A melhor definição que eu já vi para canto dos pássaros é do Átila Iamarino: “É quando um pássaro chama a fêmea de gostosa, enquanto xinga o outro de FDP!”. Seu canto é mais que para nos entreter (na verdade, nós somos literalmente empata-fodas quando ficamos perto deles cantando). Nisso, a Ciência procura entender como essas belezinhas canoras aprendem a cantar. É o que neurocientistas do MIT procuram responder, estudando tentilhões-zebra.

Tatsuo Okubo é doutorando do Departamento de Neurociência e trabalha no Laboratório Fee, do dr. Fee, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (nome que eu copiei do Google, porque nunca me lembro como se soletra esta desgraça de estado norte-americano. Vou encurtar pra MIT, como todo mundo). Ele estuda tentilhões-zebra, pássaros nativos de Austrália central, que, curiosamente, não desenvolveram uma forma de lhe assassinar de forma bárbara. No máximo, eles têm um belo canto, que o faz se distrair e ser assassinado barbaramente por um crocodilo.

Okubo liderou a pesquisa, mas, como sempre, tem que ter um autor sênior ou tudo o que você escreveu não é reconhecido como nada. Coisas da vida. Nessa pesquisa, Okubão descobriu que a atividade cerebral apoia este processo de aprendizagem de cantar. Sequências de atividade neural que codificam a primeira “sílaba” da canção desses pássaros são duplicadas e alteram ligeiramente, permitindo que os pássaros consigam produzir diversas variações na sílaba inicial. Eventualmente, estas “sílabas” são ligadas a uma assinatura de canção do pássaro, que permanece constante para a vida.

Analisando os neurônios das aves adultas, os pesuisadores peceberam que na região do HVC ocorre uma breve explosão de atividade, em torno de 10 milissegundos, em um momento durante a música. Diferentes conjuntos de neurônios estão ativos em momentos diferentes, e coletivamente a música é representada por essa seqüência de explosões. Para estudar isso Okubo e seus colaboradores gravaram a atividade elétrica nos neurônios HVC por até três meses depois do nascimento de nossos amiguinhos emplumados.

Tá, ok. Lindo menino Súcubo, digo, Okubo. O que se faz com isso? Meh, ciência não serve pra nada mesmo. Com tanta criancinha pasasndo fome, o japa estuda pássaro cantando. É uma pouca vergoha!

Okubo mostrou que assim que se aprende as sílabas, fica fácil reorganizá-las e aplicá-las em outra parte da canção. Ele, o passarinho pimpão (estou falando do tentilhão) não aprende cantorias do zero, ele usa o que aprendeu, assim com nós aprendemos as nossas próprias sílabas para montar palavras. Daí, você novamente perguntará para que saber iusso. A resposta é que, segundo a pesquisa, que você poderá ler na Nature, este processo é semelhante ao que se acredita conduzir à produção de novos genes e traços durante a evolução.

Esse processo de aprendiagem está ligado diretamente à aprendizagem motora. Conseguiu perceber a utilidade? Não? Tomemos por exemplo, a sequência de movimento utilizada para mover uma raquete de tênis de forma a atingir uma bola e marcar o ponto. Essa sequência poderá ser reaproveitada para um movimento semelhante, como jogar pingue-pongue. Querem outro exermplo? Sabem aquele lance do senhor Miyagi fazer Daniel-San pintar a casa dele, lixar o deck, pintar cerca etc, a fim de ensiná-lo os rudimentos dos golpes do caratê?

É esse princípio que Okubo, monstro das profundezas o cientista está trabalhando.

Agora, quando você ouvir o canto dos pássaros, perceberá o quanto aqulo é complexo. Mesmo para algém que está chamando a fêmea de gostosa e o adversário de FDP.