Cientistas pesquisam a origem dos nematódeos

Cientistas da Universidade de Wageningen publicaram a maior árvore filogenética de nematóides, em cooperação com o Dutch Plant Protection Service e da Universidade da Califórnia na edição de novembro da revista Nematology. Ele contém mais de 1.200 espécies e é inteiramente baseado na análise de dados da seqüência do DNA.

As diferenças na apreciação dos nematóides têm resultado em inúmeras classificações e isso confunde muito a comunicação científica. Uma vantagem da utilização de dados moleculares é que ela permite uma enorme expansão do número de caracteres. Os autores apresentaram então, uma árvore filogenética baseada em 1215 pequenas subunidades de sequências de DNA ribossomial, abrangendo uma vasta gama de táxons de nematóides.

Os nematóides formam o grupo mais numeroso do mundo animal, o filo Nematoda, chegando a 20 milhões de indivíduos – geralmente menores que um milímetro – por metro quadrado de solo. São organismos aquáticos que vivem nos mais diferentes habitats e podem afetar todas as partes de uma planta, parasitando, principalmente, órgãos subterrâneos como raízes, rizomas, tubérculos e bulbos, além da parte aérea, como caules, folhas, flores e sementes.

Esses nematóides incluem uma minoria que pode causar doenças aos seres humanos e demais animais. Infelizmente, o estudo desses organismos patogênicos é complicado, dada uma grande similaridade que apresentam, onde a classificação entre as diversas espécies é por demais trabalhosa. Isso faz com que descobrir se nematóides estão presentes em um solo de uma determinada área – e classificá-los – torna-se extremamente demorado.

É relativamente simples definir espécies através de seu código de barras particular chamado DNA, e a análise de um conjunto de dados permite a detecção de nematóides no solo com uma precisão sem precedentes.

O grupo internacional de cientistas que estuda o DNA dos nematóides selecionaram um elemento específico do DNA que codifica para uma grande parte dos ribossomos, as partes das células de plantas e animais responsáveis pela produção de proteínas. Isso significa dizer que os cientistas conseguiram determinar a “receita” do DNA  que comanda a produção de proteínas, cuja organela responsável é o ribossomo. Assim, geneticamente falando, o ribossomo só consegue produzir proteínas, mediante a sua “programação” codificada dentro do DNA. Uma base nitrogenada fora do lugar e o ribossomo produzirá algo totalmente diferente, podendo impedir a célula de sobreviver, ou dando a ela novas características.

Contendo 1.700 blocos de construção, esse pedaço de DNA, os cientistas puderam fazer a distinção entre a maioria das espécies de nematóides. Na verdade, a resolução do conjunto de dados parece ser muito melhor do que os cientistas nunca tinha esperado.

Com base nas análises de DNA, os cientistas poderiam fazer alguns passos importantes para a reconstrução da evolução deste grupo de sucesso dos animais, incluindo os que – por causa de seu comportamento alimentar – causa grandes danos aos animais e plantas, como dito acima. Os resultados forneceram informações suficientes para distinguir um número de fitonematóides. A nova tecnologia já foi usada para estudar dezenas de milhares de amostras de solo. Mais rápidas e precisas do que as tradicionais análises microscópicas, a tecnologia tem sido um sucesso imediato.

Segundo os autores, a evolução convergente parece ser uma explicação adicional importante para a volatilidade aparentemente persistente da sistemática dos nematóides.


Para saber mais:
Cientistas questionam classificação das espécies
William Hamilton: Parasitas, Sexo e Evolução

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