
Cientistas gostam de examinar tudo, investigar tudo e apelam de vez em quando para o “e se…”, embora isso seja mais pro lado da Engenharia, que segue a diferença entre os dois campos. Ciência pergunta “por quê?”, enquanto engenharia pergunta “por que não?”. Então, alguns pesquisadores olham para algo na Natureza e se questionam “não seria maneiro se…?”. um exemplo disso é o grupo que reviveu um animal pré-histórico e quando deu sinal de vida todo mundo deve ter entrado na euforia da imagem que abre o artigo.
Tudo começa na Sibéria, há 46 mil anos. Joventina (é esse o nome que escolhi por motivos de sei lá) vinha alegre e saltitante, se é que poderíamos dizer que ela estava saltitante. Provavelmente, não, mas que fique como licença poética.
Joventina estava lá, dando o seu rolê até que entrou numa fria… literalmente. E ali ela ficou, por longos milênios até ser acordada de novo. Joventina é um nematódeo, um verme, você sabe, mas não fale assim com ela ou ela fica magoada, da mesma maneira que políticos ficam magoados se os chamarem de vermes. Joventina pelo menos não dá chilique nem te dá carteirada. Joventina é gente que faz!
De acordo com o dr. Philipp Schiffer, do Instituto de Zoologia da Faculdade de Matemática e Ciências Naturais, instalada na Universidade de Koln, em Colônia (Koln em alemão), Alemanha, nossa amiguinha nematoide sobreviveu após entrar em um estado de dormência conhecido como “criptobiose”, durante o qual o animal não come e não tem metabolismo. Não é bem uma hibernação, mas é mais hibernação que os desenhos da Hanna Barbera mostrando ursos hibernando, sendo que ursos não hibernam.
A Joventina foi encontrada a cerca de 130 metros de profundidade num permafrost dentro de uma toca esquecida pelo Tempo. Os pesquisadores carregaram o pedaço de sedimento congelado pro laboratório e puseram para descongelar, e qual não foi a surpresa que o nematódeo ressuscitado rastejou para fora e começou a… se reproduzir. Sim, isso parece enredo de algum filme de terror.
Nossos amiguinhos nematoides podem ser de dois tipos: monoicos e dioicos. O primeiro é hermafrodita, isto é, apresenta os dois sexos, mas o segundo apresenta um dos dois sexos, que foi o caso da Joventina, que estava carregando seus bebês nematoidinhos.
Infelizmente, Joventina não está mais entre nós. Ela subiu no telhado e virou estrelinha há 5 anos. O que estão estudando agora são seus filhotinhos, e eles são importantes para entender como animais podem viver em condições extremas, e como eles entram em criptobiose para garantir a perpetuação da espécie.
A pesquisa foi publicada no periódico PLOS Genetics

Um comentário em “Bichinho fofo foi descongelado e reviveu”