Seu filho tem um QI de corvo?

Não, não estou xingando seu filho. A pergunta acima é baseada no mais puro espírito científico. Corvos, longe de sua má fama como companheiros de bruxos e serem espiões de Sarumã, o Branco, são espertos e sabem resolver problemas. Num estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Cambridge, comparando a capacidade de resolver problemas de corvos e crianças, vemos que há pouca diferença no modo de pensar de ambos. E isso com o auxílio de um fabulista do século VI antes da Era Comum.

Esôpo é uma das pérolas da literatura mundial. Tudo bem que há algumas dúvidas se realmente existiu ou havia vários "Esôpos", cujas histórias foram sendo compiladas ao longo do tempo e reunidas sobre a chancela de uma única pessoa. Isso não é importante e sim o teor dessas histórias.

Na história "O Corvo e o Jarro", o corvo estava com sede e queria beber a água dentro de um jarro. O problema é que o nível da água não era alcançada pelo bico de nosso amiguinho emplumado. Inteligente que era, o corvo começou a jogar pedras dentro do jarro. O volume da pedra deslocava o líquido e o nível subia cada vez mais, até que o bico conseguiu alcançar a água e o corvo matou sua sede. Como ele era um bicho sério, não saiu correndo pelado pela floresta gritando "Eureka!".

Esôpo demonstrou com isso sua observação do mundo e como corpos interagem entre si. O que não se sabe ao certo é do conhecimento de Esôpo sobre as capacidades cognitivas dos corvos, que são capazes de resolver problemas, usam gestos para se comunicarem e até fazem conta. [1] [2] [3] [4]

Lucy Cheke estuda Psicologia Experimental na Universidade de Cambridge. Realizando estudos com a mesma espécie de corvo descrito na fábula recontada acima, Cheke sugere um mecanismo pelo qual a aprendizagem associativa pode interferir no aprendizado de novos problemas. Crianças entre 4 e 10 anos de idade foram usadas como cobaias, realizando testes semelhantes aos que normalmente se fazem com os corvos. De um modo geral, o desempenho das crianças entre 5 e 7 anos foi semelhante ao das aves, enquanto que as crianças a partir de 8 anos, foram capazes de ter sucesso em todas as tarefas a partir do primeiro ensaio.

Que ótimo! Posso colocar meu filho numa gaiola e ensiná-lo a cantar?

Não é que você não possa. Você não deve, por dois motivos. Primeiro, porque corvos não cantam, e sim canários. Segundo, acho que o Conselho Tutelar não veria isso com bons olhos, apesar de algumas crianças realmente nos darem vontade de fazer isso.

O estudo foi publicado no periódico PLoS ONE e ilustra algo meio óbvio: seres humanos e aves pensam de forma diferente. You don’t say?

Na primeira tarefa as crianças foram presenteadas com dois tubos contendo uma recompensa fora de alcance, um brinde que estava nadando sobre a água, mas longe do alcance do objeto de estudo (me refiro às crianças e aos corvos). No segundo teste, a mesma coisa, mas com a diferença que havia corpos pesados e outros não. Nesse caso, apenas as crianças foram capazes de identificar que apenas os corpos pesados afundariam e elevariam o nível da água para que elas pudessem pegar a prenda.

No terceiro teste, havia dois tubos, mas o nível do primeiro tubo só subia ao se jogar corpos no segundo tubo (que obviamente funcionava por meio de vaso comunicante). Nesse caso, os corvos falharam miseravelmente, mas as crianças se saíram muito bem. Moral da história: crianças de 8 anos são mais espertas que corvos.

De certa forma, o corvo aprende por intuição, mas não consegue elaborar melhor as questões e derivar as condições que se apresentam para eles.

Qualquer idiota poderia dizer que um ser humano é mais esperto que uma ave idiota.

Não é que os pesquisadores estejam comparando crianças e corvos e ver quem é o bom de teste. É um modo de entender como se dá a formação de pensamentos e estratégias na solução de problemas, quando um deles não consegue resolver determinada questão, realça a técnica do outro. Mais simples de ser detalhada do que simplesmente observar um grupo sem nenhuma forma de comparação.

Corvos são extremamente inteligentes, mas dentro das limitações da espécie, o que nada desmerece seu processo cognitivo e nem tira a maravilha de uma fábula contada há mais de 2500 anos!

16 comentários em “Seu filho tem um QI de corvo?

          1. @André, Suponho que você queria ler: Nossa, como corvos são inteligentes! Porém se você leu outra coisa é por que eu quis escrever outra coisa.

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          2. Não, retardadinho. O que eu não quero é um imbecil falando merda e mencionando Bíblia quando o assunto não enfoca porra de religião nenhuma. Eu sei que himenópteros têm dificuldade de entender isso., mas aqui eu não permito desvio de assunto.

            Não gostou? Não comente, não pedi sua participação e/ou comentários, e, pelo visto, nada de útil vc tem a contribuir. Sem mais.

            By the way: pelo menos eu sei comparado a quem os corvos são mais inteligentes.

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          3. @André, André, é verdade mesmo que você é casado, tem família, trabalho e tudo mais? Eu, pessoalmente, duvido, especialmente se você for tão desnecessariamente sensível e abrasivo na vida real quanto você é na internet. Mas é provável que não. A internet se tornou o recanto preferido dos frustrados para eles descontarem em terceiros as gorsserias que jamais poderiam fazer no cotidiano, cara a cara com o interlocutor.

            Falo isso na boa. Seus artigos têm conteúdo, você também, mas é lamentável que você seja tão intratável, intolerante, grosseiro. Essa é sua limitação – a do site também.

            Este foi meu primeiro comentário aqui – tinha pensado em discutir contigo sobre a sua superficial rejeição do filme Inteligência Artificial em outro artigo (em ciência você é craque, já em matéria de cinema…), mas era óbvio que só haveria xingamentos e banimento da sua parte. Provavelmente, é meu último post também, já que tolerância é um ponto fraco seu. Pouco importa.

            O que interessa é que você fica sabendo que se fazer de fodão não intimida nem é sinônimo de autoridade.

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          4. Preclaro Cremildo | gustenhr@gmail.com |
            189.111.15.36

            Pense desta forma: Não me lembro de ter-lkhe perguntado nada. Comentários aqui são um privilégio, não um direito.

            Privilégio perdido, por sinal. Bái!

            (por que estes manés insistem em querer discutir qualquer coisa comigo? Ah, a ânsia de se fazerem cultinhos…)

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  1. Tem um documentário que costuma passar na TV Escola que mostra a inteligência dos corvos e outros pássaros, muito bom.
    E corvos falam, como papagaios (daí o final do poema de Poe, citado acima).
    Por falar em papagaio, o falecido Alex (reportagens na TV, Mente & Cérebro) era super inteligente..

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  2. LEMBRETE AOS MANÉS:

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    Mais uma coisa: o blog é meu e não dos comentaristas. Querem comentar? Obedeçam as regras. Não gostam da minha grosseria? Leiam o Gospel+. Simples assim, filhotes.

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  3. Corvos são mais malandros que qualquer outra ave. Mas não deixam de serem fascinantes :) interessante o artigo, uma pesquisa simples, mas com conclusões ótimas a respeito dos corvos!

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  4. Os corvos são os meus animais favoritos. E sou um privilegiado, já que todos os dias acordo com seus “cantos” de manhã.

    Um dia vou criar esses bichinhos lindos. Já vi uma velhinha na TV que cria um corvo. Ele é um companheiro tão bom quanto qualquer cachorro. E ainda chama sua dona de “Okasan” (mãe). :)

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