Cientistas instalam botão liga-desliga em neurônios de ratos

Os perversos cientistas da Scripps Research Institute resolveram ter a audácia de entender como se forma (e é armazenada) a memória. Para tanto, eles conseguiram meio que "laçar" alguns neurônios dos cérebros de camundongos. A meta é que isso ajude a entender como as memórias se formam e são trabalhadas pelo cérebro, o que poderia ajudar humanos com doenças degenerativas e até mesmo com transtorno de estresse pós-traumático.

O dr. Mark Mayford é professor associado do Departamento de Biologia Celular da Scripps, e liderou a pesquisa que visa entender partes ainda não entendidas de nosso cérebro, esse incompreendido. A referida pesquisa se propõe a entender melhor como é a formação das memórias e o desencadeamento de certos comportamentos. Mas o que isso significa?

O cérebro processa as informações. TUDO é informação para o cérebro. Desde o ranger do seu sapato no chão, até um parágrafo de um livro que você estiver lendo. Para o cérebro, não há uma hierarquia imediata para determinar quais as informações são realmente necessárias e quais não são. Isso é demonstrado pelo monte de nulidades que você consegue se lembrar, mas tem que puxar pela memória sobre um tema importante.

Sim, o cérebro é tosco e nos faz passar vergonha, às vezes. Eu me lembro de um amigo me apresentar umas suecas (não, elas não são todas como o imaginário faz crer) e o imbecil aqui não se lembrava da maldita capital da Suécia, mas era capaz de citar a fala de um filme. Moral da história, elas devem ter me achado muito bom em termos de cinema mas um completo ignorante em Geografia. E de raiva eu fiquei a noite toda decorando que a capital da Suécia é Montevidéu, só para não passar vergonha de novo!

Há muito tempo se sabe que estimular várias regiões do cérebro pode desencadear comportamentos e até mesmo memórias, ainda que falsas. A questão é: por que isso ocorre? O que estes estímulos fazem em termos de neuroquímica? Entendendo este processo, poderemos trabalhar melhor em termos de melhoria de memória e tratar pacientes com lesões cerebrais ou mesmo melhorar o aprendizado.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas como estudar isso? É preciso que tenhamos um cérebro disponível. À boca pequena comentou-se que os pesquisadores tentaram ver nas redes sociais se tinha alguma cobaia, mas eles só viram cérebros mortos… todo o tempo. Então partiram para seres superiores (não, planárias não foram usadas, pois apesar de serem superiores, não possuem cérebro); dessa forma, os pesquisadores usaram camundongos.

Como usar eletrochoque não é algo muito bem aceito ultimamente, preferiu-se usar manipulação genética, inserindo dois genes nos orelhudos. Um gene é responsável por produzir receptores que poderão ser usados como uma forma de interruptor químico, a fim de ativar um neurônio. Este gene atuará sobre um outro gene que atuará em neurônios ativos, tais como aqueles envolvidos em uma determinada memória que se forma, por exemplo. Em outras palavras, esta técnica permite que os pesquisadores usem uma forma de interruptores em nível químico apenas para neurônios envolvidos na formação de memórias específicas.

A equipe do dr. Maylord descobriu que os filhotes de Mickey se comportavam como se estivessem formando uma espécie de "memória híbrida", onde a memória era formada com E sem a atuação do gene, o que soa um tanto bizarro, mas que implica que as atividades dos neurônios são devidos a informações previamente armazenadas, e usadas juntamente com memórias recém-criadas. A pesquisa foi publicada no periódico Science.

A pesquisa ainda está no início, mas ao entender como são os processos envolvidos, os cientistas estarão mais aptos a direcionar sua pesquisa e analisar alternativas para tratamentos de algumas doenças mentais, como esquizofrenia e transtorno de estresse pós-traumático, por exemplo, onde os pacientes produzem falsas percepções e/ou medos incapacitantes. Ao se "desligar" os neurônios responsáveis por estas lembranças falsas (ou não tão falsas assim), será mais fácil para estes pacientes ter uma vida melhor, o que não implica, é claro, em algo como:

10 comentários em “Cientistas instalam botão liga-desliga em neurônios de ratos

  1. Muito bom texto… principalmente no que diz respeito a capital da Suécia( :lol: )… mas se a pesquisa está só no início imagine daqui algum tempo… eles deixarão a ficção de lado e poderão transformar soldados sem medo de enfrentar um inimigo, apenas “desligando” esse interruptor!!! Eu preferia que eles fizessem algo similar para “desligar” a fobia da ida anual ao dentista!!!!

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      1. @André, Mesmo fazendo uso diário do fio dental ( coisa que faço ) é de bom alvitre, pelo menos, uma vez ao ano, ir ao dentista!! Deixa de ser mão de vaca, André… o dentista também tem família pra sustentar!!!!

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          1. @André, Entre os Dentes, entre os dentes…heheheheh ( aliás quem mora perto da praia é você, grande Rio de janeiro… aí sim, tem muiiito fio dental )

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  2. Quer ver teu cérebro e outros) te trollar espera uma moça que não é sua namorada ( e gostosa óbvio) sentar no seu colo. Segunda trollagem do André detectada, a 1ª que eu percebi (sim, eu sou bem burro) foi a do tablóide negro ao invés de um Estudo em Vermelho. Ótimo post

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  3. O cérebro nos faz esquecer das coisas importantes e relembrar de situações traumatizantes. Tem órgão mais traiçoeiro do que esse? Impossível! Essa pesquisa pode ser bem conveniente especialmente quem tem algumas experiências traumáticas como eu (não perguntem!).

    PS: pô, André! Qualquer estudante do ensino fundamental sabe que a capital da Suécia é La Paz!

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