
Eu adoro ela, a Natureza, boazinha e ética. Esse espetáculo grandioso onde todos os seres vivos coexistem em perfeita harmonia, os bichinhos cantando Hakuna Matata… até o mais fofinho virar almoço do mais faminto. É um banquete eterno, um rodízio selvagem onde uns mastigam e outros são mastigados; e se você ainda acha que “os animais se alimentam juntos” é sinal de convivência pacífica, talvez precise rever a National Geographic (a raiz, não a NatGeo dos realities).
Pois bem, o zoológico de Aalborg, na sempre civilizada DinamarcaCitation Needed, resolveu dar uma forcinha para a Mãe Natureza. Só que em vez de deixar que o circle of life siga seu fluxo longe dos olhos do público sensível, eles decidiram institucionalizar o ciclo da vida em horário comercial e com formulário de doação.
É, pois é, amiguinhos da vida animal: agora, o coelho da sua filhinha pode virar a marmita ecológica do leão, com selo de sustentabilidade e tudo. Porque nada representa mais a beleza do mundo natural do que um bicho comendo outro, e de preferência o seu.
No zoológico de Aalborg, o lanche do leão pode ter nome, sobrenome e até uma casinha com placa. Isso porque o local está incentivando a doação de animais de estimação mortos — ou sacrificados por ordem veterinária — para alimentar os predadores do parque. Uma prática que, segundo a diretoria do zoológico, está dentro dos protocolos de bem-estar animal e sustentabilidade. Porque não há nada mais ecológico do que reaproveitar o Totó para não deixar faltar proteína no prato do tigre, sem trigo incluso, porque tigres são estritamente carnívoros e quem inventou o quebra-língua era idiota.
Nós aceitamos coelhos e porquinhos-da-índia doados por particulares. Eles são usados como alimento para nossos animais de rapina e carnívoros. Esses animais não são mortos por nós, mas apenas recebidos já mortos ou sacrificados por motivos veterinários.
Explicou Majken Rosenberg Clausen, veterinária-chefe do zoológico. Tradução: não matamos o seu bichinho, só garantimos que ele continue sendo ótimo em fornecer amor incondicional e proteína, só que agora para um urso-pardo.
A proposta, apesar de sustentável, causou um pequeno terremoto no coração dos donos de pets. O zoológico garante que tudo é feito com “dignidade”. Sim, claro, tenho certeza disso. Não duvido nadinha que não haja qualquer coisa mais digna do que ter seu bichinho de estimação ser mastigado por um lince em frente a uma criança de Fundamental 1. E com direito a plaquinha: “Refeição gentilmente doada por dona Gertrudes”.
Clausen ainda afirma que a equipe está acostumada a lidar com a perda e o luto das famílias. Afinal, não é todo dia que você faz a travessia do Arco-íris e termina na barriga de um leão.
Agora fica o dilema: você enterra o seu bichinho no quintal, o crema com trilha sonora de Sarah McLachlan ou o entrega para virar parte do ecossistema, do jeitinho que a natureza manda? E lembre-se: o ciclo da vida não tem pausa para o luto. O jantar do tigre não espera.
Fonte: Guardian

Eu tenho certeza de que eu vou pro inferno, mas eu só lembrei do CGP Grey falando “10 pounds of grass make a pound of steak and 10 pounds of steak make a pound of tiger” xD
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