O Padre, a Fiel e o Destino: o choro do inocente, a vingança dos eruditos

Em uma cidade pequena, onde todos se conhecem e os segredos são tão bem guardados quanto uma linha de pipa segura um touro no cio, e os comportamentos ficam à mercê do rastilho de pólvora chamada fofoca, uma história de amor proibido se desenrolou. Um padre, homem de Deus amado e respeitado por sua comunidade, viu-se em uma artimanha propalada por circunstâncias. Um padre conduz as ovelhas de sua paróquia sendo um guia para os perdidos, um consolador para os aflitos, uma luz para os desesperançados. Mas, nessa história, por trás de sua batina, esconde-se um segredo que poderia abalar os alicerces de fé, do senso de comunidade e… de coração.

O padre viu-se perdido, desorientado, entre o amor espiritual e o da carne, entre o esplendor da inebriante fé em Deus e o aroma pecaminoso da lascívia com ela, uma de suas ovelhas, uma fiel, e neste amor frutificou o pecado do amor proibido fora das leis de um deus que ordenara crescer e multiplicar, e ambos cresceram, mas a segunda parte era proibida pela lei dos homens. Homem e mulher viram os problemas e contemplam as vicissitudes de seus atos no coração das ações da política e seus vieses espúrios.

Esta volúpia, este amor proibido, esta atitude impensada. Senhores, senhoras, esta é mais uma SEXTA INSANA!

Marcos de Miranda tem 47 anos e arte deste tempo foi dedicado ao amor puro, casto e celibatário voltado unicamente a Deus. Este homem é um padre católico… ou era. O motivo? Uma das filhas de Eva, mas, mais que isso! É uma fiel, uma mulher de fé inabalável, que se encontrou grávida e apelou para que César assumisse o que era de César, mas o nome do padre não era César. A paternidade da criança? Ninguém menos que o próprio Padre Marcos. A notícia se espalha como fogo em palha seca, incendiando a pequena cidade com boatos e especulações.

O distrito de Jaçanã, São Paulo, se divide no bochincho. Alguns veem o Padre Marcos – que servia a Deus na Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus – como um pecador, um hipócrita que pregava a castidade enquanto desfrutava dos prazeres carnais. Outros, no entanto, veem nele um homem sujeito às mesmas tentações e fraquezas que todos nós, filhos do Altíssimo, que nos pôs na Terra para seguirmos as suas palavras.

Seria essa a tentação que o Inominável, este execrável, pôs no caminho de Padre Marcos e este sucumbiu? Ou seria apenas o amor puro se apresentando, segundo as antigas leis de Nosso Senhor Jesus, que em nenhum momento pregou castidade ou celibato?

Como avaliar? Perversão, lascívia e devassidão ou um amor verdadeiro, nascido da paixão e da intimidade compartilhada, ou é apenas mais uma manifestação da superficialidade das relações humanas, um mero capricho do destino?

O amor consumado foi efêmero e dele não resultou em união. Pelo contrário, o filho nascido veio com um processo de reconhecimento, negado por aquele que outrora envergava uma batina e pregava a honestidade. Dessa forma, a 7ª Vara da Família e Sucessões havia determinado que o padre pagasse pensão alimentícia à criança, por se recusar a fazer teste de DNA. Quando obrigado por decisão a fazer o exame de paternidade, ficou comprovado que o religioso é mesmo o pai do filho espiritualmente santo que teve com Rosi Silva, a fiel da, onde Miranda era o pároco, e o mundo se desfez.

O amor estilhaçou, a fé quebrou-se, e a Diocese de São Paulo não viu com bons olhos.

Marcos estava numa encruzilhada, pois o trem das Onze Horas partiu, e ele estava ali, solitário como um filho único. E no raiar do dia depois do amanhã, de manhã, soube que fora demitido da Igreja Católica por unanimidade. A vingança foi tomada. Ele caiu, como um anjo que outrora pensava que podia ter uma porção maior de amor.

As duras palavras da intransigência foram que o já não mais padre perdia automaticamente os direitos e obrigações próprios do estado clerical, bem como as dignidades e ofício eclesiásticos, não podendo mais exercer ofício de direção no âmbito pastoral ou assumir qualquer responsabilidade de administração paroquial, bem como a celebração dos sacramentos”

Tendo agora, como Adão, trabalhar para prover seu sustento e pagar pensão, Marcos não está, como Adão, enfrentando uma terra árida e ingrata, pois a Política, a verdadeira tragédia nas palavras de Napoleão, o acolheu mesmo durante o processo sendo conduzido, e em 19 de maio do ano passado, quase um ano antes de ser formalmente comunicado sobre a sua saída da Igreja Católica, Marcos foi nomeado chefe de gabinete da subprefeitura do Jaçanã, cujo salário é de 19.882,84 reais, e cá entre nós fica esta informação, pois, a dadivosa mãe e o preclaro rebento não sabem desta nova remuneração, conseguida graças ao vereador e radialista Eli Corrêa, que cordialmente recebe a toda gente com um Oi entusiasmado.

O padre, continua influenciando em suas influências, mas não sabemos que influências serão essa daqui para frente. Rosi, mãe sem marido, conduzirá seu filho pelas veredas do mundo, como alguém abandonado num estábulo. O filho crescerá e verá o que a hipocrisia da fé ou a fé na hipocrisia levou um homem a fazer, e, talvez, pense que é para se reconstruir o prédio demolido de seu seio familiar, enquanto nas ondas reverberantes do espectro eletromagnético ele aguarda uma singela voz dê oi para toda a gente.


Fonte: Piauí, graças a um incentivo de meus apoiadores, pois quem apoia tem o direito de pedir artigos.

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