Já estamos carecas de saber que Evolução não existe, é apenas um boato, um constructo social. O problema é que sempre esquecem de avisar a Natureza desses pormenores. Um exemplo disso são os claros indícios ligando aves a dinossauros. Não que eu fique feliz. Eu sempre imaginei meus dinossauros como sendo os malvadões da História da Terra, com aqueles lagartos gigantescos dominando a paisagem. Então, tenho que conviver com o fato que a larga maioria era quase da altura do meu joelho, tinha penas e quase cacarejavam.

Agora, uma pesquisa faz um estudo reverso, analisando os dedos das patas dos dinos e comparando-os com os das aves.

O dr. João Francisco Botelho é brasileiro, não desiste mas picou a mula pra Universidade do Chile, mas depois de tirar seu pós-doutorado na Nova Zelândia, sobre anatomia de Hobbits ou coisa semelhante. Ele estuda várias coisas, pelo seu currículo, mas agora parece estar focado nas patas de dinossauros e aves, como a galinha da vizinha, digo, a galinha que sua vizinha tem em casa, digo, o galináceo cacarejante que sua vizinha cuida.

Se você alguma vez viu uma gal… um galináceo cacarejante, viu como eles se empoleiram. Aliás, isso pode ser visto em qualquer passarinho numa gaiola. Sim, eles possuem uma espécie de polegar opositor, o que ajuda a se agarrar no pau, digo, no poleiro. Mas nossos amigos dinos não possuíam este polegarzão amigo. Por isso que eles não trepavam em árvores, quer dizer… ah, você entendeu! Vemos, ao longo da história evolutiva, o metatarso das patas se distorcendo, de forma a dar no que hoje chamamos de polegar opositor, e isso podemos ver desde os embriões se formando e dando origem a uma nova ave.

Botelho decidiu, então, estudar os mecanismos subjacentes, analisando quando e como essa torção ocorreu, demonstrando que neste dedão do pé, genes de maturação de cartilagem foram expressos em um estágio muito mais tardio que o dos outros dedos, mantendo muitas células-tronco que se dividem rapidamente para um período muito mais longo. Tal cartilagem imatura é altamente plástica e facilmente transformada por atividade muscular e blábláblá…

A cartilagem lá no pé possuem células troncos, e sabemos que células-tronco podem se transformar em qualquer coisa (ou quase), sendo uma espécie de Mística Celular. O dedão vestigial tem muitas dessas células e a cartilagem ainda não formada totalmente. Sendo assim, mediante ativação certa, essa cartilagem é ativada e torcida pelos bilhões de anos de evolução biológica, se tornando aquele dedão opositor do seu periquito.

Este trabalho tinha sido publicado na Plos One e agora foi publicado na Nature, sim na íntegra. Divirtam-se.

Claro, essa pesquisa não procura provar que dinos são os tatatataravós das aves. Isso já é plenamente aceito (salvo se você for daqueles que acredita em cobras falantes). Esta pesquisa procura entender as mudanças morfológicas que aconteceram com o passar do tempo, pois não basta saber  o que aconteceu. Também é importante saber como.