Antes que vocês pensem besteira, o artigo não tem nada a ver com artigos de sex-shop. Pesquisadores brasileiros desenvolveram películas comestíveis que prometem conservar melhor alimentos frescos, protegendo-os da ação de microrganismos por mais tempo. Produzidas em forma de filmes, essas embalagens comestíveis são uma espécie de plástico natural que retarda a perda de água dos alimentos e as trocas gasosas entre o alimento em questão e o ambiente, dobrando o tempo de vida do produto.

Pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical em Fortaleza, Ceará – em parceria com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) – desenvolvem filmes feitos com purês de frutas para aplicação nesse tipo de alimento. Esses materiais são quase transparentes e podem ter sabor e aroma idênticos ao da fruta com que são feitos. Enquanto isso, pesquisadores da Embrapa Instrumentação Agropecuária de São Carlos, São Paulo, desenvolvem filmes à base de proteínas do milho e quitosana, polissacarídeo extraído da casca dos crustáceos que, além de prolongar a vida do alimento, tem ação antibacteriana e fungicida.

Na imagem ao lado, podemos ver duas maçãs, uma embalçada com o filme feito de quitosana e outra sem. Note que a de cima está muito melhor conservada. A coloração mais escura é devido à reação dos íons Ferro II, que se oxidam, tornando-se Ferro III (oxidação = perda de elétrons e não necessariamente “produzir” ferrugem). Clique para ampliar.Para a aplicação do filme, o alimento é banhado em uma solução que depois de seca vira uma película de espessura finíssima, em torno de 0,1 mm. Essa cobertura age como uma barreira que retarda a oxidação e a perda de umidade do alimento.

Além de aumentar a estabilidade dos alimentos, bem como a integridade estrutural, tal processo ainda pode deixá-los mais atraentes, pois (como disse acima) a maçã, por exemplo, tem a tendência de escurecer ao ser exposta ao ar. Não que isso seja sinal de apodrecimento, apenas uma questão de reações químicas. Mas, para as pessoas, isso poderia evidenciar que a fruta estaria estragada.

Tais filmes comestíveis já são bastante usados em países como Japão, Canadá, Estados Unidos e Alemanha. Mas, no Brasil, ainda não chegaram ao comércio, pois, apesar da já possuirmos tecnologia, ela ainda é cara.

Um outro ponto positivo para o uso desse sistema de embalagem é a diminuição do uso de filmes plásticos que se usam atualmente, como o polipropileno ou o PVC. Dessa forma, o uso das embalagens comestíveis diminuiria o impacto ambiental causado pela enorme quantidade de plásticos que são jogados fora.

Só fico me perguntando que outras coisas poderiam ser embaladas com esse novo sistema.

Fonte: Ciência Hoje