Desenvolvida máquina que conserta fígados (não o seu, seu bebum!)

Transplante de órgãos é uma das maiores conquistas da ciência médica. Se seu coração, fígado, rins, pulmões, medula etc. estão com problemas, um transplante pode ser a solução, e muitas vezes esta solução é uma questão de vida ou morte. O problema é que nem sempre há órgãos disponíveis para transplante.

De tudo e por tudo, o Brasil é uma referência em transplantes, sendo o segundo país em número de transplantes por ano, ficando atrás apenas dos EUA, enquanto seu amigo ancap retardado (desculpe o pleonasmo) acha um absurdo o país pagar por transplantes, achando que cada um deveria pagar pelo seu. No caso de fígados, por exemplo, em 2018 foram realizados 2182 transplantes (dados do Registro Brasileiro de Transplantes). É um número alto, mas a necessidade estimada também é alta: 5192 transplantes. Mais da metade não foi atendido. Deveria haver uma forma de ajudar as pessoas com lesões nos fígados a viverem mais, de preferência reparando os fígados. Não seria o máximo? Bem, pesquisadores do Hospital Universitário de Zurique conseguiram.

O dr. Pierre-Alain Clavien é médico, cientista. Sei lá, ele deve entender alguma coisa de transplante de órgãos já que ele é o presidente do Departamento de Cirurgia e Transplante do Hospital Universitário de Zurique.

Eu sempre gosto de deixar claro que avanços científicos normalmente não acontecem por meio da obra e graça de uma única pessoa. Ele teve muita ajuda, e esta ajuda culminou na criação de um dispositivo que “conserta” fígados humanos feridos e os mantém vivos fora do corpo por uma semana. Sabe quando seu carro dá problema e você manda pro mecânico dar um jeito? Pois, é. É algo do tipo.

Prestem atenção no diagrama anterior. Viram? Pois, bem. Muito basicamente, a máquina de perfusão desenvolvida recapitula o suprimento sanguíneo através das duas entradas vasculares do fígado, a artéria hepática e a veia porta. A artéria hepática é suprida com sangue rico em oxigênio a pressão elevada, enquanto a veia porta recebe sangue a baixa pressão contendo um conteúdo reduzido de oxigênio não-pulsátil.

O sistema mantém a saturação de oxigênio de 65% na veia cava, ajustando continuamente o conteúdo de oxigênio na veia porta. In vivo, os nutrientes e os sais biliares são transportados do intestino para o fígado através da veia porta. Para recapitular isso, uma solução nutritiva parenteral é administrado na linha da veia porta da máquina de perfusão. Todo o sistema metabólico é acompanhado, a pressão na veia cava é mantida continuamente em níveis fisiológicos próximos a 0 mmHg para evitar congestão hepática. Um oxigenador fornece oxigênio para a artéria hepática e para a veia porta enquanto remove o CO2 do sistema bioquímico.

Sim, eu sei que é complicado. O básico do básico é que a máquina cria todo um sistema bioquímico para enganar o fígado e ele “pensar” que está sendo alimentado por um sistema vivo. Pro fígado, ele está dentro de um corpo e ponto final.

Claro, não é totalmente a mesma coisa que um corpo vivo e o fígado não vai durar mais do que gostaríamos, mas sendo conservado por uma semana, está ótimo; ainda mais que pelas atuais técnicas, fígados só podem ser mantidos fora de um corpo por apenas um dia.

Claro, você quer detalhes completos, certo? Diz que quer, vai! Aproveita que a pesquisa foi publicada no Nature Biotechnology.

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