
A religião ajuda as pessoas a serem boas e éticas, dizem os religiosos. A fé, segundo esse pessoal, é um lindo manto espiritual sob o qual cabe de tudo: esperança, consolo… e, como se vê em ceeeeeeeeertas partes da Índia, abuso sexual e assassinato por encomenda. Algo meio que normal e contínuo no mundo religioso.
O que seria mais baseado na, digamos, “iluminação divina” como contratar dois pistoleiros para resolver um pequeno contratempo chamado “jornalista com senso moral”?
O caso aconteceu em Sitapur, uma cidade e um conselho municipal no distrito de Sitapur, que fica onde? Exatamente, no estado de Uttar Pradesh. O protagonista dessa epifania às avessas atende por Vikas Rathore, ou, como gostava de ser chamado quando estava mais inspirado, Shivanand. Um sacerdote. Sim, desses que rezam, orientam, acendem velas — e, aparentemente, mandam matar quem testemunha seus pecados fora do script.
O jornalista Raghvendra Bajpai, que infelizmente acreditava que o trabalho de jornalistas era trazer a verdade à tona e dava algum valor ao seu trabalho, teve o infortúnio de flagrar o distinti religioso fazendo coisas com um menor que poderíamos classificar coo… pouco religiosas. Ah, e isso dentro do templo. Com direito a véu de hipocrisia e trilha sonora de cantos sagrados, talvez.
Claro que Rathore, ao ser confrontado, fez o que todo bom personagem de tragédia moral faria: pediu desculpas, buscou redenção, entregou-se aos meganhas de Shiva? Não. Ele fez o óbvio: contratou dois conhecidos seus aos seus Nirmal Singh e Aslam Ghazium por 4 lakh de rúpias (ou 400 mil rúpias, o que dá cerca de 26.706,44 reais ou dois quilos de café e meia dúzia de ovos).
Só que Nirmal e Aslam, ambos moradores do distrito, se acharam espertos o suficiente em não serem diretamente implicados, e contrataram dois atiradores para o trabalho, e esses dois deram conta do serviço e Bajpai foi morto.
Segundo a turma do Sigham, os dois atiradores são “criminosos reincidentes”, e se o Barroso fosse juiz lá, a culpa seria da polícia, não do sistema judicial que solta assassinos profissionais.
Os meganhas de Shiva levaram Rathore para bater um papinho, e ele cantou feito um canário dizendo que, em um dia de fevereiro, Bajpai o viu abusando sexualmente do menor e o repreendeu pelo mesmo motivo. Por isso que Rathore mandou passar o cerol nele. Como lá não é aqui, Rathore está vendo Vishnu nascer quadrada, os pistoleiros picaram a mula e a investigação caminha. Lenta, como se tropeçasse em cada rosário de desculpas esfarrapadas.
No fim das contas, fica a lição: a fé pode mover montanhas ou apenas mover alguns bocados de terra para cobrir valas.
Mas a religião é que faz as pessoas éticas, gente.
Fonte: India Express

Às vezes o único motivo pra ser bom sendo religioso é o medo da ira de uma divindade e MESMO ASSIM ainda tem gente que nem assim consegue. Vai mal, muito mal.
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