Sobre a lei que restringe o uso de sacolas plásticas no Rio

Sexta-feira passada (16/07) entrou em vigor, no Rio de Janeiro, uma lei que limita o uso de sacolas plásticas pelos supermercados de grande porte. De acordo com a lei, os grandes supermercados não poderão mais oferecer sacolas plásticas, ficando responsáveis também pelo seu recolhimento, tendo que oferecer um desconto de 3 centavos por cada cinco produtos comprados. A estúpida ideia foi proposta pelo ex-ministro do Meio Ambiente e deputado estadual Carlos Minc (PT), que se acha mais inteligente que uma abóbora, mas eu tenho cá as minhas dúvidas.

A lei é estúpida por vários detalhes. A começar com: Como as pessoas transportarão os mantimentos para casa? Os mercados oferecerão caixas de papelão? Ótimo! Muito legal e perfeitamente de acordo com a onda eco-chata. Só que larga maioria das pessoas anda de ônibus ou vans/kombis/whatever. Imaginem uma família fazendo compra de mês, todo mundo carregando caixas de papelão, subindo e descendo ônibus/vans/kombis/whatever. Há a possibilidade de usarem aquelas famigeradas ecobags. Quem pagará por elas? E quantas serão necessárias? Haverá um bolsa-ecobag? A melhor alternativa, portanto, seria como era (muito) antigamente, quando os mercados usavam bolsas de papel grosso (uma maravilha quando chovia).

As pessoas pegaram o hábito de usar as sacolas como embalagem de lixo. Ainda mais considerando que lixeiro aqui no Rio é fresco e não gosta muito de pegar lixo. Quando se mora em prédio, não faz muita diferença, mas muitos moram em casas e colocam seu lixinho em cima do muro ou na porta de casa pro pessoal da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) levar embora… quando estão de bom humor, claro. às vezes, “esquecem” de ir coletar o lixo, principalmente se for dia de jogo da Seleção.

As sacolas realmente possuem um problema ecológico, já que não podem ser recicladas e muito dificilmente podem ser reaproveitadas. Ninguém quer reaproveitar um saco que foi usado para embalar os restos mortais de uma feijoada do dia anterior e papel higiênico usado (não faça cara de nojinho, mulher gostosa também vai ao banheiro para se livrar de seus excretas). Isso aliado à tendência porca do brasileiro de jogar lixo em qualquer lugar, muitas vezes DEPOIS do lixeiro passar (aqui no Rio, eles passam dia sim, dia não). Soma-se a isso que todos defendem coleta seletiva de lixo, coisa que não existe aqui.

Observei num colégio (particular) que as professoras de Ensino Fundamental faziam trabalho de conscientização dos alunos sobre coleta seletiva do lixo (os de Ensino Médio não estavam nem aí), até que apontei uma coisa à coordenadora e à diretora: Os alunos estavam começando a jogar os lixos orgânicos, plásticos e papéis em lixeiras devidas, só que o pessoal da conservação (prefiro dizer “conservação” do que “faxineiro”, apenas por retratar que eles não apenas coletam lixo e limpam, mas mantém limpo. Sim, eu sei que pode ser preciosismo exagerado. problema meu) vinha, pegava as lixeiras e esvaziavam-nas no mesmo sacão de lixo. Perguntei qual o significado disso, posto que os alunos viam quando o lixo era coletado. A resposta foi: “Ah, mas se separarmos todo o lixo, o gasto com sacos será maior”. Percebendo minha cara de WTF, a coordenadora arrematou que o principal é que eles estavam conscientizando as crianças, para que elas crescessem tendo isso enraizado nelas (eu não estou inventando). Eu perguntei às duas se elas tinham lido Sátiras, de Juvenal. Elas me olharam de maneira como se eu estivesse bêbado. Não se pode esperar outra coisa de pedagogos.

Não há coleta de lixo seletivo, as pessoas estão acostumados a misturar todo o lixo e mandar embora, nem que seja no primeiro rio ou terreno baldio que encontrem. A população é PORCA! Vejo idiotas (muitas vezes, mocinhas metidas de nariz empinado) jogando lixo no chão, mais das vezes a poucos passos de uma lixeira da Comlurb. Isso quando algum vândalo não teve tempo de colocar fogo nas lixeiras (que são de plástico) e o dono do movimento local não mantém porcos (agora estou me referindo ao mamífero bunodonte) sendo criados a lavagem, para depois servir de feijoada pros amigos. Não, não estou sob efeitos de alucinógenos. Sendo servos de Deus, os repórteres do “Bispo” não me deixam mentir.

Assim, acham mesmo que coibir o uso de sacolas plásticas ajudará em alguma coisa? Só se for na cabeça do Minc, cuja lei propõe que os supermercados ajam como postos de recebimento de sacolas plásticas. Já estou até vendo: Você coloca seu saquinho pro lixeiro levar, algum retardado vem, abre o saco, espalha o lixo pela rua e leva o saco embora pra vender pro supermercado ou trocar por feijão e arroz, segundo a estúpida lei prevê.

Pessoas argumentam que isso não adiantará de nada, pelo contrário. Ajudará os supermercados a vender mais sacos de lixo. E dizer que “Ah, mas as pessoas terão desconto se não levarem sacolas” é a coisa mais IMBECIL que existe. Ok, você ganha 3 centavos de desconto. O mercado aumenta em 1 centavo cada mercadoria. Resultado: lucro de 2 centavos; e mesmo que não faça isso, o que 3 centavos fará de diferença, cacete?

A lei é estúpida, idiota, eleitoreira, eco-chata e totalmente desprovida de qualquer senso, nem precisa ser bom senso. Isso não fará com que as pessoas joguem lixo no ambiente e nem fará com que haja diminuição na poluição urbana. Enquanto isso idiotas querem derrubar uma via de acesso expresso, como é a Perimetral, à guiza de “mostrar aos turistas a beleza da baía da Guanabara”, com aquele maravilhoso odor fétido de lixo e poluição jogado nela, sem pararem para pensar que a grana poderia ser usada em despoluir a droga da baía. Mas se resolverem o problema, o que prometerão nas próximas eleições? Nas outras? E nas outras? E nas outras? E nas outras…?

Podem tentar impedir o uso de sacolas plásticas o mais que quiserem, mercados de pequeno e médio porte ainda possuem permissão de usá-las e continuarão a usá-las. Não fará diferença. Porque, mesmo que impeçam definitivamente seu uso, o Estado do Rio de Janeiro continuará poluído, pois a população é porca, imunda, irresponsável, vândala e não possui o menor senso de limpeza, de uma maneira geral. E você, que está lendo isso, é bem capaz de ser mais um que cospe chiclete na rua depois de tê-lo mastigado bastante.

20 comentários em “Sobre a lei que restringe o uso de sacolas plásticas no Rio

      1. @André, Bem, o único argumento valido para não proibir, é que “daria” muito trabalho para carregar as compras em uma van/kombi/whatever. Não concordo, acho que não “daria” mais trabalho do que usando sacolas plásticas. E mesmo que o fosse, algum esforço tem que ser feito, todos devem se adequar, o custo das sacolas retornaveis por exemplo acho que deveria ser dividido entre o consumidor, a empresa e a união. Acho que não seria inviavel.

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        1. O problema não é só o fator “transporte”, mas um somatório deles. ESTE é o problema. Transporte por transporte, seria interessante, pois faria com que as pessoas juntassem seus dejetos e centralizassem suas compras. Acontece que muitos (inclusive eu, claro) tendem a ver locais mais baratos, fazendo compras em mais de um lugar, aproveitando promoções.

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          1. @André, Não, não está… “…A lei é estúpida por vários detalhes. A começar com: Como as pessoas transportarão os mantimentos para casa? Há a possibilidade de usarem aquelas famigeradas ecobags. Quem pagará por elas? E quantas serão necessárias? Haverá um bolsa-ecobag? …”
            É a única parte que fala em ecobags/bolsas retornáveis. Argumento para não usar? Acho que já expliquei o que poderiamos fazer quanto ao custo delas.

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  1. Será q sacolas de papel são realmente mais ecologicas q as de plástico? Pq imagino q a quantidade de àrvores necessárias com isso deve aumentar um bocado.

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  2. Concordo com sua visão de que a lei é o mesmo que trocar seis por meia dúzia, isso se não multiplicar o seis pelo seis. Só quanto ao fato da escola que mencionou, isso não é exclusivo deles. Já foi em algum fast food que tem a liveira de orgânico e reciclável? … Pois embora algumas pessoas tentem colaborar separando seus lixos, já foi flagrado que independente do local, os sacos de lixo são jogados na mesma grande lixeira e levados pelo mesmo carro de lixo. Ao menos essa informação é verdadeira por São Paulo, não sei os demais estados.

    Ah, mas não diz que a leia é eco-chata. Algumas são boas e possuem fundamentos para resultados de médio e longo prazo.

    Ainda queria comentar, mas aí teria discussão e ao contrário de muitas mulheres, ODEIO falar demais ‘-‘

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  3. Essa lei só faz sentido se os sacos de lixo a venda por ai forem biodegradáveis. Eu uso essas sacolinhas pra por lixo mesmo, muito prático. E até já comprei uma daquelas sacolas de supermercado, mas nem sei onde ela tá… rsrsrs

    Quanto aos sacos de lixo, alguém sabe dizer se são ecologicamente mais corretos que as famigeradas sacolas?

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    1. Lilian, acho que seria mais interessante haver uma conscientização em termos de limpeza urbana por parte da população. Quando isso vai acontecer? Nunca. triste, mas essa é a verdade.

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  4. Queria dar o meu testemunho, não de fé :grin: , mas do que se faz em um país da Europa sobre o assunto.

    Residi alguns anos na Itália, e me parece bem eficaz o que eles fazem por lá. Lá não existe proibição de sacolas plásticas, mas quem quer utilizar as que o supermercado disponibiliza tem que pagar 5 centavos de euro para cada uma das sacolas mais simples, e 15 para as mais duráveis (uma espécie de ecobag).

    Como os euros por lá eram sempre curtos, tinha o costume de comprar as sacolas duráveis, e trazê-las sempre comigo na hora de ir às compras, e assim como eu muitos outros faziam da mesma forma. Eventualmente comprava uma ou outra sacola caso faltasse espaço. As caixas de papelão onde vinham os produtos eram deixadas pela loja pelos funcionários, caso as pessoas quisessem usá-las, sem custo.

    Mas melhor ainda foi quando comecei a ir às compras levando um carrinho (desses de 2 rodinhas, tem de metal, de pano). Na medida que a caixa ia passando os produtos, eu ia colocando no carrinho, dessa maneira sem usar nenhuma sacola. E muito faziam dessa forma. E do carrinho iam direto para o armário da cozinha, geladeira, etc. Fácil e prático!

    Além disso as municipalidades de lá são muito rígidas com relação à separação de lixo. O lixo se não for separado sequer é recolhido, e os moradores levam multas se não separam o lixo. Todos se fiscalizam.

    Certa vez em Milão aconteceu um fato parecido com o relatado pelo André. As pessoas fizeram a separação do lixo, mas na hora de recolher, o caminhão da prefeitura misturou tudo o que foi cuidadosamente separado. Acontece que estas pessoas foram multadas, mas a prefeitura não contava com a astúcia destes munícipes. Munidos de máquina digital filmaram a porcaria que o caminhão de limpeza fazia, e conseguiram cancelar a multa e a demitir o funcionário que fazia a porcaria!

    A civilidade de um povo se vê nisso também, da maneira como lidamos com nosso lixo!!

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  5. Essa idéia é uma frescura mesmo.

    Sacola plástica de supermercado é um porre mesmo, ela e as famigeradas garrafas PET enfeitam o tietê.
    Nessa parte o brasil regrediu mesmo. Quando era menino (época de fichas telefonicas da telesp, orelhão azul pra ddd….) as boas e velhas garrafas de vidro e sacolas de papelão davam conta do recado.
    E outra: não tinha saco de lixo eram os baldes de lixo….
    Se íamos ao mercado a pé era com as famigeradas sacolas quadriculadas, que davam conta do recado, que ainda existem por sinal.

    Bela droga de progresso.

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