Ao longo dos anos, estamos ficando com menos pêlos (sim, com acento. dane-se o Acordo Ortográfico!). Se nossos ancestrais eram peludões, atualmente estamos com a pele quase à mostra, com algumas exceções, como os que têm hipertricose. Sabemos mais ou menos de onde vieram as diferenças de cor e textura do cabelo (se liso, encaracolado, pixaim etc), mas nada com estudos muito aprofundados. Ao menos, até agora.

Pesquisadores ingleses jogaram a cabeleira pra trás, afastaram a franja e amarraram tudo num rabo-de-cavalo para entender de onde veio isso tudo em nível genético.

O dr. Kaustubh Adhikari, além de ter um nome que não faz muito sucesso para quem está comendo farofa, é pesquisador do Departamento de Células e Biologia do Desenvolvimento, na Divisão  de Biociências que fica no Edifício Darwin da Universidade College de Londres. Ele resolveu estudar a hereditariedade e seus efeitos sobre o cabelo e o que causa a calvicie, identificando o gene responsável por deixar os cabelos grisalhos, entre outras ocorrências em nível "cabelístico". Claro, você mal continuará lendo a porcaria do artigo e começará a encher o saco com aquela palhaçada das pobres criancinhas famintas do Copacabana Palace. Bem, entenda logo de início que isso terá altas aplicações em termos de ciência forense.

E, sim. Cosméticos, também.

O dr. Adhikari estudou as informações genéticas mediante amostras de sangue e de cabelo de 6.630 pessoas no Brasil, Colômbia, Chile, México e Peru. O grupo apresentou uma mistureba genética que envolvia europeus, africanos e nativos norte-americana, o que garantiu muita informação e um belo quebra-cabeças para decifrar. Além disso, os pesquisadores se focaram nas características do cabelo dos participantes, como a sobrancelha, folículos e barba, bem como monocelhas (aquelas taturanas únicas no lugar das duas sobrancelhas), forma do cabelo e apresentação ou não de cabelos grisalhos. Em seguida, eles tabularam esses dados com padrões genéticos da análise das amostras de sangue.

Adhikari  e seus colaboradores descobriram que uma variação genética no gene chamado IRF4, parecia correlacionar-se com a taxa de cabelos grisalhos, ainda mais que este gene regula a melanina, nossa conhecida por dar cor à pele e aos olhos. Os pesquisadores também notaram que uma variação do FOXL2 estava ligado à sobrancelhas daquelas bem volumosas Padrão Gandalf de Qualidade, mas uma variação no gene PAX3 parecia ser a responsável pelas monocelhas, aquela coisa estranha em gente esquisita. Não fico legal com isso.

Acham que está bom? Então toma mais: Estudando a variação genética no EDAR Adhikari percebeu que fazia uma grande diferença no volume da barba, entre algo insosso e ralo para uma daquelas barbas cheias, irregulares e de respeito.

A pesquisa foi publicada no periódico Nature Communications e, claro, você irá querer ler tudinho. então aproveite que ele está abertinho e pronto para o seu acesso.