Índios detêm 1/4 dos territórios do planeta (e é tudo bem protegidinhos, diz cientista crédulo)

De uma maneira geral, as pessoas têm uma péssima ideia quando se envolve números muito grandes. Não importa sobre o que esteja se falando. Números são muito ardilosos, e quando se entra discursos de ordem política, econômica e/ou interesseira (o último e a soma de tudo), temos um caminho lindo para ludibriar pessoas. Um exemplo disso são as terras indígenas. Você pensa que, pela forma que as reportagens falam, os pobres índios estão em algum terreno com área semelhante a um bairro de cidade pequena. Bem, não é isso. Uma recente pesquisa mostra que povos indígenas têm direitos (totais!) de propriedade, de pelo menos um quarto da superfície terrestre do mundo. Não me parece pouco, parece?

Vamos falar por enquanto do Brasil. O Censo demográfico 2010 feito pelo IBGE contabilizou a população indígena com base nas pessoas que se declararam indígenas no quesito cor ou raça e para os residentes em Terras Indígenas que não se declararam, mas se consideraram indígenas (tipo, você não precisa ser indígena ou ter ancestrais indígenas. Basta você se considerar indígenas!).

Das 896 mil pessoas que se declaravam ou se consideravam indígenas, 572 mil ou 63,8%, viviam na área rural e 517 mil, ou 57,5%, moravam em Terras Indígenas oficialmente reconhecidas. Você ainda não se perguntou cadê o restante? Pois é. Este “restante” mora nas cidades grandes e estão muito bem, obrigado, gozando de proteção governamental.

Segundo a FUNAI, o Brasil tem atualmente 672 terras indígenas, 115 delas em estudo, isto é, ainda não foi definido o tamanho dessa área, que pode vir a ser demarcada a área total. Por enquanto, o dado oficial é que as 672 terras indígenas ocupam uma área de 1.098.781,47km2. Sabem qual é a área do Brasil? 8.515.767,049 km2. Sim, isso mesmo. A área indígena é de 12,9% de todo território brasileiro. Tem até mapa!

Tem certeza que índios têm pouca terra agora?

Mas e o restante do mundo? São 38 milhões km2 espalhados por 87 países ou áreas politicamente distintas que se sobrepõem a cerca de 40% de todas as áreas protegidas terrestres.

O dr. Stephen Garnett é pesquisador do Instituto de Pesquisa para o Meio Ambiente e Subsistência da Universidade Charles Darwin, na Austrália. Sua pesquisa relaciona áreas de proteção indígena com áreas mais protegidas. Uma das descobertas marcantes do estudo da legião de Capitães Óbvio foi que a extensão das terras com fortes conexões indígenas é pouco alterada pelo desenvolvimento.

DUHHHHH!! YOU DON’T SAY!!!

Em outras palavras, áreas decretadas sob proteção não possuem arranha-céus, metrô, Shopppings Centers, cinemas, salas de espetáculo etc. É tipo o Complexo da Maré, no Rio.

Já o professor James Watson, da Wildlife Conservation Society e da Universidade de Queensland, disse que aqueles jêneos descobriram que cerca de dois terços das terras indígenas são essencialmente naturais. E eu que pensei que tinham feito alguma COHAB! Elementar, não?

Claro, muita gente está de olho nas áreas indígenas, por causa das reservas de madeira nobre, minerais preciosos e semipreciosos e até mesmo tráfico de drogas. Entretanto, e isso a pesquisa do dr. Garnett não apontou, quem cuida disso são os próprios índios, como o Cacique Darlan Guajajara, líder de uma quadrilha de tráfico de drogas, que atualmente está vendo Anhanguera Nascer quadrado. Já alguns índios alugam suas terras para madeireiros desmatarem e retirarem madeira de forma ilegal. Alguns traficam pedras preciosas e outros estão participando de garimpo ilegal.

E depois Garnett, a Polyanna, acha que só tem indiozinho tipo Papa Capim, do Maurício de Souza, protegendo a Natureza. Todos sabem que índios nos EUA são os responsáveis por exploração de jogo, prostituição e tráfico de drogas em suas reservas. Mas é fácil não ver um Mega Shopping e achar que tudo ali está bem preservado. É um exercício de extrema pureza de coração achar que um quarto de toda área do planeta está lindamente conservada, com indiozinhos correndo pelados ao lado de Ewoks, unicórnios e os ursinhos carinhosos.

A pesquisa foi publicada na Nature Sustanintability

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