A resposta, como na maioria dos grandes mistérios da humanidade (ok, não é um graaaaaaaande mistério, mas é interessante saber), a Lua sempre nos fascinou; e uma das coisas fantásticas sobre ela é o fato dela parecer maior quanto está próxima ao horizonte do que quanto está no zênite, isto é, bem acima de nós. Este é o primeiro de vários artigos explicando coisas simples, curiosidades que envolvam a ciência, perguntas que quando somos crianças não temos medo de fazer, mas quando adultos ficamos com vergonha, pois seria (em princípio) algo que as pessoas pensam que todos deveriam conhecer. Esta é a série “O Livro dos Por quês”.

Assim, vamos nos perguntar: Por que, diabos, a Lua parece ser maior quanto está próxima ao horizonte, quando está “nascendo”? Eu responderia “Efeito Denorex” (parece, só parece, mas não é). A bem da verdade, não é só com ela que isso acontece. Acontece também com o Sol, nosso amigo Sol. Se bem que não é só com a Lua e o Sol que tal coisa acontece, mas TUDO que observamos nessas condições terá seu tamanho aparente maior do que se estivesse acima de nós.

A verdade é que isso não passa de um engôdo que nosso cérebro idiota apronta para nós. Tudo não passa de uma simples ilusão de óptica! Ou você achou mesmo que a Lua aumentava e diminuía de tamanho ao longo da noite?

O responsável pela “zica mental” é o chamado Efeito Ponzo. Esta ilusão é causada quando colocamos duas linhas (ou corpos ou qualquer coisa) de mesmo tamanho em meio a duas linhas retas em perspectivas. A reta, imagem etc parecerá maior na região onde as retas em perspectivas (que doravante chamaremos de “trilhos” para facilitar, devido a inferências óbvias) parecem se aproximar uma da outra. Na ilustração ao lado, vemos um exemplo, onde duas linhas amarelas parecem ter diferentes tamanhos, mas linhas verticais demonstram que não, elas realmente possuem o mesmo tamanho.

Basicamente, a ilusão é criada devido aos objetos circundantes, os quais conferem um sistema de referência errôneo, tapeando nossos olhos. Assim, como o trecho do trilho na parte de baixo , mostram-se mais afastados, a linha amarela parece menor. Em compensação, no trecho do trilho na parte superior a reta amarela parece ser maior, já que o trecho está afunilando, mostrando-se menor.

O que acontece com a Lua é exatamente a mesma coisa. Quando ela está próxima ao horizonte, ela está com muitos pontos referenciais, como casas, prédios, árvores etc (veja ilustração que abre o artigo). Em contraposição, quando ela está no zênite, ela não conta com nenhum ponto de referência circundante, no máximo estrelas que, visualmente, não passam de pequenos pontos brilhantes no céu. Dessa forma, nossa mente “perfeitamente desenhada” tem um curto, pois acha que tudo que está mais alto tem que estar necessariamente mais longe, isto é, pensamos com nossas opiniões e não analisando fatos.

Se fôssemos analisar sensatamente, ao olharmos para o firmamento, diríamos que a abóboda celeste (sempre gostei desta expressão) é um hemisfério, uma metade de uma esfera. Mas o que o nosso cérebro percebe é que ele tem forma de tigela invertida, onde o topo está mais achatado e o horizonte está mais afastado. O diagrama abaixo demonstra isso:

Assim, vemos que o que muda é apenas o tamanho aparente, o modo como os corpos aparecem aos nossos olhos, mostrando o quanto nosso cérebro é facilmente enganado por nós mesmos, onde nosso senso comum é mais um empecilho de vermos a verdade. Mas isso não impede que apreciemos a beleza do surgimento de nosso satélite natural ao aparecer no horizonte, muito perto de nós. Tão perto quanto 380 mil quilômetros pode nos parecer…