
Tudo o que nós temos hoje em termos de cultura no tocante a obras antigas deitadas por escrito é graças aos eruditos árabes e aos monastérios cristãos. O ato de recolher, compilar, copiar, guardar, armazenar e, mais importante, impedir que algum débil mental usasse para fazer fogueiras ou limpar a bunda preservou uma miríade de obras.
Não que alguns débeis mentais não tivessem oportunidade de queimar e limpar a bunda com inúmeros trabalhos e textos que hoje estão perdidos.
Muitos dos documentos pereceram por causa dos efeitos do tempo, mesmo por sendo guardados. Eles precisavam ser copiados de tempos em tempos, e pergaminho era caro. Muitas vezes, aproveitavam o pergaminho de um documento que não se dama muita importância, raspava-se e escrevia-se por cima.
Muitos manuscritos ainda estão em mosteiros, mas não sabe bem quem era que escreveu ou copiou os documentos. Não se sabe nem quantos copistas/escribas estavam ativos em um mosteiro, se viajavam entre mosteiros e como as scriptoria eram organizadas.
Um novo projeto de pesquisa – chamado Scribe ID AI – da Universidade de Ciências Aplicadas de St. Pölten fará uso de inteligência artificial para identificar copistas de manuscritos do século 12 na biblioteca do Mosteiro de Klosterneuburg, na Áustria, fundado em 1113, e um importante local monástico durante toda a Idade Média. Sua biblioteca contém 1250 manuscritos medievais.
Além disso, há um corpus de cerca de 40.000 páginas de manuscritos digitais com identificação de quem trabalhou nesses textos ainda desconhecida. Essa fonte de dados é transformada em conjuntos de informações e submetida a uma abordagem de Aprendizagem Ativa.
O classificador treinado em Ground Truth agora pode fazer uma identificação preliminar do escritor e apresentar quaisquer possíveis acertos para especialistas treinados paleograficamente através de uma interface. Com base na avaliação de especialistas, o modelo é aprimorado iterativamente por meio de aprendizado de máquina.
Assim, saberemos um pouco mais de história. Não apenas do que foi escrito, mas quem a escreveu, e identificar essas pessoas é honrar o seu trabalho longo e muitas vezes tedioso, apesar de eles não terem algo muito melhor para fazer.

Um comentário em “O robozinho que lê manuscritos medievais e identifica seu autor”