Células-tronco viram neurônios. Já sabemos o que você tem na cabeça (fora isso)

Teve época que se acreditou que as pessoas nasciam com determinada quantidade de neurônios, eles se reproduziam até certa idade e ba-bau. Já era. Eles só aumentavam de tamanho e só. Se você perdesse, problema seu. Sim, se acreditou nisso, mas Ciência não se baseia em crenças. Ciência se baseia em análise e revisão contínua do que se sabe. Ciência não é uma religião. Se alguém não prova algo em contrário, não é problema do conhecimento vigente.

O que se sabe agora é que, pelo menos, duas regiões do cérebro (os centros que processam o olfato e o hipocampo, responsável pela aprendizagem e memória) desenvolvem novos neurônios ao longo da vida.

O dr. Hongjun Song é pesquisador do Departamento de Neurociência da Faculdade de Medicina Johns Hopkins. Ele estuda o que pessoas têm na cabeça. Infelizmente, ele não estuda políticos, prefere chamar especialistas em desentupimento de vãos sanitários.

Estudando os efeitos de células-tronco nos cérebros de camundongos, Song e seu pessoal descobriram que esse tipo de células é capaz de produzir neurônios adultos, e, aliás, é essa a fonte do estoque vitalício de novas células nervosas no hipocampo. Obviamente, já vão tascar isso como um novo tratamento do Alzheimer, Autismo etc, vai depender de qual semana estamos.

Segundo Song, os novos neurônios imaturos são mais flexíveis em fazer conexões no hipocampo em comparação com neurônios maduros, o que é fundamental para a aprendizagem saudável, a memória e o humor. Mas o que isso significa?

Significa que não basta ter neurônios, eles precisam fazer ligações sinápticas com outros neurônios. É daí que vem a nossa capacidade de aprendizado aumentando. Quanto mais ligações sinápticas fazemos, mais “espertinhos” ficamos. Quando os neurônios já são recém-formados, eles têm maior e melhor capacidade de estabelecer ligações sinápticas com outros neurônios, do que os neurônios mais “velhos”, digamos assim. A questão era: de onde vinham essas células? Foi a pesquisa de Hongjun Song.

Song cantou que as células-tronco neurais que encontraram tinham uma assinatura molecular comum ao longo da vida dos ratos. Depois de checar se o pastel de flango estava sendo feito a contento, Song botou os estagiários para rotular as células-tronco neurais por meio de marcação bioquímica – observando o sequenciamento genético das referidas células – em embriões quando o cérebro ainda estava se desenvolvendo. Depois, foram acompanhando as células desde o nascimento até a idade adulta. Essa abordagem revelou que novas células-tronco neurais com o rótulo de seu precursor estavam continuamente produzindo neurônios ao longo da vida de um animal.

A continuidade da investigação é examinar o cérebro de seres humanos, procurando as mesmas células-tronco em tecido cerebral post-mortem para saber como essa população de células-tronco neurais é regulada e se acontece a mesma coisa que nos camundonguinhos.

A pesquisa foi publicada no periódico Cell, que está lá inteirinha pra você ler.

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