A história do fogo na Tasmânia é bem mais antiga do que se pensa

Imagine um mundo onde as florestas são moldadas pelo fogo, não como uma força destrutiva, mas como uma ferramenta que não só mudou a História da Humanidade, como efetivamente criou a humanidade. As primeiras migrações humanas da África para a parte sul do globo estavam bem encaminhadas durante a primeira parte da última Era Glacial – os humanos chegaram ao norte da Austrália há cerca de 65.000 anos, fundando as primeiras comunidades Palawa/Pakana finalmente chegaram à Tasmânia (conhecida pelo povo Palawa como Lutruwita), e lá se estabeleceram.

Agora, uma pesquisa revelou que essas práticas de manejo da terra foram realizadas muito antes do que se pensava.

O dr. Matthew Adeleye é geógrafo da Universidade de Cambridge, cujo principal interesse é o estudo das interações entre humanos e o meio ambiente. Sua pesquisa abrange desde a análise de paisagens antigas até o impacto das mudanças climáticas nas comunidades indígenas.

Adeleye, que não é anão e muito menos paraguaio, colocou os estagiários para trabalhar e juntos (mais os estagiários do que ele, sejamos honestos) analisaram amostras de carvão e pólen contidas em sedimentos antigos para entender como as comunidades aborígenes da Tasmânia interagiam com seu ambiente. Os resultados indicam que essas comunidades começaram a usar o fogo para modificar o denso e úmido ecossistema da ilha cerca de 2 mil anos antes do que se acreditava.

Durante a última era do gelo, o quintal do Taz estava conectado ao continente australiano por uma vasta ponte de terra no que hoje é chamado Estreito de Bass. Essa conexão permitiu que os primeiros habitantes chegassem à ilha a pé, estabelecendo-se em um dos lugares mais ao sul já habitados por humanos até então. As informações colhidas pelos pesquisadores evidenciaram que os aborígenes estavam queimando florestas para criar espaços abertos que facilitavam suas atividades de subsistência e culturais, já que o fogo é uma das principais tecnologias dominadas pelo Homem.

O conceito de “queima cultural”, ainda praticado por algumas comunidades aborígenes hoje, é visto como “ok, é a cultura deles, vamos respeitar. EI, HOMEM BRANCO MALVADO!!!”. E, obviamente, fica ruim criticar os amados aborígenes, então, os pesquisadores jogam aquele migué dizendo que “se vamos proteger as paisagens da Tasmânia e da Austrália para as gerações futuras, é importante ouvirmos e aprendermos com as comunidades indígenas que estão pedindo um papel maior para ajudar a gerenciar as paisagens australianas no futuro”.

O papel deve ser mostrar como se queima florestas com amor indígena.

A pesquisa foi publicada no periódico Science Advances.

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