O bizarro mundo de Hades não cansa de nos surpreender. Algumas pessoas acham que tudo é certinho e ordenado, que as espécies vivem harmoniosamente entre si que nem no desenho do Madagascar. A realidade é que todas as espécies saem na porrada. Há o caso até de aranhas atacando peixes (sim, peixes!), em que já foram observados mais de 80 casos de predação de peixes por aranhas semi-aquáticas.
Agora, pesquisas indicam que isso não é um fenômeno localizado, pelo contrário! Nas margens de fontes de água doce superficial (como rios, lagos, lagoas, pântanos e mangues), há inúmeras evidências de uma grande distribuição geográfica, apresentando ocorrências em todos os continentes, exceto na Antártida, por motivos óbvios.
A predação de peixes por aranhas parece ser mais comum em áreas mais quentes na faixa entre as latitudes 40° S e 40° N. O peixe capturado por aranhas (cujo tamanho varia entre 2 a 6 cm de comprimento) estão entre os táxons de peixes mais comuns que ocorrem na sua área geográfica, como por exemplo o peixe-mosquito (Gambusia affinis), uma espécie de peixe de água doce, também conhecido, simplesmente, pelo seu nome genérico: “gambusia”. Muitas vezes é chamado de peixe-mosquito do oeste, para distingui-lo do peixe-mosquito do leste (G. holbrooki).
O dr. Martin Nyffeler é professor do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade de Basileia, Suíça. Ele pesquisa ambientes, nichos ecológicos e como as aranhas estão nesse contexto. Junto com o dr. Bradley Pusey da Universidade West Australia (e, por causa disso, especializado nos mortais seres da Austrália, isto é, qualquer coisa viva por lá), Nyffeler estuda as aranhinhas safadas que resolveram mandar os peixinhos bonitinhos pro saco. Olhem só que fofo:
Foram observados ataques por parte de mais de uma dezena de espécies de aranhas da superfamília Lycosoidea (famílias Pisauridae, Trechaleidae e Lycosidae) em duas espécies da superfamília Ctenoidea (família Ctenidae), e em uma espécie da superfamília Corinnoidea (família Liocranidae). Foram registradas evidências em laboratório que as aranhas de várias famílias são predadores de peixes, também.
A descoberta de tão grande diversidade de famílias de aranhas foi tão surpreendente, ainda mais pelo fato que muitos peixes atacados eram maiores que as Donas Aranhas, mas que eles não quiseram saber e atacaram assim mesmo. Algumas ranhas semi-aquáticas capturaram peixes mesmo estes tendo o dobro do tamanho delas. Para a redação, tamanho não é documento, o importante é quem ataca primeiro e quem é bundão o suficiente para se deixar ser atacado.
Na pesquisa do bom dr. Nyffeler, aranhas foram observadas com a capacidade de nadar, mergulhar e andar sobre a superfície da água, usando poderosas neurotoxinas para matar e digerir os peixes. A evidência sugeriu, portanto, que os peixes são presas de alta importância nutricional para os aracnídeos do mal.
A pesquisa foi publicada na PLOS ONE, e mostra essa predação de peixes por aranhas é muito mais espalhada mundialmente do que se achava anteriormente. Por motivos óbvios, o caso não foi encontrado na Antártida, continente em que só se encontra pinguins, orcas e satélites brasileiros.
As aranhinhas queridas, catam os peixes (mas só as que possuem 8 patas intactas, já que elas vão ficando surdas à medida que perdem as pernas, como diz o adágio popular), ferroam os peixes, paralisando-os e envenenando-os em seguida, para depois os pobres peixinhos serem arrastados para a margem e lindamente devorados num mundo lindo, ético e totalmente benzinho. Ah, sim! Tem videozinho:
A natureza é perversa e canalha! Cadê as ONGs protetoras dos pobres gambusias?
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