender, e vai aprender junto”, conclui o médico, dizendo que há ainda um longo caminho adiante para pesquisas e testes até que se possa salvar as vítimas de raiva com maior freqüência e com menos sequelas. Para todos os efeitos, a raiva ainda é incurável na imensa maioria dos casos.

Como o próprio Abbadon me falou:

Isso que só prova que quem cura de verdade é a Ciência, com o esforço árduo de médicos, não um Jesus qualquer de qualquer igrejinha de papelão a troco de dízimo para pastor vagabundo. O “médico dos médicos” não possui algum “testemunho” milagroso de pessoas curadas de raiva? Ah, sim… os amputados e curados de AIDS… Um dia receberemos os laudos para provar isso tudo.


Fonte: G1

8 comentários em “Médicos do Recife conseguem curar raiva em paciente pela primeira vez no Brasil

  1. Palmas e mais palmas, para essa nova conquista da humanidade, baseada, no desenvolvimento intelectual, tecnológico, científico, humanitário e moral da sociedade, e não em milagres, ou dogmas, e superstições!

    Curtir

  2. É realmente inspirador ver a ciência como extensão de nossas capacidades resolver problemas que milênios de oração não fizeram nada a não ser piorar.

    Curtir

  3. acho fantastico os avanços da medicina !!!
    mas fico triste quando ceticos , tecem comentarios infundados baseados em seus proprios conceitos , mas Deus Não tira férias simplesmente pq ele não precisa,vc é que deve estar precisando de um tempo maior com aquele que além de ser médicos dos médicos não leva em consideração asneiras que nós simples mortais falamos do alto de nossa ignorância .

    Curtir

      1. @André, olha andré o médicos dos médicos exeste apesar de sua observação e comentários , pois ele não precisa ´provar nada pra ninguem é triste ver como tem pessoas que falam daquilo que não conhecem

        Curtir

    1. @mayse lima,

      O “medico dos medicos” nao consegue curar pessoas queimadas em 3° grau, bebes que nascem com labio leporino, deformacoes congenitas como a Ictiose Arquelina, amputados, surdez congenita, etc…

      Quer que eu faca uma lista das milhares de doencas que o “medico dos medicos” nao consegue curar em suas exibicoes nas igrejas ?

      Curtir

Deixe um comentário, mas lembre-se que ele precisa ser aprovado para aparecer.