Quando os antigos japoneses mexiam com a cuca de todo mundo

A modificação craniana, uma prática que envolve a alteração intencional da forma do crânio, como você deve imaginar é um fenômeno fascinante que tem sido observado em várias culturas ao longo da história. Desde a deformação tabular, onde a cabeça é achatada, até a deformação cônica, onde o crânio é moldado em uma forma pontiaguda, essas práticas têm servido como um poderoso indicador de identidade cultural e status social.

Um estudo recente lançou uma nova luz sobre a prática de modificação craniana no Japão medieval, especificamente entre o povo Hirota que residia na ilha japonesa de Tanegashima do século III ao século VII. O sítio Hirota, localizado na ilha japonesa de Tanegashima, na Prefeitura de Kagoshima, é um local de sepultamento em grande escala do povo Hirota que viveu lá durante o final do Período Yayoi, por volta do século III, até o Período Kofun, entre os séculos V e VII.

A equipe de pesquisa, liderada pelo dr. Seguchi Noriko, pesquisador da Faculdade de Estudos Sociais e Culturais da Escola de Pós-Graduação em Ciências Integradas para a Sociedade Global da Universidade de Kyushu, concluiu que os crânios do sítio Hirota foram intencionalmente modificados. As motivações por trás dessa prática ainda não estão claras, mas os pesquisadores levantam a hipótese de que o povo Hirota deformou seus crânios para preservar a identidade do grupo e potencialmente facilitar o comércio de mariscos a longa distância, como apoiado por evidências arqueológicas encontradas no local.

Agora, vem uma coisa interessante: Noriko e seus colaboradores não encontraram diferenças significativas na modificação craniana entre os sexos, indicando que tanto homens quanto mulheres praticavam a modificação craniana intencional, o que é pouco comum em sociedades que tinham a tendência de achar que homens e mulheres estavam em patamares diferentes em termos de hierarquia social.

Para as análises, Noriko e seu pessoal empregaram uma abordagem híbrida, utilizando imagens 2D para analisar o contorno dos crânios, bem como varreduras 3D de sua superfície, e os resultados indicaram que as amostras de Hirota eram morfologicamente diferentes das amostras de Doigahama e Jomon.

A pesquisa foi publicada na PlosOne, que como é de acesso aberto, você poderá ler tudinho lá, inclusive os detalhes que vocês não se interessarão e muito provavelmente não irão até o link da pesquisa, que é este aqui.

Um comentário em “Quando os antigos japoneses mexiam com a cuca de todo mundo

Deixe um comentário, mas lembre-se que ele precisa ser aprovado para aparecer.