Isso é bem pavloviano. Cientistas "adestram" essa gambiarra evolutiva que você tem dentro da cabeça de forma a ter respostas mediante estímulos. Claro, isso não é novidade. Também não é novidade aquela receita milagrosa (e enganadora) que você pode aprender conteúdos durante o sono. Bem, colocar a sua avó recitando Cícero e seu De Profvndis Clamavi ad Te, Domine (sim, eu sei) enquanto você dorme não o fará saber de cor os Lusíadas. Mas segundo uma pesquisa, seu cérebro pode aprender a "responder" de certas maneiras quando estimulado durante o sono.
Anat Arzi e Ilana Hairston não são uma dupla feminina de duas mulheres que cantam sertanejo universitário. Elas preferem a música da Ciência (vai, diz se isso não ficou bonito!). Anat é doutoranda do Departamento de Neurobiologia do Instituto de Ciência Weizzman. Já Ilana trabalha no Departamento de Ciências Comportamentais da Academic College of Tel Aviv Yaffo.
As duas moçoilas acima, longe de engrossarem as fileiras do exército de Israel (sim, mulher vai pra guerra lá, o que reforça a opinião do meu pai que não é boa ideia dar uma arma carregada a uma mulher, já que na reversal feminina o alvo é VOCÊ!), pesquisam sobre como o cérebro funciona quando você está dormindo. Na pesquisa chefiada pelo dr. Noam Sobel, do laboratório do Grupo de Pesquisa Olfatória da Weizmann (que é outro tipo de Mossad).
No experimento conduzido pelo grupo, os pesquisadores separaram os dorminhocos voluntários em dois grupos. Em um deles, os cientistas aspergiam perfumes agradáveis e desagradáveis – ambos segundo as leis cashrut. Obviamente, com algo cheiroso as narinas se dilatavam mais e os voluntários inspiravam o ar profundamente. Bacon não entrou na equação por motivos óbvios.
A seguir, os filhos de Abraão começaram a associar sons específicos a aromas específicos. O equivalente de tocar uma sineta quando você vai servir o almoço, com a vantagem de ninguém babar pela orelha. O efeito, entretanto, foi praticamente o mesmo. Assim que se tocava um som associado a um perfume, mas sem aspergir o referido aroma, os cientistas verificaram que as pessoas inalavam o ar mais profundamente, demonstrando a associação entre som/aroma. Quando o som tocado era associado com cheiros desagradáveis, a cobaia, digo, voluntário meio que prendia a respiração. A pesquisa foi publicada no periódico Nature Neuroscience.
O experimento não comprova, contudo, aquelas "téquinicas" em que se coloca um gravador debaixo do travesseiro do sonecão com conteúdo gravado para assimilação. Isso só funcionou mais ou menos direito nos filmes do Demolidor Stalloniano e no Tio do Macaco. No primeiro, o máximo que o tira João conseguiu foi aprender a tricotar e no segundo, o mané que ficou dormindo com o gravador reproduzindo a voz da garota recitando a matéria para a chamada oral acabou falando todo o conteúdo com a voz da referida garota (cena muito engraçada, por sinal). Enquanto isso, eu estou aqui pensando como em nome de Hades eu me lembrei de um filme da década de 1960, cuja cena nem tá no YouTube! Devem ter aspergido algum perfume na minha cara quando eu estava dormindo…
Quando li o título fiquei alegre. Pensei que a hipnopedia de Admirável mundo novo estava entre nós. Iria torturar meio mundo perguntando sobre o rio Nilo :twisted:
Mas mesmo assim interessante.
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