Reforma Ortográfica: Um Titanic Lingüístico

Antes que vocês digam, o trema usado no título foi proposital. E por quê? Porque eu acho esta nova reforma ortográfica uma grande palhaçada. O Brasil – comandado por um presidente que possui graves problemas em usar plurais corretamente – quis tirar onda de gostoso e saiu correndo na frente de todo mundo. O resultado podemos ver: todo mundo tem dúvidas sobre como escrever corretamente.

O presidente-molusco não satisfeito por não falar corretamente, ao invés de comprar um bom livro de gramática, teve a “brilhante” idéia (sim, com acento) de nos tansformar em semi-analfabetos. Valeu, Lula.

Se você veio de Marte há pouco tempo e não sabe do que eu estou falando, explico. O governo brasileiro a(ssa)ssinou um docmento de unificação lingüística com outros países lusófonos. Lusófono vem de Luso (português) fonos (som), ou seja, países que possuem como idioma oficial a língua portuguesa (vocês sabem… aqui lo que a maioria da população não sabe usar direito). Até agora ratificaram esta besteira os países Brasil, Cabo Verde, Portugal, São Tomé e Príncipe,

O motivo de tal aberração seria devido ao fato de minimizar as diferentes expressões escritas no idioma de Camões. Em resumo as mudanças foram:

  • As letras K, W e Y voltam ao alfabeto, se bem que eles nunca saíram definitivamente. Principalmente em nomes próprios e comerciais.
  • Eliminação do trema. Assim, nada de trema na linguiça.
  • Acentos em ditongos ei e oi deixam de existir, como no caso de ideia.
  • Acentos circunflexos (o chapeuzinho do vovô) em palavras com duplo O ou E escafedem-se, como no caso de voo e veem.
  • Acentos que diferenciem palavras (pára/para , têm/tem, pêlo/pelo etc) também são eliminados.
  • O hífen some caso a segunda palavra for S ou R, dobrando tais letras, por exemplo: antissemita, antirreligioso.
  • Caso o prefixo originariamente terminar na mesma letra que começar a segunda palavra, mantém-se o famigerado hífen, como no caso de micro-ondas, hiper-reativo etc.

Ainda existem outras mudanças, mas vou me ater apenas às principais. Para Portugal, eles devem suprimir consoantes mudas, como no caso de acção, que passa a ser ação; e aqui começa o non-sense, pois usamos a palavra companhia, onde o H não é pronunciado. Por que não escrever compania?

Um dos principais pseudo-argumentos é que assim a língua seria unificada em termos de escrita. Mas, e daí? Paneleiro passará a ser apenas vendedor de panelas em Portugal? Quando um paulistano disser “Orra, meu, que minha mina é um estouro” vamos chamar o esquadrão de bombas? Mas, aí alegarão que são peculiaridades lingüísticas de cada região. Então, para que, em nome de Dagon, esta porcaria de reforma?

Alegam que assim nascidos em outros mpaíses se integrarão melhor, o que é uma burrice sem tamanho. Nem mesmo no Brasil as diferentes regiões se entendem. Bah, que tu podes ir no Sul, e se te disserem que te mostrarão um pealo de cucharra na frente de tua china, quero mais é ver se tu vais ficar de cara, tchê. Mas aí, sangue, vou te mandar uma real. Mesmo que tu não compreenda, tu ainda é da área e falo pra todos que tu é mermão, saca?

Cada região tem seu modo de falar, seu modo de se expressar. Uma norma culta da língua cuida como escrevemos, pois a comunicação escrita é muito importante, a não ser que você use Orkut ou MSN, onde qualquer atrocidade que estupre o idioma é bem recebido.

Se alguém, de São Tomé e Príncipe vem morar, estudar, trabalhar ou o que seja aqui no Brasil, acho que cabe a ele procurar entender o nosso idioma e vice-versa. Sinceramente, eu não estou nem aí como ele costuma escrever na terra dele, pois não fará diferença, dada as características regionais. Podem fazer a reforma ortográfica que quiserem, se você chegar em Portugal com seu filho, e o coitado precisar de uma injeção, fatalmente meterão a pica no cu do puto. Como pai responsável, você ficará feliz em saber que seu pimpolho teve o melhor tratamento que merecia.

Pensem no custo para o país que esta besteira acarretará, pensando em exemplos simples: um mero dicionário. Sim, dicionário, aquele livrinho cheio de letrinhas e palavrinhas, que 99% da população não sabe usar. Um dicionário Michaelis médio, de uns 32 mil verbetes (se me perguntar o que é um verbete, eu vou xingar a sua mãe) custa cerca de 55 reais. Com a nova reforma, ele é inútil; assim, você joga ele fora e compra um novo. Uma reportagem da Folha de São Paulo mostrou que a nova regra está confundindo até mesmo os dicionários. Se não podemos confiar nos dicionários, o que nos resta? E não é só isso, pensem comigo nos detalhes envolvidos.

1. Um livro jogado fora, o papel deverá se reciclado, o que gera custos.
2. Você gasta mais 55 reais para ter um dicionário atualizado. Dinheiro este que você poderia ter investido em mais um livro.
3. Substituição dos livros de gramática e demais livros didáticos.

E para quê? Por causa de acentos e grafias que não farão diferença em termos vocálicos? Só de pensar nos livros didáticos do ano letivo de seu filho já é um assombro, principalmente quando se comprou as edições dois chamados “volumes únicos”, compreendendo os três anos do Ensino Médio. Agora pensem em todos os livros didáticos que os governos federal, estadual e municipal terão que substituir. Isso tudo saindo do seu rico dinheirinho, oriundo dos impostos. E para quê? Para escrevermos que nem o pessoal de Moçambique.

Alôôô-ôôôôôôôô. Moçambique não vai gastar essa grana com eles mesmos (aliás, eles têm dinheiro pra gastar?) e muito menos para nos ressarcir. O que o Brasil ganha com isso? Segundo os toscos da Academia Brasileira de Letras – que não têm muito o que fazer além de tomar chazinho e vestir aquelas roupinhas fashion de comissão de frente de Escola de Samba – o acordo é ma-ra-vi-lho-so… só não disseram pra quem. Vamos escrever igualmente? Acho que não, hein.

Enquanto o Brasil saiu correndo desembestado gritando “Primeiro eu! Primeiro eu!”, Portugal não tá nem aí. O prazo da adoção desta inutilidade chamada reforma ortográfica,aqui no Brasil, é até 2012, mas os colégios já estão cobrando dos professores a total aplicação das novas regras. Livros didáticos no prelo para serem revisionados, cursinhos extras para entendimento dessa coisa e outras loucuras.

Cada país adotou diferentes períodos de adaptação, conforme a CPLP – a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Só que Portugal não chegou a um consenso e um manifesto digital Em defesa da língua portuguesa, contra o acordo ortográfico já reuniu quase 100 mil assinaturas e foi discutido em uma audiência com o presidente Cavaco Silva. Obviamente, uma petição online tem tanta serventia quanto cérebro pro Lula. Mas se isso não é evidência de uma insatisfação, o que é? Ninguém consultou a população, mediante um referendo. Mas seria tolice minha esperar tal atitude de políticos.

O próprio prof. Pasquale Cheeseburguer Cipro Neto (que ficou mais famoso no comercial do MacDonald’s do que lecionando português) é contra tal reforma, como disse em entrevista à Agência Lusa:

Certamente não é pelos pês e cês que Portugal emprega em ‘adoptar’ e ‘direcção’ ou pelas outras minidiferenças entre a grafia brasileira e a lusitana que a Língua Portuguesa não tem projeção no mundo, se é que de fato não tem.

Ele ainda reitera que tais mudanças são (sic) uma grande bobagem, inúteis e desnecessárias (link supracitado).

Podem pensar que minha contrariedade a esta besteira de acordo seja etnocentrismo, mas vemos que não é só aqui que rola a insatisfação. A bem da verdade, nem aqui, pois brasileiro é acomodado e ainda não se tocou dos transtornos e gastos envolvidos. Se bem que, como eu falei, uma boa parcela não sabe escrever direito mesmo, confundindo freqüentemente mais (adição) com mas (entretanto). Eu ia mencionar miguxês, mas eu apenas falo de seres humanos normais e não miguxos descerebrados, com problemas de desenvolvimento na notocorda.

Portugal anda a passo de tartaruga com essa reforma e ainda somos, mais uma vez, vítimas de piada no cenário internacional, já que falam que o (des)governo cometeu uma espécie de ejaculação lingüística precoce, como podemos ler na notíocia publicada pelo G1.

Na referida notícia, destaco a parte onde é dito que o Brasil decidiu produzir um vocabulário ortográfico próprio, que está sendo feito pelo gramático Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras. Bechara é famoso por suas palestras (que são mais um show para vender seus livros) e exatamente pelos seus livros. Mas, particularmente, eu penso que ele deveria vestir roupas normais e consultar a população. Aliás, seria o que um verdadeiro governo democrático faria, o que não é bem o nosso caso.

Ainda na referida notícia, segundo José Mário Costa, coordenador do Ciberdúvidas – um site na Internet que há 12 anos responde dúvidas de português – o Brasil foi precipitado ao adotar a norma sem esperar pelos portugueses e sem criar estruturas comuns para resolver os casos deixados em aberto.

Em suma, o que nos resultou é uma grande batata quente apodrecida. Uma tentativa nos megalomaníacos sonhos do governo brasileiro, onde o presidente-molusco deseja ardentemente ser considerado um estadista e alguém que fez algo que preste pelo Brasil. A única coisa que ele conseguiu é ser responsável por mais uma vergonha nacional. Não que seja inteiramente culpa dele e sim dos assessores que não fazem nada. De um presidente que possui grande problema em se expressar direito, com discursos escabrosos, péssima dicção, parco conhecimento das flexões verbais e temporais e todo tipo de besteira que ele cisma de dizer para causar “impacto”, não se pode esperar muito.

Até 2012 eu continuarei escrevendo como sempre escrevi. Nossos avós sempre escreveram pharmacya e todos achavam uma gracinha. Quem sabe quando chegar a minha vez eu receba condolências a respeito, onde os mais jovens me deixarão escrever como eu sempre escrevi. O resto que fique com seus livrinhos de Paulo Coelho no atual sistema ortográfico e se locupletem com isso.

Se houver algum leitor aqui que more em Portugal ou nos demais países que assinaram o acordo, por favor, gostaríamos de saber a impressão de vocês sobre ele, e como as pessoas em seu país estão encarando-o.

25 comentários em “Reforma Ortográfica: Um Titanic Lingüístico

  1. quando eu for para o sul, vou pedir cachorro quente com duas vinas e guardarei todos os meus lápis num penal.

    Já, quando eu for ao nordeste, principalmente para o Ceará, cuidarei de rebolar meu lixo, no lugar a propriado, depois de comer paçoca com bastante pimenta.

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  2. Eu pessoalmente não vi muito problema nessa reforma ortográfica. Achei até que caiu bem quando a questão é escrever com mais “economia”.

    Opinião pessoal minha.

    Aliás… o que é verbete?
    (huahauhauahua não precisa xingar, tô tirando onda)

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    1. @Robson Fernando,

      Se eu tivesse filhos que estudassem em escola pública, eu também estaria pouco me lixando para isso.

      Foi um gasto a mais que tive e isso lógico que isso me incomodou.

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      1. @André,

        Eu acho que escrever como aprendemos mesmo que se mude a ortografia não é considerado errado, aos pouco a gente acostuma e pra você é ainda mais fácil, que escreve muito.

        Não é só isso que nos deixa confusos, o CA (classe de alfabetização) do ensino fundamental mudou de nome, agora é 1º ano e o 2º ano equivale a 1ª série que não vai mais até a 8ª série e sim até a 9ª série.
        As crianças que fazem 7 anos no segundo semestre dão a impressão que estão atrasadas no 1º ano escolar, porque são vários os amiguinhos de 5 anos de idade fazendo 6 anos no primeiro semestre, essa mudança da Secretaria de Educação se baseia pela idade do aluno e não na maturidade intelectual, o aluno normalmente fica desestimulado.

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    1. @Robson Fernando,

      Tem/têm não vão mesmo mudar por se tratar de verbos conjugados na 1ª e 3ª pessoas: ele tem/eles têm.

      Nesse caso, o acento é para indicar a terceira pessoa do plurar.

      É o mesmo caso de ele vem/eles vêm.

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  3. A grande maioria dos políticos brasileiros sempre foi oca de conteúdo. Esses caras, por pura incompetência (ou seria interesses?) nos brindam com essa palhaçada luso-brasileira. A minha lingüiça continuará com trema e não pára nem para descançar. Não darei a mínima para essa reforma porca. DANEM-SE OS IDIOTAS QUE INVENTARAM ESSA DROGA DE REFORMA. No Brasil existem muitas leis mortas, uma a mais não será novidade. Precisamos reagir a essa nova baboseira.

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  4. A reforma ortografica visa unificar a lingua portuguesa, assim não será mais nescessario traduzir portugues para portugues, e todos os brasileiros poderão ler Saramago sem a nescessidade de traduçoes. Curiosamente, Portugal será o pais que mais terá modificações na ortografia.

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    1. @BossGrave, além de escrever muito mal, você está mal-informado. Não vai existir unificação no idioma em si, somente nas regras ortográficas. O português brasileiro continuará com suas diferenças semânticas e o português de Portugal com as dele. Ainda serão necessárias notas de rodapé para entender algumas minúcias dos livros do Saramago, da mesma forma que são necessárias para um José de Alencar, por exemplo.

      No mais, um idioma não se muda na base da canetada. São seus falantes e escritores que fazem essa mudança. Com a reforma, a única coisa que conseguiram até o momento foi tornar um idioma complexo mais complexo ainda e aumentar os lucros das editoras de livros didáticos.

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  5. Essa reforma do jeito que foi feita é uma PALHAÇADA,”para que os países que falam português possam se integrar melhor???”..hahahahahahahahahahahahahahahahaaaahahahaha que piada hahahahahahahahahahahahahah
    .
    Sem noção,o cara que venha pra cá que se vire,adapte o português dele com o nosso e fim de papo….
    .
    O pior que depois de 2012 todo mundo vai ter que escrever desse jeito…aja paciência………..!!!!!!!!

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  6. A Lingua portuguesa/brasileira é tão incrivelmente patética que jah desisti dela. E as poucas coisas que fazem sentido, como o trema, que indica o som do ‘U’ na palavra, são banidas, enquanto algumas retardadices são mantidas como os “porquês”, regra dos porques!? se as crianças estivessem estudando ciencias nas aulas de portugues/literatura o Brasil seria um lugar menos medíocre e melhor para se viver

    Criam infinitas regras e pra cada uma, infinitas exceções (viu como eu sei escrever?) como o caso da frase:

    “O seqüestrador prendeu o sujeito e sua irmã em sua casa.”
    A irmã é do seqüestrador ou do sujeito? a casa era do seqüestrador, do sujeito ou da irmã?
    Francamente, precisamos de menos imbecis no país, e rápido.

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  7. Assestando o olhar à estante e seus livros, tão potencialmente úteis há alguns anos, noto um tom obsoleto e tristonho. Posso imaginar a quantidade de tremas, acentos em ditongos abertos em paroxítonos e toda a sorte de hífens dispostos erroneamente que jazem nas muitas páginas que eu pretendia ler com grande tranqüilidade – acrescento o trema por revolta. Mas isso me não desmotivará, por mais que a ortografia esteja em uma nova era, que antes de útil é irrelevante.

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  8. Sou portuguesa e também não concordo com esta reforma pois, para além de inútil e dispendiosa, veio confundir muito boa gente. Quando se começou a discutir o assunto, achei que não teria grandes dificuldades de ada(p)tação, uma vez que tenho bastante conta(c)to com o português do Brasil, mas agora, na prática, já me surgem algumas dúvidas…portanto, imagino que para as pessoas que sempre tiveram dificuldades em escrever correctamente o português que lhes foi ensinado na escola, será mais uma dor de cabeça.
    E não me parece que esse argumento de melhor integração seja válido, afinal, como foi referido no artigo, a alteração é apenas ortográfica e tudo o resto se mantém. Excepto, talvez, o facto de o nosso “fato”, a partir de agora, deixar de ser apenas uma roupa. :neutral:

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  9. Se era para reformar, então por que não baniram logo de uma vez todos os acentos e não eliminaram também o cedilha e o CH? Poderíam ter simplificado a língua toda de uma vez, fazendo as sílabas serem escritas da mesma maneira que são pronunciadas. Por exemplo:

    Se o S tivesse sempre som de S, não seria necessário usarmos SS, X ou C:
    CAZA ao invés de CASA
    COIZA ao invés de COISA
    PASARINHO ao invés de PASSARINHO
    LINGUISA ao invés de LINGÜIÇA
    SEBOLA ao invés de CEBOLA
    NESESARIO ao invés de NECESSÁRIO
    ESESAO no lugar de EXCESSÃO
    DESER no lugar de DESCER
    PISINA no lugar de PISCINA
    NASER em vez de NASCER

    E se o X tivesse sempre som de X, como em XAROPE?
    FIXA, TAXA e FICSA ao invés de FICHA, TAXA e FIXA
    EZEMPLO ao invés de EXEMPLO
    XIMPANZE ao invés de CHIMPANZÉ
    XA ao invés de CHÁ
    JELO, VIAJEM, TIJELA, JELEIA e JEMA ao invés de GELO, VIAGEM, TIGELA, GELÉIA, GEMA, deixaríamos o G para palavras como GATO. Palavras como GUETO e GUISADO mudararíam para GETO e GIZADO.

    CEIJO ao invés de QUEIJO (o C sempre com o som de C, como em COISA)
    CIMICA ao invés de QUÍMICA… Mas se isso confundir muito, então poderíamos adotar logo de uma vez a letra K e banir o C: KEIJO, KIMICA, KABOKLO, KOITADO, KARAMBA…

    ORRIVEL, vose diria? Sim, sertamente as palavras ficam estranhas escritas asim, mas iso se deve unicamente ao fato de ke estamos por demais acostumados com a forma atual de eskrever. O fato eh ke as pesoas sao naturalmente kontra mudansas, sejam elas kuais forem. Mas a verdade eh que ningem morreu por kausa das mudansas ke ouveram no pasado, e ningem morrera por konta das mudansas atuais. Em algumas dekadas ningem lembrara mais diso e tampouco dezejarao ke volte a ser komo antes.

    É claro que estou exagerando. Por mim deveriam ter deixado todo como estava, visando a economia. As árvores agradeceriam. E mesmo que a língua portuguesa fosse mais simples, sempre haverão pessoas que escrevem errado e sempre haverá gente descontente com alguma coisa.

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  10. Vocês não acham que o presidente-molusco deveria ter consultado pelo menos o Bob Esponja,Sandy Bochechas, Patrick Estrela, Gary e o Sr. Siriguejo?
    Com certeza a eles dariam ótimas ideias para Fenda do Biquini Cavado.
    rsrsrsr

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  11. :lol: eu acho q vai ser dificil acostumar com a nova reforma, q sinceramente,torra a paciência,
    acho q a próxima meta é unificar as linguas, acho q vou dar a ídeia a Lula!! :smile:
    :roll:

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  12. Nunca me preocupei se estou escrevendo de acordo com o novo acordo ortográfico. Aprendi o “velho” e escreverei dessa forma e pronto. Usarei tremas, escreverei “idéia”, “vôo”, “pára” e “Pará” :P

    Comigo é o famoso “Liga o foda-se e seja feliz”. Não vai demorar e o povo deixará de usar o acento, vão acabar com os plurais e as pontuações.

    Cuidado que futuramente teremos uma reforma “Reforma Ortográfica Ramística” (em homenagem à Heloísa Ramos).

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  13. CARTA ABERTA A TODOS OS LUSÓFONOS
    Foi recentemente perpetrado um “acordo ortográfico” em conseqüência do qual, do vocabulário vernáculo, foram decepadas numerosas consoantes duplas, a par que uma ventania furiosa varria acentos consagrados.
    Tudo isso em nome da “simplificação”, da “democratização” lingüística. Como se adulterar estruturas lógicas tornasse o aprendizado mais fácil, como se o domínio dessas estruturas não fôsse uma conquista legítima e uma causa de satisfação íntima para o estudante e para o usuário da língua.
    O resultado disso foi o aparecimento de monstrengos lingüísticos tais com as palavras deceção, receção, aceção, em lugar de decepção, recepção, acepção. Notemos como a segunda dessas palavras se torna quase homófona de recessão, criando a possibilidade de confusão entre elas. A justificação capenga que se costuma dar para essas simplificações é o uso, o hábito popular. Ora, se tivéssemos que secundar o hábito popular, essas palavras deveriam ser substituídas por “decepição”, “recepição” e “acepição”, já que é essa a modificação que a comodidade dita a algumas pessoas (no Brasil, não em Portugal).
    Esse fonetizar desenfreado da língua poderá, se levado adiante – e não há razões para supôr que a tempestade simplificadora deva amainar – poderá, dizia eu, transformar “repto” em “reto”, confundindo-o com o resíduo, já degenerado por obra de reformas anteriores, da palavra “recto”. E esse é apenas um dos previsíveis exemplos de desordem lingüística. No passado, “humidade” já foi mutilada do seu “h”, enquanto “humor”, da qual provém, conserva-o!
    A supressão das consoantes duplas obnubila a etimologia das palavras, tornando mais difícil o aprendizado de línguas estrangeiras, particularmente as latinas, nas quais essa devastação não ocorreu, ou não foi levada tão longe. O Francês continua a escrever “pharmaceutique” e “harcèlement”, sem pejo em distinguir o falado do escrito.
    A permitir-se essa degenerescência da linguagem escrita, é de prever-se que, por ocasião de algum próximo “acordo”, vejam-se consagradas expressões tais como “eu vi ele”, que já são sistemáticas nas legendas brasileiras dos filmes estrangeiros. E porquê não “nóis vai”, que, segundo foi noticiado, já é preconizado, entre nós, por certos professores de Português?!
    Por tudo isso, e em vista da salutar reticência com que vários autores portugueses receberam essa devastação da língua, sinto-me na obrigação de conclamar os escritores e os cultores da língua, particularmente aqueles que fazem parte de Academias de Letras, a manifestarem-se no sentido de um novo acordo ortográfico que faça reverter, pelo menos em parte, os danos já infligidos à língua de Eça, Pessoa, Alencar e Machado.
    Este texto foi deliberadamente escrito de acordo com a ortografia ainda recentemente em vigor no Brasil.
    A língua é o sangue da cultura. Se ela apanhar leucemia, é o corpo todo da cultura que decai.
    Eduardo Segre
    Membro da União Brasileira de Escritores

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