Todos sabemos que animais fazem de tudo para conseguir gerar descendentes, nem que seja fazer o outro competidor de otário, puxando a calça curta pra baixo na frente da menina ou saindo na porrada com cabo de vassoura (vídeo not safe for piriguete). E, claro, as plantas não estão livres disso. Elas não passam de facínoras, maníacas e psicopatas. Um exemplo seria as figueiras, que usam o tronco de outras árvores para crescer e, quando chegam lá em cima, abrem suas folhagens. Ela fica bela e feliz em sua fotossíntese e a que ficou pra sempre na sombra que se dane. Essa forma de desenvolvimento é conhecida como "hemiepífito" e essas variedades de figueiras recebem o apelido carinhoso de "figueira mata-pau".
Mas a Seleção Natural tem uma irmã também malévola: a Seleção Sexual, e nem mesmo plantas escapam dela. MUAHAHAHA!!!
Como quaisquer seres vivos, plantas competem para continuar vivendo e gerarem descendentes. Não é que elas pensem: "caraca, eu preciso fazer mais filhos". É meio como pessoal tosco que não usa preservativo e não para de espalhar seus gametas por aí, a torto e a direito. São dois tipos de criaturas irracionais, sabem?
A Seleção Sexual nos explica muita coisa, como por exemplo o porque do pavão ter aquele rabão coloridão. Aquela coisa não voa direito, é chamativo e qualquer predador fica muito feliz quando ele se mostra. a questão é que para levantar o rabão e abri-lo é preciso muita força física. É a versão empavonada do bombadão de academia que fica mostrando o muque. As fêmeas ficam assim "caraca, o azulão é forte. Vou querer ter pavõezinhos com ele"
Mas as plantas? Sim, elas também são um grupo de seres vivos que não têm a menor ética e comeriam até a nós aqui, se pudessem (o que não as impede de nos envenenar). Quem percebeu isso foi a dr Andrea Cocucci do Instituto Multidisciplinario de Biologia Vegetal da Argentina. O dr Andrea – que tem nome de gente incrivelmente inteligente, culta, magnífica e extremamente humilde em toda sua grandiosidade; e curiosamente não tem um site que preste, por isso vai o Facebook mesmo – estuda uma espécie de serralha, em que os exemplares competem entre si. E você pensando que apenas animais saem na porrada.
Sim, queridos. "Andrea" não é só nome de mulher, principalmente em outros idiomas latinos fora o português. Aliás, é mais facilmente ser nome de homem. E sim, vocês podem ignorar este parágrafo.
A verdade que o pessoal que acha que a Natureza é lindinha, ética e com unicórnios dançando com fadinhas não quer ver é que há confronto físico direto, mesmo quando não há garras, dentes etc. nas plantas. No caso de algumas plantinhas, elas pode competir fisicamente para o acesso aos pontos de fixação no corpo dos polinizadores. Durante o trabalho de Cocucci, os pesquisadores analisaram os polinários e suas características.
Claro, você não está fazendo a menor ideia do que estou falando. Polinários são um conjunto de polínias. uma massa cerosa constituída por grãos de pólen e uma substância viscosa e transparente, presente nos estames de algumas flores, principalmente nas orquidáceas e asclepiadaceae, uma informação que poderá ser completada com uma profundidade imensa de detalhes se você for na primeira wikipédia à direita.
O que os pesquisadores fizeram foi ver como as plantas posicionam seus polinários para que estes tenham melhores chances de serem visitados por agentes polinizadores. A abelhinha Lili vem voando, Zum-Zum-Zum, de flor em flor, para pegar o néctar (que não tem nada a ver com o "néctar" vendido em caixinha no supermercado. Aquilo é suco, mesmo, mas colocaram "néctar" para você não perceber que 5 reais por uma caixa de suco de manga é absurdamente caro). A abelhinha Lili entra na flor, se emporcalha com o pólen e quando vai para outra florzinha queridinha, ela meio que estupra a coitada, engravidando-a com o pólen da outra florzona lá. E olhem que a florzinha não estava com roupa ousada nem estava em trem para ser encoxada.
As polínias observadas por tio Andrea (sim, eu sei que soa estranho. É o nome do cara. Pare de encher o saco!) estão equipados com estruturas semelhantes a "chifres" os quais parecem não ter nenhuma utilidade aparente, mas Andrea pensa que a Natureza não é tão displicente assim, e que estes "chifres" são usados para evitar que polinários de outros indivíduos fiquem ganhando maior espaço. A pesquisa foi publicada no periódico New Phytologist.
E essa, senhores, é uma mostra do que qualquer ser vivo é capaz de fazer para sair na frente para garantir seus descendentes. Nem que seja passar batonzinho ou ficar horas em academia puxando ferro.

