Sim, confesso. Quando estou sem notícias ou inspiração, eu vou catar alguma coisa bizarra acontecendo na Índia. Meus financiadores, mecenas e cracudos que dependem dos meus textos e pagam as minhas contas me mandando dinheiros parecem preferir as esquisitices dos nossos amigos do Vale do Indo (se existe Vale do Indo, tem Montanha do Voltando? Cartas para a redação).

A notícia de hoje tem a ver com casório, cerimônias, vestidos mequetrefes e até espadas desembainhadas. Algo meio normal lá em Panipat, uma cidade no estado de Harianah, no norte da índia, com cerca de 300 mil pessoas, o que para padrão indiano é como o município de Carapebus, no estado do Rio. Parece que pessoal ficou bolado com um vestido, o noivo não achou um luuuuuuuxo e teve ataque de piti.

E nem é sexta-feira ainda!

Tudo começou no dia 23 de fevereiro de 2025, quando o noivo, vindo de Amritsar (uma cidade do estado do Punjab), chegou com sua baraat. Isso não é nenhuma feitiçaria sanguinolenta, mas uma procissão do noivo; era para ser uma celebração alegre. Ao invés disso, o caldo entornou, o feijão azedou, Bollywood não dançou. O motivo? O lehenga da noiva, cuja família insistiu que ela usasse um modelo comprado em Chandni Chowk, avaliado em 40.000 rúpias (ou 26 mil reais, ou um quilo de café e uma dúzia de ovos), enquanto o noivo trouxe um modelo mais modesto, que foi imediatamente rejeitado.

O lehenga é uma peça tradicional da vestimenta indiana, usada principalmente por mulheres em ocasiões especiais, como casamentos. Consistindo em uma saia longa e rodada, muitas vezes ricamente bordada ou decorada com materiais luxuosos, o lehenga é usado em conjunto com um choli (blusa) e um dupatta (lenço ou véu).

Voltando ao arranca-rabo de Vishnu, a tensão escalou rapidamente, com a família do noivo alegando que a família da noiva estava fazendo exigências exorbitantes, incluindo joias de ouro e presentes caros… ou seja, fazendo o que toda família de noiva faz. Por outro lado, a mãe da noiva, uma viúva que luta para sustentar a família, acusou o noivo de trazer joias falsas e até de esquecer itens básicos como guirlandas para o ritual.

E aí a coisa começa a ficar mais divertida (é uma figura de linguagem, mas eu aqui estou rindo muito com isso): um convidado, que já devia ter tomado umas e todas, sacou uma espada, transformando o local em um verdadeiro caos. Os meganhas de Shiva foram chamados para intervir, mas o estrago já estava feito. O casamento foi oficialmente cancelado, deixando ambas as famílias com nada além de memórias amargas e manchetes escandalosas.

Moral da história? Na guerra do casamento, o amor pode até sobreviver, mas nem mesmo ele é páreo para a fúria de um noivo fashionista e de uma família disposta a tudo por honra e…

Um convidado armado com uma espada. Meu casamento não foi divertido assim. Droga!

Fonte: Times of India