Risco de aquecimento global é ‘ainda mais alto’

Por Richard Black

As temperaturas globais devem aumentar mais no futuro do que mostravam estudos anteriores, segundo uma nova pesquisa de cientistas europeus e americanos a ser publicada pela revista especializada Geophysical Research Letters. Tanto os europeus como os americanos concluíram que as estimativas atuais do aquecimento no futuro podem ser até 75% mais baixas do que a realidade.

Os cientistas dizem que as estimativas correntes não levam em conta o aumento da emissão de gases causadores do efeito estufa em determinados ecossistemas por causa do aumento de temperaturas. O estudo contesta o consenso adotado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC na sigla em inglês), o orgão global que coleta e analisa a ciência do clima.

Sensibilidade climática

O IPCC prevê que a temperatura média global deve aumentar entre 1,5 ºC e 4,5 ºC se as atividades humanas duplicaram as emissões de dióxido de carbono na atmosfera.

Esta previsão, conhecida como sensibilidade climática, é resultado de uma combinação de dois fatores: o impacto direto do aumento das emissões de CO2 no efeito estufa, e vários mecanismos de retroalimentação que aumentam o ritmo do aquecimento, como as mudanças provocadas pela ação do reflexo do Sol sobre a Terra, ligados ao derretimento de geleiras, por exemplo.

Essa nova pesquisa acrescenta um terceiro componente, calculando a provável contribuição do dióxido de carbono liberado de ecossistemas naturais, como o solo, com o aumento das temperaturas. Somada ao CO2 produzido pelas atividades humanas, esta liberação aumentaria ainda mais a temperatura.

Para calcular este “aquecimento extra”, os dois grupos de cientistas analisaram dados históricos do clima da Terra. Regularmente, períodos de temperaturas relativamente altas produziram aumento de concentração de CO2 na atmosfera, que caíram depois, com a diminuição das temperaturas.

A teoria é que com esses momentos de aquecimento, ecossistemas como o solo, as florestas e os oceanos retenham menos CO2. Como a superfície da Terra está se aquecendo de novo, o processo pode se repetir, com temperaturas mais altas voltando a causar uma emissão maior de dióxido de carbono na atmosfera pelos ecossistemas, que se somaria ao gás produzido por atividades humanas como casas, fábricas e veículos.

História

Para calcular a relação entre o aumento da temperatura e a emissão dos gases, os cientistas americanos examinaram um período de 400 mil anos, analisando dados da geleira de Vostok, na Antártica. Os europeus, por sua vez, analisaram um período bem menor, a “Curta Era do Gelo”, em meados do milênio passado, quando o hemisfério norte passou por temperaturas relativamente baixas.

“Um grupo analisou períodos longos, com períodos glaciais e interglaciais, para entender esta relação entre o clima e o carbono”, explicou John Harte, da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

“Os europeus analisaram um período muito mais moderno, e também usaram métodos de análise diferentes”, disse ele. O grupo europeu calcula que o aumento das temperaturas no futuro foram subestimadas e elas podem chegar a ser entre 15% e 78% mais altas. A equipe americana apresentou o resultado de modo diferente, fornecendo uma sensibilidade climática entre 1,6 ºC e 6,0 ºC

“Nós não encontramos respostas muito diferentes”, disse o professor Harte. “E o estudo de períodos diferentes ajuda bastante, porque agora sabemos que os resultados são mais confiáveis.”

Questões futuras

As duas equipes de cientistas, no entanto, admitem que o trabalho não é tão preciso quanto eles gostariam e que ainda há incertezas. Uma questão em particular é se o passado reflete o futuro de modo preciso. Será que, por exemplo, as florestas e o solo se comportam hoje, em uma era de vasto deflorestamento e amplo uso de fertilizantes, do mesmo modo que se comportavam há 100 mil anos, ou mesmo há mil anos?

Isso ainda não foi provado; e céticos em relação a mudanças climáticas vão, sem dúvida, usar isso como evidência de que a nova pesquisa contém falhas, mas eles deverão admitir que ela é baseada em dados reais, e não nos modelos de computador, normalmente criticados.

Os pesquisadores contra-argumentam que ainda não encontraram razões para acreditar que o processo de retroalimentação dos ecossistemas seja diferente no futuro. E mesmo que haja diferenças, dizem eles, a retroalimentação pode tanto ser mais fraca quanto mais intensa.

“Na verdade, fomos conservadores em vários pontos”, disse Marten Scheffer, da Universidade de Wageningen, da Holanda, o líder dos pesquisadores europeus.
“Por exemplo, não levamos em consideração a influência do metano no efeito estufa, que também aumenta em períodos mais quentes.”

Atualmente, o IPCC está revendo seu último grande estudo, o Quarto Relatório de Avaliação, que será liberado no ano que vem.

Fonte: BBC Brasil

Um comentário em “Risco de aquecimento global é ‘ainda mais alto’

  1. – Encontrei uma citação de um artigo interessante:

    Há aqueles que são ainda mais céticos nessa questão. Christopher Monckton escreveu um artigo intitulado “Caos climático? Não acredite” no jornal britânico The Sunday Telegraph em que começou sugerindo que “o pânico provocado em torno das mudanças climáticas é menos relacionado com a intenção de salvar o planeta do que com a ‘criação de um governo mundial’, conforme a preocupante afirmação de Jacques Chirac”.
    Ele apresenta evidências, mostrando como a ONU falsificou informações acerca do problema através da sua agência, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (PIMC). Monckton cita David Deming, um geocientista da Universidade de Oklahoma (EUA), que escreveu um artigo avaliando as temperaturas na América do Norte através de dados de perfurações. Isso lhe deu credibilidade com o PIMC, que lhe pediu que participasse de suas pesquisas. Deming afirma: “Eles pensaram que eu era um deles, alguém que iria perverter a ciência a serviço de causas sociais ou políticas. Um deles abaixou a guarda: um destacado pesquisador na área do aquecimento global enviou-me um surpreendente e-mail, que dizia: ‘temos que nos livrar do período de calor da Idade Média”’.
    O período de calor da Idade Média é um fato bem documentado da história, mostrando que na época as temperaturas eram em torno de 3°C mais elevadas do que atualmente. De acordo com o artigo de Monckton:
    Então não havia geleiras nos Andes ; hoje elas existem. Havia fazendas dos vikings na Groenlândia; hoje elas estão cobertas de gelo permanente. Havia pouco gelo no Polo Norte, uma esquadra chinesa circunavegou o Ártico em 1421 e não o encontrou. Dados de 6.000 perfurações em todo o mundo indicam que as temperaturas globais eram mais elevadas na Idade Média do que agora.
    Após esse período, as temperaturas caíram bem abaixo dos níveis atuais. Nos séculos XVII e XVIII ocorreu a “Pequena Era do Gelo”, quando o Tâmisa, junto à ponte de Londres, congelou de maneira tão sólida que uma Feira de Inverno foi realizada em 1607 com um conjunto de tendas sobre o próprio rio, oferecendo uma série de diversões, inclusive boliche sobre o gelo.
    O relatório original do PIMC, publicado em 1996, apresentava um gráfico dos últimos mil anos, mostrando corretamente que as temperaturas na Idade Média tinham sidos mais altas que as atuais. Mas o relatório de 2001 continha um novo gráfico sem qualquer indicação de um período de calor medieval, indicando temperaturas uniformes até o começo da Era Industrial. Esse gráfico mostrava incorretamente que o século XX foi o mais quente dos últimos mil anos. Essa informação mostra que a história está sendo deliberadamente falsificada por uma agência da ONU.

    – Sobre o texto acima, como a ONU pode mostrar dois gráficos, um com o período de calor medieval, e outro omitindo-o, e a imprensa ficar quieta? É muita safadeza, não só da ONU, como também da maior parte da grande imprensa.

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